Pedro Lencart continua a revelar-se um ‘papa-torneios’ e conquistou o seu terceiro título da época em provas do circuito profissional português.

O jogador de 24 anos disputou pela primeira vez o histórico Open Pro-Am da Ilha Terceira e tratou-se de uma estreia auspiciosa, vencendo a prova de 9.100 euros em prémios monetários, que tornou-se no mais importante torneio de golfe das regiões autónomas portuguesas.

Pedro Lencart jogou pela primeira vez no campo de 18 buracos do Clube de Golfe da Ilha Terceira, mas foi o único dos 18 participantes a bater o Par do campo.

Ganhou com 141 pancadas, 3 abaixo do Par, após voltas de 74 e 67, que renderam-lhe um prémio de 2.500 euros.

"Nunca tinha jogado antes, porque na outra data havia sempre torneios do Pro Golf Tour ou do Challenge Tour em que estava inscrito", explicou a Record.

"É um campo diferente, exigente. O tempo não ajudou muito no dia do Pro-Am e no primeiro dia, com muito vento, alguma chuva. É um campo que exige das saídas, porque quando se falha o fairway é difícil de recuperar, mas também é importante ter um bom controlo de distância no jogo curto, dos 100 metros para dentro, porque os greens são difíceis. Se a bola não fica perto do buraco é difícil fazer birdies", acrescentou.

O primeiro dia teve mais chuva e vento e foi complicada a adaptação a um novo campo, fazendo com que tenha terminado os primeiros 18 buracos no 4.º lugar, a 2 pancadas dos líderes, Vítor Lopes e Tomás Bessa, e a 1 ‘shot’ de Nelson Cavalheiro.

Na segunda volta, já com o sol a bilhar, Pedro Lencart recuperou as 2 pancadas de desvantagem e triunfou por 3 pancadas sobre Vítor Lopes, que agregou 144 (72+72), Par, e recebeu 1.800 euros. O 3.º lugar foi para Tomás Bessa, com 145 (72+73), +1, que embolsou 1.300 euros.

Uma volta final em que foi preciso andar a fazer contas: "No último dia não joguei na última formação. Estive um bocadinho às escuras o dia todo. Cruzei-me com a formação que vinha atrás na viragem do buraco 9 para o 10 e perguntei como estavam os resultados. Nessa altura estava empatado (na frente) com o Vítor. Como fiz 2 abaixo do Par nos últimos nove buracos, não sabia se iria chegar ou não (para vencer). Acabei com um putt bastante grande no 18 para birdie, que achei que poderia ser o putt da vitória e só depois soube que tinha ganho por 3".

O 3.º lugar foi um feito importante para Tomás Bessa, o campeão nacional de 2020, que esta época só jogou três torneios, depois de uma longa paragem devido a uma lesão numa mão.

Bessa só voltou a jogar em setembro, no 4.º Torneio do Circuito Aquapor da Federação Portuguesa de Golfe, disputado no Oporto Golf Club, onde foi 18.º (+3).

Depois, jogou o Open de Portugal at Royal Óbidos do Challenge Tour, mas teve de desistir no início da segunda volta, ainda com dores.

Agora, nos Açores, voltou a dar um ar da sua graça, mostrando que, aos 28 anos, tem ainda muito para dar ao golfe nacional, embora, em Royal Óbidos tenha admitido que uma cirurgia ainda não está totalmente fora de questão.

O 41.º Open Pro-Am da Ilha Terceira foi o terceiro título do ano para Pedro Lencart que já se tinha imposto anteriormente no V PGA Portugal Players Championship e no 4.º Torneio do Circuito Aquapor, ambos disputados no Oporto Golf Club, em Espinho.

"Ganhar é sempre especial, dá outra confiança, agora tenho é de jogar internacionalmente como jogo em Portugal. Temos bons jogadores e, portanto, é sempre importante ganhar em Portugal. Este ano tem sido bem positivo, com dois 2.º lugares e três vitórias e ainda falta um torneio em 2024", sublinhou Pedro Lencart.

O campeão nacional de profissionais de 2021 e 2022 não pode defender o título em 2023 nem jogou o Campeonato Nacional Absoluto KIA em 2024, por nos dois últimos anos disputar torneios internacionais nessa mesma semana, mas quando pode competir em Portugal é sempre um candidato ao título. E se o torneio mantiver esta data, é muito provável que volte.

"Adorei o torneio, fomos muito bem recebidos por toda a gente, no último dia os profissionais tiveram imenso apoio, com muita gente a ver-nos jogar. O ambiente é diferente, é sem dúvida um torneio ao qual quero voltar. Fiquei fã", garantiu.

O Open Pro-Am não se tinha realizado no ano passado, mas regressou este ano pela 41.ª vez, agora com uma nova data, pois costumava ser em julho.

É organizado pelo Clube de Golfe da Ilha Terceira e sancionado pela PGA de Portugal, contando para o ranking da associação dos profissionais portugueses.

Logo depois do Open de Portugal (62.ª edição em 2024), é o segundo Open de profissionais mais antigo do país. E como o Madeira Islands Open/BPI, o Azores Ladies Open e o SATA Azores Open deixaram de existir há alguns anos, este é mesmo o torneio mais importante das regiões autónomas portuguesas.

Em declarações à RTP, o presidente do Clube de Golfe da Ilha Terceira, Paulo Quadros, manifestou o desejo de fazer evoluir a prova para outros patamares: "Com mais profissionais a nível internacional, torná-la numa prova mais competitiva a nível europeu e quem sabe até com jogadores dos Estados Unidos e do Canadá. Vamos fazer deste Pro-Am a principal marca do Clube de Golfe da Ilha Terceira.

Também o presidente da PGA de Portugal, Rui Morris, encara o futuro com otimismo: "É um campo de golfe histórico, com um potencial fantástico no que se refere a atacar o mercado internacional. Por isso é tão importante para a promoção do golfe nacional. Mas a continuação deste torneio é também muito importante para a promoção da vertente turística da região".

Se o torneio passar a deter um cariz internacional irá resolver o problema que sentiu-se este ano da falta de profissionais, porque há muito interesse por parte dos amadores. Em 2024 contou com 110 jogadores amadores e não pode haver mais pela falta de profissionais.

Os profissionais jogaram numa primeira jornada em formato de Pro-Am com os amadores e só depois, nos dois dias restantes, jogaram exclusivamente entre si, enquanto os amadores reuniram-se para disputar as classificações ‘gross’ e ‘net’ de três categorias distintas.

O profissional Michael Duarte e o amador Fernando Vieira venceram o Pro-Am do primeiro dia, com 60 pancadas (48 pontos), garantindo ao treinador do Clube de Golfe da Ilha Terceira um prémio de 500 euros. Foi a terceira vez que Michael Duarte ganhou o Pro-Am.

Com apenas mais 1 pancada (menos 1 ponto) houve três formações. O sistema de desempate ditou o 2.º lugar para Ricardo Garcia e Edmundo Silva, enquanto o 3.º posto foi para Pedro Almeida e João Ávila. Ricardo Garcia embolsou 250 euros e Pedro Almeida ficou com 150 euros.

De acordo com a RTP, foi a estreia de Ricardo Garcia como profissional. Há exatamente um ano, estava, ainda como amador, a jogar a final da Taça da FPG/BPI. Agora junta-se a Michael Duarte e Artur Freitas como os profissionais da Terceira, no clube que fê-lo nascer e crescer para a modalidade, embora ‘Ricky’ trabalhe há algum tempo como treinador no Oporto Golf Club, em Espinho.