Ricardo Gonçalves falou sobre o financiamento desportivo num debate promovido pelo ISCTE
O ISCTE Executive Education promoveu esta quarta-feira um debate intitulado "Financiamento do Desporto: Tempo de Mudança?", que surge no âmbito do anúncio do Governo, feito em dezembro do ano passado, de um conjunto de medidas e de um investimento de 65 milhões de euros de apoio ao desenvolvimento desportivo em Portugal, para o quadriénio 2024-2028.
Nesta conversa, moderada por Carlos Barroca, embaixador da NBA Basketball School Portugal e professor do ISCTE, marcaram presença Ricardo Gonçalves, presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), José Manuel Lourenço, presidente do Comité Paralímpico de Portugal (CPP), João Paulo Almeida, diretor-geral do Comité Olímpico de Portugal (COP), Diana Gomes, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) e Pedro Sequeira, presidente da Confederação de Treinadores de Portugal.
O representante máximo do IPDJ abriu a sessão, partilhando alguns dados relacionados com o apoio estatal à prática desportiva em Portugal, comparando com a realidade europeia. "O investimento no desporto em Portugal, ao nível do setor público e administrativo, representa 0,7% do orçamento global. A média da UE é 0,8%, logo estamos abaixo, mas não estamos assim tão longe do pretendido", disse Ricardo Gonçalves, que recentemente suspendeu o seu mandato como presidente da Câmara Municipal de Santarém.
Abordou ainda o peso que as apostas desportivas têm no financiamento das instituições desportivas. "Em 2022, o IPDJ e as federações receberam por via do Placard, regido pelos Jogos Santa Casa, 17,4 milhões de euros e mais 44,3 milhões através das apostas desportivas online, sendo um valor que está a subir... basta ver quem são os patrocinadores das competições desportivas", revelou, antes de falar de forma transparente dos problemas estruturais do país, deixando duras críticas à gestão que tem sido feita dos apoios comunitários.
"Dos 27 países da UE, apenas seis não têm um plano de desenvolvimento desportivo e Portugal é um deles. Por isso, o IPDJ colocou a concurso e já adjudicou a elaboração dessa estratégia. Além disso, não há fundos comunitários para a construção de infraestruturas desportivas. Dos milhões do PRR nem um euro foi alocado para esse tipo de necessidade... Foi uma oportunidade perdida", afirmou o presidente do IPDJ, antes de dar a palavra ao representante do CPP, que se mostrou satisfeito pela inclusão do desporto paralímpico no projeto do Executivo social-democrata.
"A maior surpresa para muitos é o desporto paralímpico estar envolvido no contrato-programa, o que demonstra o desenvolvimento cultural do país e que através destas medidas se começa a normalizar a prática desportiva para pessoas com deficiência e a incentivar os clubes a investir nela", referiu José Manuel Lourenço, que espera mudanças na forma de administrar e distribuir as verbas públicas no desporto.
Houve ainda espaço para relembrar o contributo do antigo presidente do COP, José Manuel Constantino, falecido em agosto passado. "Estas medidas são um reconhecimento do trabalho de 12 anos de José Manuel Constantino, que trouxe a universalidade e a solidariedade para a gestão do COP", lembrou João Paulo Almeida.
Já Diana Gomes e Pedro Sequeira, na representação de atletas e treinadores, respetivamente, destacam as melhorias que este projeto vai permitir a nível da profissionalização das infraestruturas. "O programa responde a algumas reivindicações antigas do CAO, como a melhoria de infraestruturas, com a criação de centros médicos e centros de alto rendimento, o que traz também a possibilidade de haver mais clubes e com melhores condições", afirma a antiga nadadora olímpica.
De referir que o contrato-programa do Governo, anunciado a 17 de dezembro, intitulado "Investir no Desporto, Ganhar o Futuro", contempla 65 milhões de euros de investimento a distribuir por cinco diferentes medidas – infraestruturas desportivas e Centros de Alto Rendimento (27 milhões), Desenvolvimento Desportivo, Inovação e Investigação (15 milhões), Inclusão e Desporto para Todos (12 milhões), Alto Rendimento Desportivo e Carreira Dual (6 milhões) e ainda Formação e Certificação (5 milhões) –, reconhecendo-se que este valor é ainda reduzido para colmatar as várias necessidades do desporto nacional.
Por: André Teixeira
Nesta conversa, moderada por Carlos Barroca, embaixador da NBA Basketball School Portugal e professor do ISCTE, marcaram presença Ricardo Gonçalves, presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), José Manuel Lourenço, presidente do Comité Paralímpico de Portugal (CPP), João Paulo Almeida, diretor-geral do Comité Olímpico de Portugal (COP), Diana Gomes, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) e Pedro Sequeira, presidente da Confederação de Treinadores de Portugal.
O representante máximo do IPDJ abriu a sessão, partilhando alguns dados relacionados com o apoio estatal à prática desportiva em Portugal, comparando com a realidade europeia. "O investimento no desporto em Portugal, ao nível do setor público e administrativo, representa 0,7% do orçamento global. A média da UE é 0,8%, logo estamos abaixo, mas não estamos assim tão longe do pretendido", disse Ricardo Gonçalves, que recentemente suspendeu o seu mandato como presidente da Câmara Municipal de Santarém.
Abordou ainda o peso que as apostas desportivas têm no financiamento das instituições desportivas. "Em 2022, o IPDJ e as federações receberam por via do Placard, regido pelos Jogos Santa Casa, 17,4 milhões de euros e mais 44,3 milhões através das apostas desportivas online, sendo um valor que está a subir... basta ver quem são os patrocinadores das competições desportivas", revelou, antes de falar de forma transparente dos problemas estruturais do país, deixando duras críticas à gestão que tem sido feita dos apoios comunitários.
"Dos 27 países da UE, apenas seis não têm um plano de desenvolvimento desportivo e Portugal é um deles. Por isso, o IPDJ colocou a concurso e já adjudicou a elaboração dessa estratégia. Além disso, não há fundos comunitários para a construção de infraestruturas desportivas. Dos milhões do PRR nem um euro foi alocado para esse tipo de necessidade... Foi uma oportunidade perdida", afirmou o presidente do IPDJ, antes de dar a palavra ao representante do CPP, que se mostrou satisfeito pela inclusão do desporto paralímpico no projeto do Executivo social-democrata.
"A maior surpresa para muitos é o desporto paralímpico estar envolvido no contrato-programa, o que demonstra o desenvolvimento cultural do país e que através destas medidas se começa a normalizar a prática desportiva para pessoas com deficiência e a incentivar os clubes a investir nela", referiu José Manuel Lourenço, que espera mudanças na forma de administrar e distribuir as verbas públicas no desporto.
Houve ainda espaço para relembrar o contributo do antigo presidente do COP, José Manuel Constantino, falecido em agosto passado. "Estas medidas são um reconhecimento do trabalho de 12 anos de José Manuel Constantino, que trouxe a universalidade e a solidariedade para a gestão do COP", lembrou João Paulo Almeida.
Já Diana Gomes e Pedro Sequeira, na representação de atletas e treinadores, respetivamente, destacam as melhorias que este projeto vai permitir a nível da profissionalização das infraestruturas. "O programa responde a algumas reivindicações antigas do CAO, como a melhoria de infraestruturas, com a criação de centros médicos e centros de alto rendimento, o que traz também a possibilidade de haver mais clubes e com melhores condições", afirma a antiga nadadora olímpica.
De referir que o contrato-programa do Governo, anunciado a 17 de dezembro, intitulado "Investir no Desporto, Ganhar o Futuro", contempla 65 milhões de euros de investimento a distribuir por cinco diferentes medidas – infraestruturas desportivas e Centros de Alto Rendimento (27 milhões), Desenvolvimento Desportivo, Inovação e Investigação (15 milhões), Inclusão e Desporto para Todos (12 milhões), Alto Rendimento Desportivo e Carreira Dual (6 milhões) e ainda Formação e Certificação (5 milhões) –, reconhecendo-se que este valor é ainda reduzido para colmatar as várias necessidades do desporto nacional.
Por: André Teixeira