
Nico Harrison tentou passar despercebido. As câmaras que o conseguiram ter sob alçada não foram manobradas por operadores suficientemente hábeis para evitarem captar também o segurança do general manager dos Dallas Mavericks. Como as coisas andam, todos os cuidados são poucos e Nico sabe que tem poucos amigos no local de trabalho.
“Despeçam o Nico!”, gritaram os adeptos texanos quando Luka Dončić fez contra os Mavs aquilo que podia ter feito ao serviço da equipa deles. O esloveno visitou Dallas, o sítio ao qual jurou eterna lealdade e que se veio a tornar num amor impossível, pela primeira vez desde que foi trocado para o Los Angeles Lakers. Ao contrário da erupção de desagrado que é para outros, o American Airlines Center continua a ser uma reserva de apreço para Dončić.
No enorme cubo pendurado no topo do pavilhão, os Dallas Mavericks introduziram Luka Dončić com um vídeo que incluía imagens desde a noite do Draft até ao título da Conferência Oeste conquistado na temporada anterior. Dončić emocionou-se. Dois meses antes foi peão no capricho de uma só pessoa. Não fosse Nico Harrison achar que Anthony Davis era mais útil do que Dončić e um dos melhores jogadores de sempre não estaria de âmago ferido.
Desde o primeiro momento, percebeu-se que até os adeptos dos Dallas Mavericks iam torcer para que a magia de Luka aparecesse, mesmo que tivessem que assistir ao espetáculo com o feiticeiro vestido de roxo. Era um mal com o qual podiam bem. Afinal, é a Nico Harrison que imputam a experiência sôfrega que se encontram a viver.
Numa entrevista no final do jogo, antes de ir ao balneário dos antigos companheiros, o cinco vezes All-Star disse ter pensado que não ia conseguir jogar depois de se ter transformado numa lágrima humana. “Quando acordei, estava cansado. Não dormi bem. Estava entusiasmado para o jogo.” Não conseguiu disfarçar ter lidado com “muitas emoções” durante a noite em que, a determinado momento, marcou um triplo após step-back. Anthony Davis, de tão próximo que estava, conseguiu notar o cheiro da retaliação.
Os Lakers venceram o jogo (112-97) e com isso garantiram um lugar nos play-offs ainda com dois encontros por disputar na fase regular. O último dia para a realização de trocas provocou alterações na equipa treinada por JJ Redick. Rob Pelinka, o general manager dos californianos, não fez contas a nada quando Nico Harrison lhe ligou para manifestar interesse em Anthony Davis e estava disposto a envolver Luka Dončić no negócio. Fechado o negócio, os Lakers ficaram debilitados no jogo interior.
Para tentarem adicionar um poste ao plantel, a equipa de Los Angeles trocou Dalton Knecht por Mark Williams, mas o negócio foi abordado uma vez que os exames médicos do jogador vindo dos Charlotte Hornets não deram garantias de fiabilidade. Assim sendo, mesmo contando com Jaxson Hayes, os Lakers têm aposta num estilo small-ball durante largos minutos. Nos play-offs, onde se joga um outro basquetebol, o que importa é que serão Luka Dončić, LeBron James e mais três.