Num espetáculo hipnotizante de habilidade e estratégia de corrida, Max Verstappen subiu do modesto 17º lugar no grid para conquistar a vitória no caótico e chuvoso Grande Prémio do Brasil. A atuação magistral do piloto da Red Bull permitiu-lhe aumentar a sua vantagem no campeonato, praticamente cimentando o seu quarto título e desferindo um golpe devastador ao seu rival, Lando Norris, cuja pole position terminou em amarga desilusão.

O dia de Verstappen foi histórico. Assim que as luzes se apagaram, George Russell assumiu a liderança, ultrapassando Norris, que partia da pole, enquanto Verstappen rapidamente se desfez do pelotão, avançando para o top 10 na volta 2. Na volta 5, já estava colado aos líderes, subindo para quinto lugar à medida que uma sequência de incidentes dramáticos se desenrolava na pista.

O caos começou antes mesmo da corrida ter início, com Lance Stroll, da Aston Martin, a rodar contra as barreiras durante a volta de formação. O incidente provocou um arranque abortado e estabeleceu um tom caótico para o restante da corrida. Quando a corrida foi reiniciada, Norris inicialmente manteve-se firme, mas logo se viu à mercê da estratégia de corrida e de uma série de paragens nos boxes mal cronometradas.

Quando um Virtual Safety Car (VSC) foi acionado na volta 28, Verstappen e a dupla da Alpine, Esteban Ocon e Pierre Gasly, decidiram não parar, enquanto Norris e Russell entraram para trocar por novos pneus intermédios. Parecia uma jogada inteligente até que o acidente de Franco Colapinto levou a um Safety Car completo, seguido de uma bandeira vermelha que permitiu a Verstappen e aos Alpines uma paragem gratuita nos boxes. Norris e Russell, que tinham sacrificado a sua liderança, ficaram atordoados.

A partir da segunda reinicialização da corrida, Verstappen foi implacável. Com uma pista livre à frente, ultrapassou rapidamente Ocon para assumir a liderança na volta 43, estabelecendo um ritmo inultrapassável e criando uma diferença que ninguém conseguiu reduzir. Entretanto, as dificuldades de Norris continuaram; após um erro de travagem, ele desceu para sétimo, perdendo pontos cruciais e efetivamente vendo os seus sonhos de título escaparem.

Para a Alpine, a corrida foi um resultado de conto de fadas. Ocon e Gasly aproveitaram a reviravolta estratégica, garantindo um notável pódio duplo e proporcionando um necessário impulso moral para a equipa francesa.

A vitória de Verstappen é a sua primeira desde junho, marcando a sua 62ª vitória na carreira e sublinhando a sua dominância. O triunfo catapulta-o 58 pontos à frente na classificação, deixando pouco espaço para um regresso de Norris com apenas três corridas e um sprint restantes. Em contraste, o dia de Norris, que começou com a promessa de uma luta pelo título, terminou com um sexto lugar, manchado por oportunidades perdidas e decisões mal temporizadas.

O Grande Prémio também trouxe uma série de investigações de penalizações. Norris, Russell, Yuki Tsunoda e Liam Lawson enfrentaram escrutínio por infrações no início, enquanto Oscar Piastri recebeu uma penalização de tempo por uma colisão com Lawson.

Enquanto Verstappen celebrava uma das melhores vitórias da sua carreira, Norris ficou a ponderar o que poderia ter sido. O GP do Brasil não foi apenas mais uma corrida, mas o momento decisivo em que a candidatura de Verstappen ao campeonato se tornou quase inultrapassável, e a perseguição de Norris se desvanecia na neblina húmida de Interlagos.