
Há um fenómeno (cada vez mais) raro na Liga 2: uma equipa conseguir uma série de invencibilidade de 14 jogos. Não, caro leitor, não é no Entroncamento. É no Minho, mais propriamente em Vizela. Onde o céu parece ser cada vez mais azul e com o clube vizelense a lançar a escada para o regresso à elite do futebol português. O caminho promete oferecer obstáculos, mas minhoto que é minhoto não se rende. Faltam seis batalhas (qual delas a mais difícil…), mas o que não falta mesmo é motivação.
O sucesso dos últimos três meses e meio tem em Fábio Pereira o principal responsável fora do terreno de jogo – o técnico foi apresentado a 16 de dezembro de 2024 e está invencível deste que assumiu o cargo (11 vitórias e três empates) -, mas é lá dentro, no relvado, que os artistas vão dando corpo a um sonho de uma massa adepta extraordinariamente fervorosa e que nunca abandona o clube. Nos maus momentos contesta (mas apoia), nos bons momentos explode de felicidade.
E olhar para a equipa do Vizela é olhar (muito) para Diogo Nascimento. O cérebro de um coletivo cada vez mais solidificado e que parece não ter travões na hora de acelerar. Nos jogos e na classificação. Centremo-nos, pois, no camisola 90. Com as devidas distâncias, permita-nos, caro leitor, a comparação: Diogo tem muito de João. Ou Nascimento tem muito de Moutinho. Pensar na forma de atuar do criativo vizelense é como que olhar um espelho e ver o craque do SC Braga, antigo internacional português e que tem deixado uma marca profunda nas últimas duas décadas. O Diogo ("filho") tem tudo para ser um craque, o João ("pai") continua a ser um génio.
Como os craques não se medem aos palmos, Diogo Nascimento não se encolhe e do alto dos seus 1,66 metros (!) toca o céu como poucos. Dotado de uma qualidade técnica muito acima da média – impressionante a forma como joga sempre de cabeça levantada -, o internacional sub-21 português tem uma mestria assinalável quando a hora é de acelerar e descobrir os melhores caminhos para um passe (aquele passe…) de rotura, deixando os companheiros mais adiantados em situações privilegiadas para o ataque às balizas contrárias.
Sem bola, entrega-se ao jogo de uma forma inexcedível e nem a baixa estatura o impede de ser extraordinariamente intenso nos duelos individuais. E até de cabeça disputa lances! Com a maioria da formação feita no Benfica, chega aos 22 anos com uma maturidade incrível e a certeza de que o futuro tem tudo para ser brilhante.
Elie Ahouonon. Pode estar aqui… Marfim. Da Costa (do). Porque o jovem defesa-central africano, de apenas 20 anos (completa 21 de hoje a duas semanas), tem vindo a destacar-se no Oeste e solidificou a sua posição no eixo da retaguarda do Torreense. Muito rápido nas dobras e no controlo da profundidade, denota também um posicionamento bastante interessante para poder atacar os duelos individuais a qualquer altura. É forte pelo ar, fruto da boa impulsão de que dispõe e nesta jornada até deu uma ajudinha ao ataque, abrindo caminho à vitória sobre o UD Leiria.
André Clovis. A época até está muito longe de ser espetacular para o brasileiro (tinha feito 31 golos em 2021/2022 e 13 em 2022/2023), mas os seis tentos já apontados na presente temporada fazem dele o segundo melhor marcador do Académico de Viseu – Yuri Araújo tem sete. Clóvis parece ter reacendido a veia goleadora e bisou na receção ao Mafra, colocando fim a um jejum de quatro meses. Aos 27 anos, continua com a dar mostras de que pode aspirar a mais no futebol português. Tem faro pelas balizas, é rápido no ataque à profundidade e é inteligente nos apoios frontais.
Diogo Casimiro. É um lateral-direito aguerrido e fiável. É certo que o UD Oliveirense tem tido uma época de sobressaltos, mas o português, de 26 anos, está na linha da frente para dar tudo pela permanência. Ou não fosse ele natural de Oliveira de Azeméis, com tudo o que isso significa de amor à camisola. É ouro da casa que ali se iniciou e que depois passou muitos anos na formação do FC Porto e na equipa B do SC Braga. Além da fiabilidade defensiva, tanto à largura como a fechar por dentro, também ataca bem – já leva três golos e duas assistências.