
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu arquivar um processo de inquérito que instaurou à SAD do Boavista, onde juntou duas denúncias anónimas que relatavam a existência de "sacrifícios de animais para efeitos de bruxaria" e que as mesmas tinham acontecido em pleno túnel do Bessa, nos acessos ao balneário, e alegadamente praticadas por Fary Faye. Além disso, as denúncias relatavam ainda supostas dívidas a funcionários da SAD e o presidente era ainda acusado de supostamente ganhar 10 mil euros e só relatar um ordenado de 500 euros para efeitos fiscais. As mesmas denúncias relatavam ainda um suposto "negócio dos bilhetes" entre a SAD e a claque organizada do Boavista, os Panteras Negras.
No entanto, nada disto ficou provado terminado o inquérito a várias testemunhas, incluindo o próprio Fary Faye e até Vítor Murta, anterior líder da SAD, que acabou por ser uma testemunha fundamental ao registar que as imagens vídeo que acompanhavam as denúncias de alegados "sacrifícios animais" já terem, pelo menos, mais de seis anos, ou seja são anteriores à sua própria entrada como presidente da SAD dos axadrezados.
"Efetivamente, considerando as participações anónimas que deram azo e constituíram o objeto do presente processo de inquérito, foi desígnio do mesmo, devidamente prosseguido pela CI, averiguar da existência de eventuais infração(ões) disciplinar(es) e da identidade do(s) seu(s) agente(s), considerando, designadamente, a factualidade atinente ao alegado sacrifício de animais para rituais de bruxaria, factualidade relativamente à qual foram esgotadas todas as diligências instrutórias cabíveis tendo em vista a descoberta da verdade", regista o comunicado do CD a que Record teve acesso sobre o arquivamento do processo.
Na carta que a FPF recebeu com a acusação relativa a sacrifício de animais, podia ler-se o seguinte: Fary Faye pratica atos criminosos sobre animais, matando-os nas instalações do Estádio do Bessa. Diz que os mata para dar sorte nos jogos (a isso chama- se bruxarias), que na lei Portuguesa é crime. Existem vídeos e fotografias onde aparece Fary a matar um animal no piso do relvado."
"No que concerne à restante factualidade denunciada, igualmente nada se logrou indiciar, isto é, não foi possível apurar qualquer indício do cometimento de infração disciplinar, mormente de índole fiscal e/ou laboral, por parte do aludido Presidente da Boavista, SAD, nem tão pouco que entre este (ou a referida sociedade desportiva) e a claque do clube tenha sido posta em pratica qualquer relação comercial, ou de outra natureza, que não a resultante dos precisos termos do Protocolo de Colaboração outorgado entre a Boavista, SAD e a referida "Associação Panteras Negras", junto aos autos e devidamente publicado no site da Autoridade de Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD)", determina ainda o comunicado, que regista também a argumentação válida no que diz respeito às imagens de vídeo que acompanharam a denúncia anónima:
"É desconhecida a proveniência dos ficheiros-vídeo juntos com as participações (denúncias anónimas) apresentadas, sendo, por conseguinte, impossível aferir da sua fidedignidade; Não é possível, ainda, apurar e nem sequer balizar com suficiente precisão a data em que a factualidade constante dos ficheiros-vídeo possa ter ocorrido, tendo, no entanto, a testemunha Vítor Murta, ex-Presidente do Conselho de Administração da Boavista SAD afirmado, perentoriamente, tratar-se de imagens com mais de 6 anos; Não obstante os esforços da investigação tendentes à recolha de semelhanças entre o Presidente do Conselho de Administração da Boavista SAD e o fotograma retirado do ficheiro vídeo, não é possível afirmar, com o grau de certeza exigível, que se trata efetivamente daquele agente desportivo."
"Concretamente, e no que aos ficheiros vídeo constantes das sobreditas "denúncias anónimas" concerne, uma vez colhidos por e em circunstâncias desconhecidas e não se descortinando que a sua divulgação/produção tivesse sido autorizada, não há segurança e certeza jurídicas suficientes quanto à sua genuidade ou integridade, o que, só por si, impediria que os vídeos em questão pudessem ser valorados nos presentes autos", reforça, enfim, o acórdão do Conselho de Disciplina.