Na antevisão ao jogo com o FC Porto, que se realiza no domingo [15:30h] no Dragão, José Mota aponta a dificuldades perante um adversário que manteve o ADN mesmo com a mudança de treinador e não mostrou preocupação com o seu futuro no comando do Farense, face à onda de resultados negativos – quatro derrotas em quatro jogos – neste início de campeonato. O treinador admitiu ainda mudar o sistema de jogo no Dragão. Fique com tudo o que disse o treinador do Farense na antevisão ao encontro.
- Uma 1.ª parte do campeonato da época passada muito boa, esta época o oposto. Quais são as principais falhas para estes resultados?
«Sabemos os resultados que temos obtido, ainda não temos pontos, não era isso que pretendíamos e estamos conscientes dessas dificuldades. Internamente temos que saber o temos que mudar e fazer para que os resultados apareçam. Poderia estar a enumerar uma série de situações, mas não o farei, porque nunca me justifiquei com situações que por vezes acontecem. Gosto, sim, de perceber que temos muito para evoluir e trabalhar, temos todos que perceber e saber o que é o Farense. E dentro dessa realidade, estou convencido que no futuro vamos ter boas prestações. É claro, em jeito de comparação, à 4.ª jornada na época passada tínhamos três pontos e à 8.ª tínhamos sete, eu sei perfeitamente que temos que começar a pontuar, temos que começar a ganhar jogos, para estarmos todos mais tranquilos e mais conscientes e também mais realizados, porque acho que só assim é que nos sentimos bem e os atletas também terem mais confiança, mais determinação e mais alegria em todos os aspetos, porque só ganhando é que o grupo se vai valorizar. Só ganhando e pontuando é que os jogadores têm confiança e sei perfeitamente que isso vai acontecer. E também sinto que este grupo de trabalho vai dar muitas alegrias aos adeptos do Farense»
- Como é que o grupo tem reagido a este momento negativo, nestas duas semanas de paragem do campeonato?
«O treinador e os jogadores têm que fazer tudo para perceber o momento em que estamos. Não é aquilo que nós pretendemos, como é óbvio, e depois fazermos tudo para darmos a volta. Não é um momento de alarmar, atenção. Vocês, muitas vezes, falam que tem quatro derrotas. Sim, ok, temos quatro derrotas. E como temos consciência destes resultados, sabemos que estamos numa onda negativa, mas também percebemos e temos que ter consciência de que temos que evoluir, temos que melhorar, que ganhar jogos e tudo faremos para que tal aconteça. Portanto, é uma onda negativa que todas as equipas passam. Vocês e eu que andamos no futebol há muitos anos, sabemos que todas as equipas durante o campeonato, têm ondas negativas, têm fases menos boas. Nós estamos a passar a nossa fase, queremos é ultrapassá-la rapidamente. Temos consciência e temos capacidade para a ultrapassar. E, portanto, tudo faremos para que as coisas melhorem em todos os aspetos e sermos cada vez mais fortes»
- Este jogo frente ao FC Porto tem uma importância para o seu futuro e para o do Farense?
«O meu futuro é hoje. Estas coisas não... Eu acho que às vezes fazem perguntas que realmente não devem ser feitas. Ou pelo menos nesses termos. Eu nunca estive agarrado a lugar nenhum. Se pensam que é com quatro resultados negativos que as coisas acontecem... Eu não penso dessa forma. Penso em trabalhar todos os dias, em ter a dignidade que sempre tive, em ter a confiança sempre do grupo de trabalho e da direção. Gosto do Farense e sempre me respeitaram. Às vezes vocês têm uma tendência de frisar certos pontos que, para mim, que já tenho tantos anos desta vida, não têm grande significado. O que eu penso é que realmente nós vamos defrontar um adversário com um grande poder, um adversário muito irreverente, com muitos valores jovens, mas de grande qualidade. E vai ser, com certeza, um jogo extremamente difícil, em que nós, da forma como temos trabalhado, temos que perceber não só o valor do adversário, mas também entendermos aquilo que nós podemos fazer. E isso é o mais importante e acho pela aplicação e também pela confiança dos jogadores, pelo que fizeram, estas duas semanas foram muito positivas, de uma entrega total. E quando se fazem treinos desta maneira, é claro que o treinador acaba por ter confiança cada vez mais neste grupo de trabalho e isso para mim é que é o mais importante, não é a questão de ter mais um resultado negativo, ou menos um resultado positivo, que faz com que eu perca a confiança neste grupo de trabalho. Não, pelo contrário. E eu sei, e torno aqui a frisar, que este grupo de trabalho vai dar grandes alegrias a todos os farenses, estou extremamente confiante neles. Mas agora, principalmente, temos que ultrapassar esta fase menos boa»
- O FC Porto tem um novo treinador, o Vítor Bruno, depois de alguns anos com o Sérgio Conceição. Mudou muito?
«Tem o ADN do FC Porto: é uma equipa muito agressiva, com jovens jogadores, muitos deles a fazerem a sua estreia na Liga. Sabemos que quando vestem aquela camisola, é para transpirar até ao limite. E eu sei perfeitamente que vai ser um jogo com uma grande intensidade. É um FC Porto sempre muito forte, não só na recuperação de bola, como também na capacidade de pressão. E nós temos que ser muito inteligentes, se possível tranquilos e confiantes, para quando tivermos bola, retirá-la de zonas onde possam ter muitos jogadores do FC Porto. Portanto, o FC Porto é uma grande equipa, joga no seu estádio, tem, como disse, aquela irreverência que é importante, nomeadamente nas equipas grandes, tem excelentes jogadores. E sei perfeitamente que vai ser um jogo extremamente difícil, onde nós temos que não só olhar para o adversário, mas olhar muito para nós e percebermos aquilo que podemos fazer, e vamos com certeza fazer, para desequilibrar muitas vezes a forma como o FC Porto pressiona, a forma como quer conseguir rapidamente a posse de bola. Se o conseguirmos, poderemos tornar o jogo, não será nunca fácil, mas teremos as nossas fases que queremos que sejam positivas. Tem que ser um jogo de grande concentração em todos os aspetos, ao nível das bolas paradas, como é óbvio, um FC Porto muito forte, e se fizermos tudo isso, com certeza que enervamos o adversário e que terá também alguns problemas, também pela sua juventude. Se não conseguirmos retirar a bola de zonas de grande pressão do FC Porto, se jogarmos demasiado pé para pé, vamos ter muitas dificuldades e vamos deixar que o FC Porto domine o jogo»
- Admite mudar o sistema?
«Tudo é possível. Andamos no futebol e, como eu disse, chegaram muitos jogadores. Temos que olhar muito para as características do plantel e dos jogadores que tenho e, portanto, adaptar-me um pouco, exatamente, a eles e às suas características»
- Tem um plantel muito renovado, muitas contratações novas. Tem confiança nestas novas contratações?
«Sim, claro que sim. Foram 18 atletas que chegaram, sei que perdemos muita gente importante das épocas transatas. Gente importante em todos os aspetos, e isso muitas vezes não é fácil de colmatar, não é fácil logo de sermos organizados, dar logo uma estabilidade a jogadores que vieram, praticamente, de todos os cantos do mundo. Agora, nós temos é que os adaptar rapidamente. É claro que quando os resultados são favoráveis, acaba sempre por ser uma adaptação mais fácil, o jogador adquire mais confiança, tudo isso. Quando os resultados não são aqueles que pretendemos, é claro que permanece muitas das vezes a dúvida no próprio atleta e eu não quero que isso aconteça. Eu sei que este plantel tem qualidade, eu sei que até ao fecho das inscrições ainda me chegaram mais três jogadores, que ainda não sabiam onde é que era Faro, e tudo isso faz com que os atletas ainda não estejam com aquele conhecimento desejável para um campeonato. Mas, como eu disse, eu não gosto muito de me lamentar e, afinal, estou a fazê-lo. Tenho é que olhar para um grupo e perceber que é um grupo que me dá extremamente confiança para o futuro»
-Mehdi Merghem pode ocupar o papel de Belloumi no Farense?
«Vamos procurar que tal aconteça. São atletas que eu não conheço em termos de jogo. Vou ver o que é que realmente podem fazer. A certeza que tenho é que se jogar irá dar o máximo e, portanto, é isto que nós pretendemos, é que eles rapidamente se adaptem, em primeiro lugar à nossa forma de jogar, ao nosso modelo de jogo, e em segundo, que rapidamente também tenham conhecimento dos próprios colegas, da forma como eles jogam. Nós temos passado muita documentação ao nível de jogo e tudo para que eles se identifiquem o mais rapidamente possível, mas sabemos perfeitamente que isto é sempre difícil. Nós, pela experiência que temos, sabemos que o melhor para uma equipa e para um grupo de trabalho é o entrosamento, o conhecimento que têm uns dos outros. Estamos a começar a tentar que o façam rapidamente, mas nem sempre é fácil. Mas penso que todos eles têm tido um comportamento muito bom e têm trabalhado muito para que rapidamente haja esse entrosamento que nós desejamos»