Alex Ferguson decidiu, por sua iniciativa, deixar o seu cargo remunerado de embaixador do Manchester United, revelou o coproprietário Jim Ratcliffe. Correu mundo, em outubro, a notícia de que o clube tinha 'despedido' o lendário treinador do papel que então desempenhava, decisão que, segundo Ratcliffe, saiu do próprio Ferguson para ajudar o United.

A decisão, tomada em outubro passado, fez parte de uma série de cortes financeiros no clube com o objetivo de otimizar os recursos. No caso específico de Ferguson, tratava-se de um salário anual de 2,16 milhões de libras (2,59 milhões de euros).

«Tiro o chapéu ao Alex», declarou Jim Ratcliffe em entrevista à BBC, «sentámo-nos numa sala e eu disse-lhe o seguinte: 'Olha, o clube não está a desenvolver-se como provavelmente pensas que está. Está a ser gasto mais dinheiro do que o que entra e assim vamos ter dificuldades. Estou a ser franco contigo, não podemos continuar a pagar-te 2 milhões de libras por ano.'»

«Deixo a decisão nas tuas mãos, pensa bem», acrescentou Ratcliffe. «Inicialmente, Alex pareceu um pouco ressentido, mas compreendeu a situação e, três dias depois, após conversar com o filho, disse-me: 'Está bem, vou renunciar ao cargo. É a minha decisão'. Penso que isto demonstra o quanto Ferguson se preocupa com o United, porque não se colocou acima do clube.» O escocês era embaixador dos “red devils” desde 2013, quando terminou a sua carreira de treinador. Continua a fazer parte do conselho de futebol do clube, que é distinto da administração.

No total, desde a chegada de Ratcliffe ao Manchester United, pelo menos 250 pessoas foram demitidas e outras 200 estão sob a mesma ameaça, numa altura em que foram revelados planos para a construção de um novo estádio.

«Demasiado caros»

Na mesma entrevista, Ratcliffe apontou o dedo a alguns dos jogadores «demasiado caros» que foram contratados nos últimos anos.  Sem papas na língua, Onana, Casemiro, Antony, Sancho e Hojlund foram visados pelo empresário.

«Alguns destes jogadores não são bons o suficiente e são demasiado bem pagos para o que valem. Neste momento, estamos neste período de sair desse passado para um futuro melhor e precisamos de tempo para moldar o plantel às nossas necessidades», referiu Sir Jim Ratcliffe.