«Ils sont les meilleurs
Sie sind die Besten
These are the champions
Die Meister
Die Besten
Les grandes équipes
The champions!»

Senhoras e senhores, a Liga dos Campeões está de volta! Depois de o Real Madrid ter conquistado a última edição da competição, a prova milionária regressa agora com uma nova roupagem. A tradicional fase de grupos deixou de existir e deu lugar à uma nova fase de liga, sendo que Sporting e Benfica são os representantes portugueses no maior torneio de futebol a nível europeu, isto no que a clubes diz respeito.

Enquanto os leões arrancam a sua participação nas provas da UEFA com a receção ao Lille, as águias tiveram de recorrer a uma agência de viagens para tratar da deslocação a Belgrado, cidade na qual está situado o estádio do Estrela Vermelha.

O destino tem o seu quê de exótico, até porque o futebol sérvio não é acompanhado pela generalidade dos adeptos portugueses. Quisemos assim conhecer um pouco melhor o Estrela Vermelha e pedimos auxílio a um dos sérvios 'mais português' que existe: Ljubinko Drulovic.

Ljubinko Drulovic
Benfica
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«O Estrela Vermelha é um grande clube e tem muita tradição. Este ano reforçou-se com muitos jogadores, pode inclusive fazer duas equipas com qualidade. Conseguiram entrar na Liga dos Campeões, um feito que é bom não só para o clube, mas também para o país. Tem muitos jogadores estrangeiros, algo que não era normal há alguns anos, e é um clube com muito dinheiro neste momento», começou por contar ao zerozero o antigo jogador do Benfica, que foi ainda mais longe:

«Estou expectante para ver o que irão na Liga dos Campeões, já que a nível interno não têm concorrência. Nenhum clube tem hipóteses com o Estrela Vermelha, é o candidato único ao título e acredito que serão campeões com facilidade. A Liga dos Campeões será um bom teste para ver se pode competir contra grandes equipas.»

De resto, basta referir que o Estrela Vermelha conquistou as sete últimas edições do campeonato sérvio...

Deixando elogios ao treinador Vladan Milojevic, Drulovic assumiu não ter a certeza em relação à forma como o clube de Belgrado se vai apresentar no jogo. «Depende muito do adversário. Com o Milojevic há uma grande preocupação em defender bem e em sair rápido para as transições, por norma é esse o sistema da equipa nas competições europeias. De resto, muitas das contratações feitas- jogadores rápidos- vão ao encontro disto. É uma equipa bem organizada em termos táticos e que, especialmente na Liga dos Campeões, vai explorar o contra-ataque», vincou.

Confiança em Bruno Lage

Sendo um ex-jogador do Benfica, Drulovic continua a acompanhar de forma atente o conjunto encarnado. Perante este cenário, foi impossível não questionarmos o antigo extremo sobre a mudança que aconteceu recentemente no comando técnico das águias. A confiança deste em Bruno Lage, seu antigo colega, é total.

Confuso com o «antigo colega», caro leitor? A explicação é simples.

«Eu estive com o Bruno Lage em maio, num seminário para a renovação da nossa licença de trabalho. Na altura ele estava sem clube e acredito que pode ser a pessoa certa, mas é importante realçar que o Benfica ficou sem muitos jogadores importantes, como o Rafa, o João Mário, o João Neves e o Morato. É uma equipa diferente da do ano passado, tem alguns jogadores já bastante experientes e não começou bem o campeonato. Na minha opinião, esta mudança de treinador é boa porque vai motivar os jogadores a dar mais do que no início do campeonato. No meio disto tudo, é sempre preciso haver sorte. Espero que o clube consiga estar na luta pelo título e que dê uma boa imagem nas competições europeias», considerou.

«Adeptos do FC Porto aplaudiam-me quando ia às Antas»

Dos mais jovens aos mais velhos, são poucos os adeptos de futebol em Portugal que não conhecem Drulovic. Chegado a Portugal em 1992, pelas portas do Gil Vicente, o antigo extremo rumou depois ao FC Porto, onde participou na história conquista do penta por parte dos dragões. Perante este cenário, a mudança do internacional jugoslavo dos azuis e brancos para as águias, em 2001, não deixa de causar alguma surpresa...

Extremo nos tempos de Benfica

«Tive o azar de partir o maxilar numa época em que estava a jogar muito bem e tive um mês parado a comer por uma palhinha. De forma natural, depois perdi a minha forma. Quando fui para renovar o meu contrato, o FC Porto fez uma proposta com a qual não fiquei satisfeito. O clube tinha direito a isso e acabei por rumar ao Benfica», começou por explicar Drulovic, que ainda assim encarou a situação como algo natural na vida de um profissional de futebol:

«Na altura, o Atlético de Madrid, que tinha o Paulo Futre como diretor desportivo, também me queria, mas o Benfica foi o primeiro e cheguei a acordo com o presidente Luís Filipe Vieira. Acredito que aí começou a nova fase do Benfica, mesmo a nível de infraestruturas.»

Sublinhando que, apesar da troca de rivais, os melhores anos da sua carreira foram passados de dragão ao peito, Drulovic explicou ainda que nunca sentiu qualquer tipo de animosidade por parte dos adeptos portistas. «80 por cento dos adeptos do FC Porto aplaudiam-me quando eu vinha às Antas. Também houve um jogo no Estádio da Luz em que eu comecei no banco. Quando saí para aquecer, mesmo por baixo da bancada dos adeptos do FC Porto, eles cantaram o meu nome. É sinal que fiz bem o meu trabalho no FC Porto», destacou.

Equipa técnica com toque luso

Penduradas as botas, Drulovic dedicou-se depois à carreira de treinador e ocupa atualmente o cargo de selecionador sub-21 da Sérvia. Sendo certo que o facto de ter estado em Portugal durante mais de uma década é o ponto de partida, a convivência com um adjunto português, no caso Luís Diogo, ajuda a que o antigo extremo se mantenha fluente na língua de Camões.

Aproveitando os elogios- nomeadamente à «competência e seriedade»- que Drulovic deixou ao elemento da sua equipa técnica, o zerozero conversou também com Luís Diogo para conhecer um pouco melhor a sua rotina e a ligação que este tem com o ex-Benfica.

Drulovic (terceiro da esquerda) acompanhado por Luís Diogo (quarto da esquerda) @Arquivo Luís Diogo

«Já não é a primeira vez que trabalho num contexto de seleção nem com o Drulovic, mas continua a ser uma experiência muito positiva e enriquecedora. Neste ano estivemos com a seleção sub-21 na qualificação para o Campeonato da Europa e defrontámos equipas de grande valor, como a Ucrânia e a Inglaterra. Como já estamos arredados da possibilidade de nos qualificarmos, temos vindo a trabalhar com a próxima geração deste escalão para prepararmos o futuro, seja connosco ou com outros treinadores», começou por dizer.

Apesar de considerar que a «formação na Sérvia está a estagnar devido à pouca responsabilidade e interesse dos clubes na evolução da mesma», isto na medida em que «não se trabalha em projetos a longo prazo, mas sim no imediato», Luís Diogo não deixou de partilhar o quão fã é do talento sérvio:

«Lembro-me que, após os nossos treinos com a equipa principal do Partizan, passava tardes a assistir aos treinos da formação e a delirar com a tamanha qualidade de miúdos, que eram bem pequenos. Sempre fiquei com vontade de regressar, fosse em que contexto fosse, pois dá gosto podermos ajudar na melhoria da performance destes atletas. Sendo eu um treinador português, sinto que transporto algo que nós temos de muito bom: a organização e a capacidade de nos conseguirmos adaptar a varias realidades.»

Ainda que o futuro de Drulovic e Luís Diogo esteja um pouco indefinido nesta fase, o português referiu que gostava de poder continuar a trabalhar num contexto de seleção.