![O primeiro FC Porto-Roma foi há 44 anos: «Esse tipo de vitórias catapultou o clube»](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
FC Porto e Roma. Duas equipas com bastante histórico internacional, que voltam a enfrentar-se em mais um duelo europeu, esta quinta-feira, às 20h00. Nos últimos anos, foram várias as partidas entre os dois emblemas - desde 2016 já disputaram quatro encontros. O balanço é fácil de ser feito: duas vitórias portistas, um empate e apenas uma derrota, na primeira mão dos oitavos-de-final da UEFA Champions League versão 2018/2019.
Ainda assim, existem mais dois embates no histórico de confrontos. Em 1981, na altura na Taça das Taças, dragões e italianos protagonizaram dois jogos na segunda ronda da competição, de modo a escrever os primeiros capítulos desta história entre clubes emblemáticos do futebol mundial.
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Pouco tempo findado, mas a 4 de novembro de 1981, as equipas protagonizaram um encontro sem qualquer tipo de alteração (0-0). Os 58 mil espetadores no Stadio Olimpico assistiram de perto à passagem pintada de azul e branco, após exibições consistentes em Portugal e além-fronteiras. Uma vitória expressiva tendo em conta a magnitude do adversário que tinham pela frente.
Em 2025, FC Porto e Roma enfrentam-se no play-off da Liga Europa. A poucas horas desse embate no Estádio do Dragão, puxámos a fita atrás e entrámos em contacto com Mickey Walsh e José Alberto Costa, os autores dos golos decisivos nesse primeiro jogo.
Já lá vão 44 anos. A memória dos protagonistas, essa, continua praticamente intacta e o testemunho ao zerozero demonstra isso mesmo.
«Estávamos a sair de um período de transição...»
Antes de passarmos para a partida disputada nas Antas, uma pequena apresentação dos dois jogadores. Mickey Walsh [veja aqui a entrevista ao jornalista Rui Miguel Tovar], atualmente com 70 anos, dividiu a sua carreira entre Inglaterra e Portugal, apesar de ser internacional pela República da Irlanda. Passou por Chorley, Blackpool, Everton e QPR (Inglaterra), assim como FC Porto, SC Salgueiros, SC Espinho e Rio Ave, onde se retirou em 1988/1989.
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José Alberto Costa 6 títulos oficiais |
José Alberto Costa, por sua vez, representou o Vila Real, Académica OAF, FC Porto, Vitória SC, Marítimo e Rochester Lancers, dos Estados Unidos da América [veja aqui a entrevista no Destino:SAUDADE]. Também vivenciou diversas experiências com a camisola dos dragões, pois esteve na Invicta entre 1978 e 1984, sendo bastante utilizado durante esse período: excetuando o último ano, fez sempre mais de 23 jogos.
Agora sim, o 'salto' temporal até ao dia 21 de outubro de 1981, no Estádio das Antas. 30 mil espetadores e duas turmas a quererem colocar-se em vantagem na eliminatória. «Lembro-me que o nosso adversário possuía um estatuto superior comparativamente ao que tem neste momento, mesmo em termos de jogadores. Vários internacionais, quer italianos como brasileiros. O Falcão, camisola cinco, organizava o ataque», começou por referir o antigo extremo esquerdo português.
«Nós estávamos a sair de um período de transição, foi a seguir ao 'Verão Quente', uma altura bastante complicada para o clube. Tínhamos o Hermann Stessl no banco de suplentes, que substituiu o José Maria Pedroto. O Fernando Gomes e o António Oliveira tinham saído, ou seja, tivemos de recorrer ao mercado de transferências. Chegaram alguns brasileiros e o Mickey Walsh, que tinha estado em Inglaterra», acrescentou, antes de dar a palavra ao antigo avançado irlandês, que fala português praticamente na perfeição.
«Foi o primeiro encontro no FC Porto na Taça das Taças. Assinei em setembro e não fui a tempo de disputar a primeira eliminatória contra o Vejle BK, da Dinamarca. Sei que ganhámos e, depois, calhou a Roma. Foi uma vitória fantástica, permitiu-me entrar no clube com o pé direito.»
«Tínhamos uma grande equipa. O João Fonseca era um ótimo guarda-redes, defendeu tudo na segunda mão para segurar o 0-0. Também me lembro do Jacques. Sempre que penso no Algarve, associo à sua pessoa. Era de Vila Real de Santo António, mas infelizmente já não está entre nós», explicou.
Os momentos!
Uma grande equipa de um lado, outra grande equipa do outro lado. «O Falcão era internacional pelo Brasil. Tinham o Carlo Ancelotti ou o Roberto Pruzzo, que foram internacionais por Itália. Não nos podemos esquecer, claro, do Bruno Conti, que fez grande parte da carreira no clube. Estiveram inseridos em seleções com bastante qualidade, que lutavam por títulos internacionais», acrescentou José Alberto Costa, que explicou a importância da vitória para o FC Porto.
17 títulos oficiais
«Eram um conjunto fantástico, mas foi esse tipo de vitórias que catapultou o FC Porto para outro tipo de estatuto internacional. Em 1987 conquistaram a Champions League, depois derrotaram o Celtic, em 2003, antes de levarem a melhor diante do Monaco e contra o SC Braga, em 2004 e 2011, respetivamente. Acompanhei esses jogos [risos]. Estive em Sevilha para a partida com o Celtic. Fiz questão de ir porque passei bons momentos», confessou Mickey Walsh, que se lembra na perfeição como marcou à Roma.
«O Jaime Magalhães ganhou a linha do lado direito, cruzou para o segundo poste e eu cheguei lá de cabeça para marcar, aos 41 minutos, salvo erro. Ficámos em vantagem e, pouco tempo findado, o José Alberto Costa dilatou a vantagem.»
«Numa saída rápida de contra-ataque, meteram-me a bola em profundidade e fiquei isolado. Antecipei-me à saída do guarda-redes e finalizei de pé esquerdo. Só não me lembro do minuto [n.d.r 47 minutos]», explicou o extremo português. Um teste em que os dois protagonistas passaram com distinção, apesar de já terem passado 44 anos entre as duas datas.
«Foram os melhores anos futebolísticos da minha vida»
Para encerrar esta viagem ao passado, relembramos o encontro seguinte na Taça das Taças, pois o FC Porto terminou eliminado pelo Standard de Liège, da Bélgica, que chegou à final da prova. «Também eram uma grande equipa, tinham um histórico impressionante em termos internacionais. Estavam num nível superior a nós. Ainda tentámos reverter a desvantagem de dois golos que trouxemos de lá, mas não fomos capazes. O treinador era o Raymond Goethals, que metia a equipa a jogar em pressão alta, com a linha defensiva muito subida para provocar foras-de-jogo. Jogavam muito bem, estavam mecanizados», disse José Alberto Costa.
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Desta vez, os protagonistas são outros, agora na Liga Europa.
Não há Ancelotti, Roberto Pruzzo, Mickey Walsh ou José Alberto Costa, mas teremos Alan Varela, Samu Aghehowa, Leandro Paredes ou Paulo Dybala. Apito inicial agendado para as 20h00 desta quinta-feira: quem irá escrever mais um capítulo vitorioso no histórico de confrontos?