Depois de ter sido detido em 2021, na sequência da operação «Cartão Vermelho», que levou à sua saída do cargo de presidente do Benfica, que ocupou por 18 anos, Luís Filipe Vieira deu, esta quinta-feira, uma entrevista à CMTV, onde deixou duras críticas a Rui Costa pela sua postura e gestão do clube.
«Benfica está em crise neste momento, desportiva e financeiramente. E está sem gestão desde que o Domingos Soares e Oliveira saiu. Normalmente os presidentes é que têm que assumir as crises. Já no meu caso era assim», começou por dizer.
«Sabia que o Rui tinha dificuldades em gestão. Por isso é que lhe disse que não devia mexer nos quadros do Benfica. Ele entendeu que devia. Na parte desportiva, surpreendeu-me agora pela forma negativa como tem gerido o Benfica. Cheguei à conclusão que a muleta do Vieira fazia falta. Só posso pedir desculpa aos benfiquistas por me ter enganado na escolha do meu sucessor. Sou o responsável e peço desculpa», acrescentou.
Luís Filipe Vieira criticou ainda a postura de Rui Costa como presidente: «A liderança não se aprende. Hoje toda a gente já viu que Rui Costa não é líder. Se quer continuar a liderar o Benfica, tem que mudar de posição dentro do Benfica. Não pode permitir que o tratem por tu. Sempre tratei todos por tu, mas nunca permiti que mo chamassem a mim. Não pode falar com o diretor desportivo a dizer "Oh, mano". Isso não existe. Aquilo é alguma creche? Trata o Rui Pedro Braz assim. Se eu estivesse no Benfica, o Rui Pedro Braz não tinha a liberdade que tem. Não andava de avião como anda, a fazer passeios pelos aeroportos como faz.»
««Depois da saída de Domingos Soares Oliveira e Miguel Moreira, porque o Rui o queria pôr fora do Benfica, porque tinham de falar com ele... Até eu fazia isso [falar com Miguel Moreira para pedir autorização], tem de haver regras e responsabilidade. Eu, que era presidente, chegava a janeiro e programávamos sempre o resultado para o final da época e o que era preciso fazer para lá chegar. Coisa que agora não se faz. Com a saída do Domingos, antigamente havia um máximo de responsabilidade na gestão, tínhamos uma cultura de trabalho muito forte e exigente, para recuperarmos o Benfica trabalhámos muito. É lógico que essa cultura ficou cimentada no Benfica, mas agora não existe. Agora diz-se que não há meios nem tempo para o fazer», concluiu.