A precisar de pescar pontos para sobreviver, o Farense viajou até uma zona que tem sido de tormenta para quase todos os forasteiros. Os algarvios foram atrevidos, mas sofreram um duro revés no rumo, mas agarraram-se com tudo o que tinham ao ponto que, não sendo gigante, ajuda a alimentar a esperança de sobrevivência.

A história não é nova. Mas não perde atualidade por isso. E tal como no clássico escrito por Ernest Hemingway, também na ilha de S. Miguel houve um Velho que lutou com todas as forças por desfecho com final feliz. Ricardo foi mais feliz do que o velho Santiago, da história do escritor norte-americano, e o Farense traz da viagem aos Açores um pontinho que, para já, ajuda a sair da zona de despromoção direta.

É certo que Ricardo Velho não ficou sozinho na sua luta. Mas o jogo em S. Miguel tornou-se desigual ainda na primeira parte, fruto da imprudência de Marco Moreno. O defesa-central dos algarvios viu dois cartões amarelos no espaço de oito minutos, ambos devido a faltas imprudentes na zona de meio-campo, e o Farense que tinha conseguido fazer desaparecer o sensacional Santa Clara durante praticamente toda a primeira parte, viu-se em inferioridade numérica durante mais de meio jogo.

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E se nos segundos 45 minutos a equipa de Tozé Marreco se limitou a defender – com tudo e com todos! -, isso não apaga o atrevimento mostrado na 1.ª parte, ainda que sem conseguir ameaçar verdadeiramente a baliza de Gabriel Baptista, a não ser no lance do golo anulado a Marco Matias, aos 11’, por ter dominado a bola com o braço.

Por outro lado, o resultado penaliza o Santa Clara que tentava regressar ao quarto lugar depois do triunfo do SC Braga frente ao Benfica, mas que foi uma sombra de si mesmo enquanto o jogo se disputou em igualdade numérica. O risco assumido por Vasco Matos ao intervalo tornou a equipa melhor, fê-la encostar o adversário à sua área, mas as oportunidades também não abundaram, uma vez que o Farense se defendia com as linhas muito juntas e baixas.

E nas poucas vezes em que os açorianos conseguiram ultrapassar a barreira defensiva, outra maior se ergueu: Ricardo Velho, pois claro! O guarda-redes dos algarvios mostrou o porquê de ser considerado um dos melhores no posto específico em Portugal e agarrou um ponto com um par de defesas de grande nível. Daí que se possa resumir este jogo como ‘o Velho e o somar’. Um clássico algarvio, de resto.