O Estrela da Amadora iniciou a sua semana de trabalho sem contar com os seus elementos convocados para as diversas seleções nacionais: Jovane Cabral rumou a Cabo Verde, Issiar Dramé ao Mali e a Angola rumaram Chico Banza e Manuel Keliano.

«De facto, há muitos anos que trabalho com o Keliano porque há dez anos, quando cheguei ao 1º de Agosto, fiquei responsável pelas equipas de base e o Keliano, há 10 anos tinha, portanto, 12 anos. E era assim bem pequenino e até brinco com ele, porque ele tinha menos um palmo que eu e agora tem mais um palmo que eu. Cresceu muito e cresceu muito como jogador, mas é interessante perceber que sempre foi alguém que desde cedo manifestou muita facilidade de aprendizagem, grande postura e saber estar», classifica o técnico.

«Este saber estar até torna, se calhar, o Keliano um bocadinho introvertido. Acredito que ele ainda não expressou tudo aquilo que sei que ele tem, mesmo a nível do futebol português e Estrela da Amadora. Começa agora a ganhar mais confiança, com certeza o treinador do Estrela, que já o conhece, há algum tempo que ele lá está e tenho acompanhado, conheço este trabalho da parte do José Faria, tem-lhe incutido essa confiança e o Keliano começa a mostrar um bocadinho daquilo que é», assim o selecionador angolano avalia o seu pupilo.

Pedro Soares Gonçalves considera a afirmação do médio um processo natural, que levou o seu tempo. «Passou um hiato, confrontado, quando chegou a Portugal, com a exigência competitiva. O Keliano vinha num excelente momento no 1.º de Agosto e quando chega é confrontado com as exigências competitivas da Liga portuguesa e do futebol profissional em Portugal. E ele tem feito o seu caminho, ganhando protagonismo lá e também na seleção nacional», estabeleceu ainda.

«O Keliano é jovem, mas já tem 15 internacionalizações, tem a experiência de ter estado em fases finais de CAN e CHAN, o que não é assim tão vulgar em jogadores angolanos, é uma experiência substancial. Portanto, é um jogador pelo qual temos expectativas, naturalmente. Teve uma Taça COSAFA que Angola ganhou o ano passado brilhantemente e que ele capitaneou, ele próprio no jogo da final, concretizou um golo numa vitória de 5-0 sobre a Namíbia», assinalou o técnico dos Palancas, que define este como um momento-chave.

O treinador português considera que a prestação de Keliano nessa competição foi o primeiro passo para que este momento favorável pudesse, de facto, acontecer. «Foi uma performance substancial que o Keliano teve e que se calhar terá contribuído também para a decisão do Estrela da Amadora em ele ficar. Acredito que ainda estava ali no vai-não-vai de ele poder ficar ou sair e acho que esta performance em que ele capitaneou Angola foi também a chancela que fez o Estrela decidir, ou pelo menos consolidar, a decisão de ele ficar», aposta.

O futuro do centrocampista de 22 anos não pode, em seu entender, ser mais risonho. «Naturalmente, estando bem fisicamente, ganhando mais espaço, confiança, com naturalidade ele passa a ser um elemento aqui na seleção nacional, mas ainda tem um longo caminho a fazer, que eu acredito que ele fará, sem dúvida que sim. É isso que projeto para o retorno do Keliano, que possa vir a ser um elemento com cada vez mais peso na seleção nacional», completou, agradado com a sua evolução.