A derrota pesada em Alvalade, a maré de lesões que assola a equipa e as poupanças de Trincão e Gyökeres, que Rui Borges deixou em Lisboa para tentar evitar um pesadelo de maiores dimensões, tornam quase improvável o cenário de uma reviravolta do Sporting esta quarta-feira, em Dormund, na Alemanha, um país onde o clube de Alvalade ganhou uma vez em 16 jogos (3-0 ao Eintracht Frankfurt, em setembro de 2022).

A narrativa conformista pode demover até o mais entusiasta adepto do Sporting mas não adormece o treinador dos alemães. Niko Kovac está de pé atrás com a vantagem que traz de Lisboa e, confrontado com as muitas baixas no Sporting, garante que o Dortmund vai apresentar-se… na máxima força.

"Sou treinador de futebol… A eliminatória não acabou, estamos a meio. Estou à espera de um jogo difícil, vamos lá para dentro dar 100%, sem calculismos. Estamos aqui para ganhar o jogo e podem ter a certeza que não vamos mudar muito (na equipa). Nesta fase da época com jogos de três em três dias não há tempo para treinar por isso prefiro aproveitar os jogos para ajudar a minha equipa a criar automatismos", começou por dizer Kovac, esta tarde, em conferência de imprensa, no Signal Iduna Park.

"Vimos que há muitos jogadores lesionados mas o treinador saberá exatamente como substituí-los. É uma grande oportunidade para outros mostrarem valor e qualidade, o que significa que nós temos de estar acautelados para isso. É verdade que está 3-0 para nós mas estamos a meio da eliminatória e não somos estúpidos ao ponto de dizer que está resolvido. Estamos muito concentrados. Precisamos dos jogadores no máximo da intensidade, não podemos jogar só a 50%, isso não pode acontecer na Liga dos Campeões ou na Bundesliga. Vamos tentar dar o melhor e esperamos passar aos oitavos-de-final", acrescentou o técnico, que leva apenas 3 jogos à frente do Borussia, após a saída de Nuri Sahin e a transição assegurada pelo interino Mike Tullberg.

A insistência no tema das segundas linhas do Sporting não fez Kovac mudar o discurso. "Os jogadores que têm sido suplentes vão querer mostrar ao treinador que pode contar com eles. Vão estar frescos, cheios de energia e motivados. Eles querem ser primeiros em Portugal e dar o melhor, e isso diz-nos que não podemos dar passos atrás. Temos de encarar este jogo com muita seriedade, não podemos dizer que vai ser fácil. Em futebol tudo é possível, temos de dar 100%", insistiu.

Os regressos após lesões de Chukwuemeka e Bensebaini no treino da manhã desta terça-feira são boas notícias para Kovac. "Estamos felizes que estejam de volta. Mas é muito cedo para colocá-los na equipa titular. É possível que façam minutos", antecipa.

Quanto a Guirassy, à falta de alternatias, continua a ser puxado aos limites. "É o nosso principal jogador. Marcou muitos golos não só na Liga dos Campeões como na Bundesliga. Precisamos dele. O problema que temos neste momento é que ele é obrigado a jogar 90 minutos em todos os jogos, o que requer um grande esforço da parte dele. Estou muito contente com as suas exibições mas, como sabem, um avançado pode sempre marcar mais. No último jogo (Bochum) disse-me que devia ter marcado dois, eu respondi-lhe que deviam ter sido três", brincou Kovac.

Pascal Grass subscreve


No balneário do Dortmund, os jogadores estão alinhados com os avisos do treinador sobre o Sporting: com mais ou menos probabilidades de existir um golpe de teatro, é proibido facilitar.

"Temos de encarar o jogo como mais um jogo normal em casa. Está 0-0 e queremos ganhar, porque já vi grandes reviravoltas na história da Liga dos Campeões. Temos de estar precavidos para isso, vamos fazer um bom jogo", sublinhou Pascal Gross, sem pejo em assumir que, perante o paupérrimo 11.º lugar na Bundesliga, a Champions pode mesmo ser a tábua de salvação da época.

"Acho que é muito isso, porque na Bundesliga estamos muito mal até agora. Temos de ser honestos. Mas na Champions estamos bem, fizemos uma boa fase de liga e fizemos um bom jogo em Lisboa. A 2.ª mão é muito importante para nós, queremos ganhar a eliminatória", reforçou o experiente médio, de 33 anos.