O apelido Plowden estampado nas costas da camisola de jogo desperta a curiosidade, e o número 21, o inverso do 12 com que atuava o poste americano e mais tarde internacional português, que conquistou tudo o que havia para ganhar ao longo de nove temporadas no Benfica (1985/86-1993/94), alimenta ainda mais o imaginário. Será apenas uma coincidência?

Não, não é. Luana, de 13 anos, uma das 15 jogadoras da seleção feminina sub-14 da Associação de Setúbal presente na 17.ª Festa do Basquetebol juvenil, em Albufeira, é mesmo neta do saudoso Mike Plowden.

Atleta do GDESSA Barreiro, está desde os seis anos na modalidade, a única que praticou. «Fui para o basquete porque quis, mas também porque era tradição na família. Foi um bocado as duas coisas…», confirma, bastante envergonhada, a poste de 1,75m. «Sim, o meu pai [Rafael] também jogou e foi quem me levou. Só o meu irmão mais novo é que está no futebol», esclarece.

Como é natural, quando sabem que é neta de Mike Plowden, cujas capacidades técnicas e atléticas deram nas vistas quando chegou a Portugal para atuar no Barreirense (1980/81), não há quem fique indiferente. «As pessoas falam-me sempre muito dele e elogiam-no. Isso deixa-me feliz. Fico orgulhosa. Quando vejo vídeos do meu avô tenho ainda mais vontade de jogar. Desejava, daqui a uns anos, conseguir uma bolsa para ir para uma universidade americana», declara, rasgando o maior sorriso até então oferecido. «A preferida é North Carolina, mas não há nenhuma razão especial», assegura sobre a faculdade onde passou Michael Jordan antes de entrar para a NBA.

«Além da escola, o basquete é o que mais gosto. Adorava tornar-me profissional, no entanto, o que também me atrai em ir para os Estados Unidos é a família que lá tenho», conta, mas ainda sem saber se preferia, mais tarde, entrar na WNBA ou voltar para a Europa.

«Esta convocatória para a seleção de Setúbal faz-me querer mais e na primeira vez que me chamaram para outros jogos até fiquei surpreendida. Gosto da modalidade em si. Driblar a bola, o jogo de equipa, velocidade e também das amizades que se fazem. Nunca tinha estado numa competição como esta e isto mostrou-me que posso evoluir e chegar mais alto. Vi jogadoras com a confiança que gostava de ter. O que assisti ajuda a crescer, tanto na defesa como no ataque. Mas sou mais de atacar», confessa.

«É mais fácil jogar no GDESSA do que aqui, onde a dificuldade dos jogos é um pouco maior. Lá existe uma maior química de equipa, mas nesta Seleção também conseguimos criar boa química, no entanto,  o melhor destes dias tem sido poder  estar cá e jogar com as minhas colegas».

«Os meus jogadores preferidos? A Márcia Costa e o Kobe Bryant», revela enquanto as colegas lhe dizem de imediato: ‘E o Neemias? E o Neemias?... «Não. Mas gostava de conhecê-lo. A Ticha Penicheiro é que conheci uma vez na praia do Meco. Foi por acaso, vi-a e o meu pai foi cumprimentá-la», diz. 

E no que pensa que tem de evoluir para, daqui a uns anos, conseguir essa bolsa de estudo? «Confiança, falta-me um pouco de confiança. Penso que tenho mais capacidades do que aquilo que faço nos jogos. Tenho de atacar mais o cesto e defender melhor», responde, sem dúvidas. E, uma vez que o seu pai jogou, ele também é um treinador em casa? «Por vezes sim, outras não... Mas dá bons conselhos.»

Cumprindo a tradição da Festa do Basquetebol de cada jogador, treinador, árbitro, juiz de mesa ou qualquer outra pessoa envolvida na Festa do Basquetebol doar 2 euros, do seu proprio bolso e não através das associações, para uma instituição local, a Federação Portuguesa de Basquetebol entregou 3.188 euros ao Agrupamento de Escuteiros 1009 de Paderne.