Pedro D’Oliveira, atual treinador do Sintrense, falou com o Bola na Rede, antes do desafio do clube frente ao FC Porto, para a Taça de Portugal.

Pedro D’Oliveira falou em exclusivo ao Bola na Rede, onde abordou o desafio do clube que orienta frente ao FC Porto, para a terceira eliminatória da Taça de Portugal. O técnico falou sobre o momento do sorteio e os dias que lhe seguiram:

«Nós não vimos o sorteio juntos, até desvalorizámos um bocadinho. Tentámos não falar sobre ele. O sorteio foi numa quarta-feira, pós treino. Íamos jogar a Loulé, ou seja, todos de certeza que ficaram felizes e contentes pela experiência que íamos viver, mas a mensagem que tivemos que passar era a de não desfocarmos do jogo com o Louletano. Lembro-me bem que falámos na quinta-feira de manhã, estava o elefante na sala, que era o FC Porto, tínhamos de falar sobre isso, mas com o objetivo de falar ali e não falarmos mais até ao pós Barreirense, que foi o último jogo para o Campeonato de Portugal. O objetivo era não falarmos do tema até começarem os dois micro-ciclos de preparação para o jogo com o FC Porto. Acho que é um jogo totalmente diferente. Há jogadores que nunca jogaram um jogo assim e não sabem se vão voltar a jogar. Nós, enquanto equipa técnica, estamos exatamente na mesma posição. Não podemos esconder que é um jogo completamente diferente. À priori, dizemos isso, e temos a certeza do que dizemos, é daqueles jogos que queremos estar quando somos pequeninos e que gostaríamos que fosse a nossa rotina, mas não nos podemos esquecer precisamente que isto não é a nossa rotina. Aconteça o que acontecer, vamos voltar à nossa realidade a seguir».

O treinador assumiu quais são as expetativas para o embate:

«Enquanto treinador e fazendo parte do grupo de trabalho, a primeira mensagem que fiz passar é a de desfrutarmos, temos que desfrutar o jogo ao máximo, porque é completamente diferente do que é a nossa rotina. É inegociável desfrutarmos. A segunda missão é tentar valorizar, ou seja, durante os 90 ou 120 minutos tentarmos dentro das quatro linhas mostrar o que é o nosso ADN, a nossa capacidade de trabalho, a nossa identidade, a nossa alegria e resiliência. Queremos tentar demonstrar o ADN e dar a conhecer o nosso trabalho. Por último, vamos tentar ser o máximo possível para ser mos competitivos, como somos todos os jogos. Costumamos dizer que não ganhamos sempre que jogamos, mas que jogamos sempre para ganhar. Não vamos fugir disso».

Pedro D’Oliveira explicou qual o estilo de jogo do Sintrense, que não sabe o que é perder em 2024/25, em jogos oficiais:

«Eu costumo dizer que nós jogamos consoante o espaço que temos, e o espaço tem sempre um tempo. Eu não consigo dizer que a nossa equipa ou as minhas ideias enquanto treinador podem não ser as mesmas que as dos jogadores, seja um futebol apoiado ou mais vertical, mais agressivo ou mais expetante. O que temos de perceber é que temos de ter um ADN que identifique rapidamente os espaços, explorar e ser o mais objetivo possível. Sentimos que temos de ter a bola, ter muito a bola, para poder atrair e gerir esses espaços. Isto tem acontecido agora mais frequentemente no campeonato, do que no começo. Em seis jornadas conquistámos o respeito dentro do contexto competitivo. Mas no inicio o espaço era muito mais vertical, porque as equipas pressionavam mais altos, tínhamos de ser mais verticais e procurar a baliza o mais rápido possível. Mais que tudo, caraterizar a nossa equipa é termos ao máximo a nossa capacidade de inteligência ligada. Tem que se sentir isso e partir daí é jogarmos o nosso futebol. A nossa proposta valoriza os jogadores».

Pedro D’Oliveira confessou que a manutenção da identidade é absolutamente essencial e está acima de tudo:

«A identidade tem que se manter, é o nosso principal objetivo. Se o sistema é igual ou as dinâmicas são iguais, se calhar não, mas também mudam nos jogos contra o Barreirense ou contra o Louletano. Vamos ter que crescer e ser espertos o suficiente para percebermos que se jogarmos sempre da mesma forma vão haver dois lados da moeda. O primeiro é que a equipa contrária já sabe o que vai apanhar e estamos a desvalorizar um bocadinho o adversário, pois talvez não estejamos a explorar algumas dificuldades deles. Vamos manter que o ADN esteja lá presente, é a nossa missão. Se não conseguirmos provar isso, acho que a culpa é nossa e podíamos ter feito mais. A nossa missão é chegar aos 90 ou aos 120 e sentirmos que demos tudo o que temos».

O técnico confirmou que o discurso para com o plantel se tem baseado precisamente nesse aspeto:

«Sim, não só o discurso como o desafio. O desafio é mesmo esse. Tentarmos trabalhar da mesma maneira do que trabalhamos para os outros jogos. Se assim não for quer dizer que estamos a fazer alguma coisa mal nos outros jogos.se damos um bocadinho mais ou diferentes, significa que não somos seres auto-motivados, ou seja precisamos de uma motivação maior, uma cenourinha, para ainda dar mais de nós. Óbvio que o jogador vai dar um bocadinho mais de si e aí temos que ver isso com bons olhos. Depois temos de ver nos micro-ciclos seguintes vamos ver a capacidade que o jogador vai dar e podemos ter que cobrar um bocadinho mais. É tentar olhar para isto, de maneira a vermos soluções e não apenas os problemas».

Pedro D’Oliveira conta com o apoio dos adeptos do Sintrense no Estádio da Reboleira:

«Não tenho dúvidas que eles estarão lá, azul haverá dos dois lados (risos). Mas acredito que se olharmos um bocadinho para cima vamos ver uma mancha amarela, de adeptos do Sintrense, de adeptos do projeto e de adeptos deste grupo de trabalho. Se há coisa que nos satisfaz é chegarmos a um jogo ao domingo e ver aqueles que tomam as nossas dores, as nossas vitórias, que estão connosco. Eu não tenho dúvidas disso».

Por fim, deixou precisamente uma mensagem aos aficionados:

«Que apareçam sempre. Vamos dar o nosso melhor e tentem dar o melhor deles, porque acredito que essa é a simbiose certa e a forma do sucesso para atingirmos algo mais, é remarmos sempre para o mesmo lado. Se formos sozinhos, é completamente impossível».

Pedro D’Oliveira tem 28 anos e assumiu o comando técnico do Sintrense no último verão. Em 2024/25 soma cinco vitórias e dois empates, em sete desafios.