Há já seis temporadas no FC Porto, onde, apesar dos contratempos com lesões em algumas épocas, é sempre uma das principais figuras ofensivas dos dragões face ao seu letal lançamento exterior e vontade de vencer, aos 31 anos, nove como profissional, Max Landis está disposto a lançar-se num novo desafio: ser jogador de seleção nacional.
Não da portuguesa, que até podia acontecer via uma possível naturalização, e muito menos da norte-americana, habitualmente constituída para os grande eventos pelas superestrelas da NBA. Mas para vestir o equipamento de Cuba.
Ainda tenho familiares que vivem em Cardenas. A família da minha avó foi a primeira a ir para os Estados Unidos
Surpreso?! É natural, afinal poucos saberão que, apesar de ter nascido em Indianápolis, a ascendência de Landis vem da filha do mar das Caraíbas, defronte da Flórida, e um dos seus avós até foi olímpico nos Jogos de Melbourne 1956.
«A minha avó e o meu avô nasceram em Cuba. São de Cardenas, Matanzas. Ainda tenho familiares que vivem em Cardenas. A família da minha avó foi a primeira a ir para os Estados Unidos», começa por contar o base ao jornalista Andy Lans, do Diário de Cuba.
Isto depois do selecionador Osmel Planas ter falado sobre a hipótese de haver possíveis reforços para a equipa nacional com elementos nascidos fora do país. Algo que nunca aconteceu. Um é o também norte-americano Yunio Barrueta, extremo de 31 anos e 1,96m, que atua nos espanhóis do Basquet Corunha. O outro… Max Landis (1,88m).
Sempre fui muito próximo dos meus avós. Especialmente na minha infância, gostava de comida cubana e passei muito tempo em Miami com eles.
«Na altura, o meu avô decidiu ficar em Cuba, porque tinha um bom emprego e não queria ir-se embora. Mas quando soube que a minha avó estava grávida da minha mãe, decidiu partir. Sempre fui muito próximo dos meus avós. Especialmente na minha infância, gostava de comida cubana e passei muito tempo em Miami com eles», vai revelando Max, que mudou-se para Portugal depois de se ter estreado na Europa ao serviço dos belgas do Okapi Aalastar (2016/2017) e na época seguinte alinhado nos alemães do Giessem 46ers.
As conversas têm sido boas, mas eles referiram que não é fácil porque sou o primeiro cubano-americano que quer jogar por Cuba. No entanto, creio que podemos alcançá-lo juntos.
«Sim, tenho estado em contacto com Dalia Henry, presidente da Federação Cubana de Basquetebol, e com Osmel Planas, o treinador da equipa. Na verdade, fui eu que os abordei sobre a possibilidade de competir por Cuba», surpreende.
«As conversas têm sido boas, mas eles referiram que não é fácil porque sou o primeiro cubano-americano que quer jogar por Cuba. No entanto, creio que podemos alcançá-lo juntos», vai contando, revelando ainda que até passou a seguir os encontros da seleção. «Recentemente, tenho acompanhado os jogos. Creio que Cuba tem uma equipa muito boa e, na minha opinião, se todos estiverem em forma e saudáveis, podemos ser uma grande surpresa na América Latina», salienta.
Sou muito amigo do Yunio Barruetta, com quem joguei na Bélgica. Ainda não jogou por Cuba, mas está interessado em fazê-lo.
E, ao que parece, o próprio Max é quem tem desafiado Barruetta a apostar na integração na seleção caribenha. 70.ª do ranking da FIBA, 15 lugares acima de Portugal, mas 15.ª nas Américas.
«Sou muito amigo do Yunio Barruetta, com quem joguei na Bélgica. Ainda não jogou por Cuba, mas está interessado em fazê-lo», garantindo que também já falou com alguns internacionais. Casos de Jasiel Rivero, Karel Guzmano, Sigfredo Tito Casero-Ortiz e Yoanki Mencia. Este último, defrontou-o no início do mês na Taça Europa, quando os azuis e brancos foram a Saragoça no arranque da 2.º fase do Grupo K. Há ainda a coincidência, ou talvez não, de Max ter o mesmo agente de outro internacional, Reynaldo García.
O meu avô Enrique Hernández esteve nos Jogos Olímpicos de Melbourne, em 1956, a representar Cuba no remo. Por isso, para mim, é uma forma de o honrar.
«Penso que tenho o tipo de lançamento necessário para o esquema tático. Também posso contribuir com a minha experiência para o grupo. Ajudaria a criar espaços para que jogadores como García, Mencía e Jasiel possam atuar livremente devido à ameaça da minha capacidade de lançamento. O meu avô Enrique Hernández esteve nos Jogos Olímpicos de Melbourne, em 1956, a representar Cuba no remo. Por isso, para mim, é uma forma de o honrar. Espero que isso aconteça e que o processo de cidadania corra bem…», diz.
Jogar por Cuba seria um grande feito na minha vida desportiva. Quero ainda utilizar os meus contactos americanos e europeus para ajudar os jovens cubanos que gostam de basquetebol.
«Jogar por Cuba seria um grande feito na minha vida desportiva. Quero ainda utilizar os meus contactos americanos e europeus para ajudar os jovens cubanos que gostam de basquetebol. Já manifestei este desejo aos elementos da federação. Para mim, é mais do que basquetebol, gosto de ajudar as pessoas e acredito que posso apoiar o desporto em Cuba nos próximos anos», rematou.