Benfica - Santa Clara. Um reencontro nostálgico, mágico e trágico para Bruno Lage. Sensivelmente um ano depois, o treinador de 48 anos regressa ao ativo e, volvidos quatro anos, está de volta a «casa»: o Estádio da Luz.
Local onde viveu uma autêntica montanha russa de emoções: desde a ascensão meteórica na primeira metade de época à queda abrupta na reta final do segundo ano. Recuperou uma desvantagem pontual de sete pontos numa época e perdeu uma vantagem de sete pontos na segunda. Da magia à tragédia.
O guião - escrito pelo português - começou melhor do que imaginava e terminou (também) bem pior do que perspetivava.
E tudo isto num espaço de dois anos e com dois denominadores em comum: Santa Clara e Estádio da Luz.
«Não poderia terminar daquela maneira»
O trajeto da primeira época na Luz roçou a perfeição e terminou com o principal objetivo alcançado: o troféu de campeão nacional. Mais precisamente no Estádio da Luz perante o Santa Clara. Uma noite mágica para o treinador que, em poucos meses, conquistou os adeptos encarnados.
Um ano depois, em 2020, a história transfigurou-se. Na receção ao Santa Clara, o Benfica perdeu por 3-4 e somou a quarta derrota num espaço de 12 jogos. Noite trágica para Lage que, após o desaire, praticamente sentenciou a sua saída do clube da Luz - técnico foi despedido após a derrota na jornada seguinte - e pressagiou uma época de insucesso para as águias.
Posto isto, surge aqui um capítulo III e mais uma oportunidade para Bruno Lage: Benfica x Santa Clara, 14 de setembro de 2024. O «divórcio» entre adeptos e equipa é notório e o novo treinador tem a missão de (re)conquistar o mundo encarnado novamente, prometendo «vitórias» e «jogar bem».
Na conferência de imprensa de apresentação, o novo líder do clube da Luz mostrou-se emotivo e assumiu que «será um trabalho de sacrifício».
«Pelo Benfica temos de unir-nos. Vai ser um trabalho de sacrifício e com união teremos sucesso. Sou muito genuíno. Gosto de olhar para o que tenho feito e não quero repetir frases de outros. O presidente teve enorme vontade em trazer-me e eu vim também com vontade enorme. O que vim fazer é para conseguir crescer a equipa», referiu.
Agora, segue-se o que interessa: o futebol e a estreia.
Historicamente, o desafio oontra a equipa insular advinha-se acessível - único triunfo do Santa Clara foi em 2020 - e, em adição, Lage - como referido - tem uma grande oportunidade de recomeçar com o pé direito (e de livrar-se do pequeno trauma de 2020).
De resto, o Benfica conta com um registo quase imaculável contra a equipa açoriana: 14 vitórias, dois empates, uma derrota, 38 golos marcados e 11 sofridos.
Nos últimos cinco duelos, cinco triunfos e 15 golos marcados (!).
A história joga a favor das águias, mas os números não entram em campo e, olhando para o momento atual de ambos os clubes, o Santa Clara está à frente dos encarnados na classificação.
Sob o comando de Vasco Matos, a equipa que alterou o emblema no regresso à Primeira Liga - após muitos anos a usar um símbolo semelhante ao do Benfica - apenas perdeu contra o FC Porto e regista três vitórias contra Casa Pia, AVS e Estoril Praia.
Sinais de força do Santa Clara que, pela frente, terá um Benfica faminto. Não só pela chicotada psicológica - que levou Lage ao comando da equipa -, mas também pelos resultados menos positivos neste arranque de temporada: dois triunfos, um empate e uma derrota.
Desta feita, será uma noite mágica ou trágica para as águias? Benfica - Santa Clara joga-se este sábado, pelas 20:30.