O desafio agora proposto reveste-se de vários obstáculos e armadilhas, mas revela-se como um nó górdio estimulante e sedutor.
Para facilitarmos o entendimento deste jogo, poderá ser necessário perspetivar o que pode acontecer no dia 29 de dezembro, do ponto de vista dos momentos de jogo. Na impossível missão de nos colocarmos na tarefa de ser Bruno Lage, lança-se o desafio de tentar encontrar um caminho possível e hipotético para defrontar e tentar ultrapassar a equipa do Sporting.
No que toca ao momento em que o Sporting vai ter a bola, a equipa do Benfica terá aqui uma primeira dúvida: o local da pressão. Perspetivando a dupla de centrais Otamendi e Tomás Araújo, poderá ser cauteloso não cair na tentação de pressionar o Sporting à saída da grande área do seu guarda-redes, isto porque além de o desgaste ser elevado para os avançados e médios do Benfica, é difícil ser mantido ao longo dos 90 minutos. Gyokeres e Trincão, e talvez Harder, poderão beneficiar das variantes que podem ser aplicadas na construção a partir de trás. Ainda no mesmo momento, e para o leitor entender também, o Sporting vai ter a bola no meio campo ofensivo, os mesmos centrais (Benfica) terão de ter muita ajuda de Bah e Akturkoglu, que irão fechar muito o espaço dos corredores. Esse espaço será um cavalo de batalha para o jogo das vantagens numéricas que acontecerão nessas zonas. A linha defensiva do Benfica deverá, ora a direita e à esquerda, criar, novamente, superioridade numérica no corredor lateral ou convidar o Sporting a ter que escolher um determinado corredor lateral. O jogo de cruzamentos que tanto tem aumentado neste novo período pós Amorim, terá, devido ao bom posicionamento da linha defensiva do Benfica, um fim não muito positivo.
Partindo para o momento onde o Benfica terá a bola, vai ser confrontado, creio, com minutos iniciais de grande pressão por parte do adversário, tendo em conta o momento atual e o facto de o jogo ser em Alvalade. Será importante aí, a ligação com Di María e Akturkoglu, por dentro, onde das duas uma: ou trarão consigo atrás os defesas centrais adversários, ou encontrarão espaço para se poderem virar de frente para o jogo e acelerar, até porque são dois jogadores com características de verticalidade, de encarar sem receios o adversário em velocidade e de frente. O carrossel que o Benfica tenta fazer no meio campo ofensivo encontrará um travão: a qualidade e dinâmica do defesa central descaído por um dos corredores, juntamente com o médio ala desse mesmo lado. Lembramo-nos de Saka, no jogo contra o Arsenal? Com certeza veremos, Di María aberto na direita com Aursnes a jogar no vértice do triângulo, que ainda contará com Bah, para tentar daí criar situações de cruzamento ou o passe para o espaço, desta feita para Pavlidis, a descair do centro para a direita.
Em relação aos momentos de recuperação de bola, poderá ser nuclear para o Benfica tentar explorar algo que, noutro tempo, funcionava muito bem no Sporting e que ultimamente, fruto de diversas situações, tem sido um calcanhar de Aquiles. No momento de perda de bola em meio campo ofensivo, fruto de dois ou três maus posicionamentos, sobretudo dos avançados e do médio que sobe e se junta a Gyokeres, a equipa tende a descurar a incursão do adversário pelo corredor central. E aqui Pavlidis, nos seus momentos defensivos no corredor central, e o reposicionamento por dentro de Di María e/ou Akturkoglu, podem ser vitais para acelerar o jogo, de forma a poder explorar, em seguida, a largura com Carreras ou Bah, ou até mesmo ganhar faltas ou cartões neste momento. Em contrapartida, no momento em que o Benfica perder a bola, independentemente da zona que tal aconteça, terá de fazer duas coisas: dar à pressão, nesse local, um ou dois jogadores, e mudar o chip no triângulo: Florentino e a dupla de centrais. Tal deve-se aos movimentos e contramovimentos de Gyokeres e as vindas ao centro ou à largura de Trincão e do outro avançado que jogar. O afundar defensivamente da última linha e o jogo das coberturas defensivas terão de estar em alerta máximo.
Nas situações de pontapés de canto e livres indiretos, estes jogos são propícios a que os treinadores mudem as variantes destas situações, na tentativa de, a partir daí, ganhar algo em relação à perspetiva do adversário. Os cantos colocados ao segundo poste, que tanto causaram perigo ao Sporting frente ao Arsenal, podem ser explorados pelo Benfica, mais que não seja pelo grande poder de elevação de Otamendi, e pelo bom ataque ao espaço por parte dos centrais e avançado da equipa do Benfica, por exemplo.
Kokçu deverá pisar muito os terrenos de Hjulmand. A ele será atribuída a importante e difícil tarefa de se equilibrar à largura, do ponto de vista defensivo, aparecendo em zonas de finalização ou colocando muitas vezes o passe a rasgar entre centrais ou entre central e defesa médio ala, sobretudo em situações de contra ataque e ataque rápido .
E na baliza… Trubin.