Nove épocas no Liverpool esgotaram a energia de Jürgen Klopp. Quando decidiu abandonar o clube, as reservas estavam em baixo. Não demorou muito a carregá-las. Cinco meses depois do último jogo, sabe-se já que o alemão vai voltar ao ativo no início de 2025, mas não como treinador.
Não costumam existir muitos técnicos do nível de Klopp livres no mercado. Por isso, sempre que, nos últimos tempos, uma equipa sonante desgastava a relação com o seu treinador, existia sempre um candidato natural à vaga. Durante o período sabático, Klopp permaneceu imperturbável. Regressou a Anfield para assistir a um concerto de Taylor Swift e, desprendido de responsabilidades, não se afastou do contexto desportivo. Só agora foram anunciadas as suas futuras incumbências.
Jürgen Klopp vai ser o novo diretor geral de futebol da Red Bull. “O meu papel pode ter mudado, mas a minha paixão pelo futebol e pelas pessoas que fazem o jogo ser o que ele é não mudou”, assumiu no anúncio oficial. Se de lidar com um clube resultam dilemas, por vezes intoleráveis, acompanhar vários ao mesmo tempo é um acréscimo substancial de desafios.
Sob a alçada da marca de bebidas energéticas estão emblemas como o RB Leipzig, o New York Red Bulls, o Red Bull Bragantino (de Pedro Caixinha) e o Red Bull Salzburg. Pretende-se que a ação de Klopp incida sobre todos eles, sendo que tal não implica um trabalho imersivo, de acompanhamento diário de cada um. O objetivo é que o normal one forneça a “visão estratégica” aos diretores desportivos de cada clube e apoie “as operações de scouting” e contribua para o “desenvolvimento de treinadores”, explicou a empresa.
Após a separação no final da última época, Vítor Matos, português que fez parte da equipa técnica do Liverpool, vai voltar a estar sob a alçada de Klopp. O agora treinador-adjunto do Red Bull Salzburg elogiou, em entrevista à Tribuna Expresso, a “visão” do agora diretor geral do grupo ao qual pertence o clube austríaco.
Ainda durante o período em que esteve à frente do Liverpool, Jürgen Klopp elogiou o “projeto interessante” que a Red Bul estava a desenvolver. “A filosofia de jogo deles não está longe da nossa”, referiu em julho de 2022.
Talvez aí esteja a razão pela qual várias vezes os ingleses apostaram na contratação de jogadores das equipas do grupo. Sadio Mané, um dos principais rostos do Liverpool de Klopp, embora tenha chegado proveniente do Southampton, esteve dois anos no Red Bull Salzburg, onde foi orientado por Roger Schmidt. Naby Keïta, uma das contratações mais caras da era Klopp (€60 milhões), foi recrutado ao RB Leipzig. Mais recentemente, os reds voltaram a depositar dinheiro (€70 milhões) na conta do clube alemão para ficarem com Dominik Szoboszlai.
Oliver Mintzlaff, o CEO de Projetos Corporativos e Investimentos da Red Bull, vê Klopp como uma “contratação extraordinária e certamente a mais forte na história do futebol da Red Bull”. Entusiasmo não falta, mas as novas funções não o impedem de regressar aos bancos. No contrato de longa duração, existirá uma salvaguarda que permite ao novo diretor geral de futebol da Red Bull deixar as funções no grupo caso exista a possibilidade de se tornar selecionador alemão. Veremos quanto tempo aguenta sem respirar longe da linha lateral.