Mais de 30 treinadores portugueses a trabalhar no estrangeiro, em países como Inglaterra, França, Brasil ou Arábia Saudita, assinaram uma carta, por email, a que Record teve acesso, enviada à Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), reclamando dos critérios de seleção para o curso UEFA Pro (Grau IV) e a desigualdade de oportunidades para técnicos lusos lá fora. O objetivo é convencer a ANTF a sensibilizar a FPF sobre os critérios usados que, a continuarem assim, não darão hipóteses aos mesmos de concluir o curso.

Eis a carta na íntegra:

Exmos. Senhores,

Venho, por este meio, apresentar a presente exposição/reclamação à Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), com o pedido de que a mesma seja devidamente encaminhada à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), no sentido de manifestar a minha profunda preocupação e discordância relativamente aos atuais critérios de seleção dos candidatos ao Curso UEFA Pro / Grau IV.

Em particular, não posso deixar de evidenciar a clara desigualdade de oportunidades a que estão sujeitos os treinadores portugueses a exercer funções no estrangeiro, nomeadamente pelo facto de se encontrarem remetidos ao Critério n.º 9, o que os coloca, objetivamente, numa posição de desvantagem face a colegas que se encontram em território nacional.

Estes critérios acabam por discriminar negativamente profissionais que, longe de Portugal, têm vindo a dignificar o nome do treinador português em diversos contextos competitivos, culturais e geográficos. É incompreensível que esta realidade - que deveria ser motivo de orgulho e valorização - se transforme, paradoxalmente, num obstáculo à sua progressão na carreira e acesso à formação contínua de excelência.

Além disso, é importante salientar que esta limitação no acesso à formação representa uma quebra de princípios de equidade e prejudica a evolução técnica e pedagógica de treinadores que, por estarem fora do país, enfrentam já desafios significativos em termos de mobilidade, contexto laboral e estabilidade contratual.

Neste sentido, venho sugerir e solicitar as seguintes medidas concretas, que considero essenciais para promover uma maior justiça e equilíbrio no processo formativo e de certificação dos treinadores portugueses:

- Revisão urgente dos critérios de seleção, com especial atenção à posição atribuída aos treinadores a exercer no estrangeiro;

- Criação de turmas específicas ou vagas adicionais destinadas exclusivamente a treinadores portugueses que se encontrem em funções fora do território nacional;

- Garantia de igualdade de oportunidades, permitindo que todos os treinadores, independentemente do local onde trabalham, possam aceder às mesmas condições de formação e progressão;

Acreditando na missão da ANTF e da FPF de promover uma formação de excelência, baseada na meritocracia, inclusão e valorização do treinador português, apelo à reflexão e ação urgente sobre esta matéria.