O CEO da Racing Bulls, Peter Bayer, ofereceu uma visão sobre as dificuldades que afetaram a segunda passagem de Daniel Ricciardo na Fórmula 1, esclarecendo a incapacidade do piloto australiano de se adaptar à nova geração de carros com efeito de solo.
Ricciardo, outrora aclamado como uma das estrelas mais brilhantes da F1 com oito vitórias em Grandes Prémios, enfrentou uma queda dramática de forma durante os seus últimos anos na modalidade. Apesar de um regresso a meio da temporada em 2023 e de um lugar a tempo inteiro em 2024, Ricciardo não conseguiu recuperar o seu brilho anterior, sendo eventualmente substituído por Liam Lawson após o Grande Prémio de Singapura.
O Impacto dos Carros com Efeito de Solo
Bayer apontou para a mudança fundamental nas regulamentações da F1 como um fator chave nas dificuldades de Ricciardo. A nova era do efeito de solo, introduzida em 2022, trouxe carros que exigiam um estilo de condução marcadamente diferente. Enquanto alguns pilotos prosperaram nesta nova era, Ricciardo encontrou dificuldades em se adaptar.
Bayer recordou um momento crucial com o antigo diretor de equipa Franz Tost após o Grande Prémio de Abu Dhabi de 2023:
“Trouxemos, pela primeira vez, um fundo de nova geração que era realmente extremo. O Yuki [Tsunoda] adorou, mas o Daniel estava a ter dificuldades. O Franz questionou se o Daniel conseguiria recuperar com este tipo de carro.”
Esta luta com a adaptação foi um contraste marcante com o sucesso de Ricciardo nos carros de alta inclinação da era anterior, onde o seu estilo de condução natural prosperava.
Desempenhos Inconsistentes e Quebras de Expectativa Perdidas
Embora Ricciardo tenha tido momentos de brilho, como o seu quarto lugar na Sprint em Miami e oitavo lugar no Canadá, Bayer notou a falta de consistência. Estes momentos de sucesso eram frequentemente seguidos por desempenhos inexplicáveis, como uma saída na Q1 apenas algumas horas depois das suas heroicas prestações na Sprint de Miami.
Bayer explicou:
“Ele não teve aquele momento de ruptura onde pudesse dizer: ‘Ok, consegui.’ Tentaram uma série de coisas, mas, no final, cabe à equipa dar ao piloto um carro que lhe convém, e eles tiveram dificuldades.”
O Diretor de Corrida Alan Permane, que trabalhou com Ricciardo durante a sua fase de sucesso na Renault, ecoou os sentimentos de Bayer. Permane recordou um Ricciardo muito diferente na Renault, alguém que se adaptava rapidamente e conseguia pódios.
“Na Renault, tudo lhe parecia muito fácil. Mas aqui, ele lutou com a inconsistência e não conseguia identificar o problema.”
O Papel de Yuki Tsunoda como Referência
As dificuldades de Ricciardo foram amplificadas pela relativa consistência do colega de equipa Yuki Tsunoda, que conseguiu extrair desempenho do mesmo carro. Isso aumentou a frustração de Ricciardo, que lutava com a sua incapacidade de entregar resultados de forma consistente.
“Para Yuki conseguir pegar no mesmo carro e entregar resultados razoavelmente consistentes—foi muito frustrante para o Daniel,” notou Permane.
Um Legado de Potencial Não Realizado
Apesar de um esforço valente para reavivar a sua carreira, a jornada de Ricciardo na F1 terminou sem o renascimento que muitos esperavam. A sua incapacidade de se adaptar aos carros com efeito de solo, combinada com desempenhos inconsistentes, selou, em última análise, o seu destino.
Como resumiu Bayer:
“Adaptar-se é uma coisa, mas dominá-la é outra. Infelizmente, Daniel não conseguiu encontrar a chave para desbloquear consistentemente o desempenho do carro.”
O capítulo final de Ricciardo na F1 serve como um lembrete comovente da exigência implacável do desporto pela adaptabilidade, mesmo para pilotos do seu calibre.