"Iniciei por fora a carreira de treinador nos clubes e isso acabou sempre por me afastar daquilo que é a nossa realidade. Sinto-me cada vez mais próximo de Portugal. Não sei se é para continuar nesta linha como treinador, mas penso que sim, porque assim o quero fazer e tenho essa projeção. Sinto essa necessidade de estar cada vez mais próximo e reconheço valor maior na expressão daquilo que fazemos bem", partilhou.

Paulo Sousa falava aos jornalistas à margem da terceira edição da cimeira Thinking Football, que arrancou hoje e promoverá debates sobre a modalidade com oradores nacionais e internacionais até sábado, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, sob organização da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).

"Há uma transformação notável no desenvolvimento e reconhecimento mundial do talento português, que é transversal a jogadores, treinadores, dirigentes e agentes. Crescemos muito em conjunto e hoje temos uma expressão maior, porque somos reconhecidos. Isso obriga-nos a continuar a evoluir. A LPFP tem uma expressão positiva e muito importante no desenvolvimento do nosso talento", indicou.

Sem sondagens de clubes lusos nos últimos meses, Paulo Sousa rumou em junho ao Shabab Al-Ahli, que foi segundo classificado do escalão principal dos Emirados Árabes Unidos na época passada, após ter festejado em 2022/23 sob alçada de Leonardo Jardim.

"Como um bom português, procuro sempre desafios que ajudam a crescer, mas todos os que me chegaram antes não seriam para ganhar títulos. Este foi o maior desafio. Eu iniciei o meu processo como jogador a ganhar. Mesmo no início da carreira como treinador, também fui ganhando", lembrou, em alusão aos campeonatos conquistados pelos israelitas do Maccabi Telavive, em 2013/14, e com os suíços do Basileia, em 2014/15.

Antes de encarar a 11.ª experiência num país estrangeiro diferente, o técnico natural de Viseu esteve oito meses inativo, já que deixou a então primodivisionária Salernitana em outubro de 2023, finalizando a segunda passagem por Itália, onde já tinha comandado a Fiorentina, entre 2015 e 2017.

"Em Itália, tive projetos diferentes, com outra dimensão e foco. Havia uma distância temporal bastante grande [desde a conquista no Basileia], que me levou a tomar a decisão de abraçar um clube que tem a mesma missão que eu, que é ganhar títulos", justificou.

Paulo Sousa, de 54 anos, soma ainda passagens pelos ingleses do Queens Park Rangers e do Leicester, os galeses do Swansea, os húngaros do Videoton, os chineses do Tianjin Quanjin, os franceses do Bordéus e os brasileiros do Flamengo, além da seleção principal da Polónia e dos sub-16 de Portugal.

"Os Emirados Árabes Unidos estão a investir de uma forma diferente em treinadores e jogadores, mas ainda não tive muito tempo para poder entender o seu projeto-base. É um mercado que tem vindo a crescer no Médio Oriente e penso que essa evolução não será curta a nível temporal. Posiciona-se logo a seguir à Arábia Saudita e ao Qatar", apontou.

Campeão europeu como jogador pelos italianos da Juventus (1995/96) e pelos alemães do Borussia Dortmund (1996/97), o ex-médio despontou no Benfica e partilhou balneário com o atual presidente 'encarnado' Rui Costa, entre 1991 e 1993, antes de protagonizar uma polémica mudança para o rival lisboeta Sporting.

"A comunicação tem uma influência grande, sobretudo para dimensionar o valor daquilo que é ser português. Nós temos valor e talento. Com as suas ideias e competências, esta nova geração [de dirigentes] vai influenciar ainda mais o trajeto feito em prol da integração e terá a humildade de reconhecer que essa unidade entre clubes é fundamental para o crescimento de todos", finalizou.

 

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