
Luís Figo foi o segundo convidado especial de Iker Casillas, seu antigo colega de equipa no Real Madrid, no podcast Bajo Los Palos, e falou sobre vários tópicos, um deles o facto de não ter conquistado qualquer título por Portugal, algo que lamenta.
«Agora, a frio, vejo a parte positiva. Logicamente que gostava de ter dado um título a Portugal com essa geração. O futebol muitas vez tira e depois dá. Analisando o meu percurso na Seleção, quando cheguei à equipa principal, Portugal não pensava sequer que podia ganhar um Europeu ou Mundial. Portugal não se apurava para as fases finais de grandes competições, estávamos sempre a sofrer a ver se conseguíamos algo importante», começou por dizer, mostrando-se feliz pelo país ter conquistado o Euro 2016, mesmo que ele já não fizesse parte da equipa.
«Houve uma transformação quando começaram a sair jogadores para o estrangeiro, isso deu experiência e ajudou a construir uma imagem que perdura até aos dias de hoje. Claro que gostava de ter ganho um título, acho que merecíamos, mas no futebol poucos ganham a nível de seleções. França, Espanha, Alemanha, não é fácil ganhar, mas creio que tivemos essa oportunidade e não conseguimos, em 2002 e 2004, mas o futebol é assim. E uns anos depois tivemos a felicidade de conquistar um troféu. Tudo o que construímos deu frutos, não foi a nossa geração, mas conseguimos desfrutar», explicou.
O antigo guarda-redes do FC Porto desafiou o português a dizer um jogo que gostaria de ter repetido e acabou por dar duas respostas, revelando que não estava bem fisicamente no final da temporada 2001/02.
«A final da Champions em Glasgow. Estava f... Estava meio lesionado, tinha o tornozelo magoado desde a final da Taça no Bernabéu. Joguei meia época com dor, infiltrado... depois veio essa final e nesse ano foi o Mundial da Coreia do Sul e do Japão. Por isso, quiçá a final da Champions ou o Mundial a cem por cento», afirmou, lembrando o que sentiu ao ser eliminado na fase de grupos do Campeonato do Mundo 2002, na Coreia do Sul e no Japão.
«Sentes injustiça, impotência. Sentes que te estão a roubar! (risos)», atirou, lamentando também a forma como protestou na altura, apesar da situação, em que dois jogadores portugueses (Beto e João Vieira Pinto) foram expulsos no desaire com os sul-coreanos.
Por fim, Figo analisou a atualidade do campeonato português e afirmou que ainda está longe das principais ligas europeias, embora veja isso com naturalidade: «Vejo um campeonato que não pode competir com o espanhol em diretos televisivos, pelo dinheiro que move a Espanha ou a Inglaterra, mas produz muitos talentos, que te permite crescer como jogador, que dá a mostrar quando não eras muito conhecido na Europa. É um campeonato que exporta muitos jogadores, que cria jogadores nas camadas jovens, porque os clubes não podem competir com as grandes potências e têm de apostar na formação.»