A época já vai longa e há muito que Tomás Araújo mostra não ser de todo uma solução definitiva para a ala direita da defesa do Benfica.

A grave lesão de Bah veio reavivar um problema que outrora havia sido resolvido por Aursnes, mas que, esta temporada, Tomás Araújo vai tendo mais dificuldades em replicar, o que é perfeitamente natural. Ainda assim, dadas as circunstâncias atuais, qual é a melhor solução para esta questão? Continuar com Tomás Araújo limitado até ao Mundial de Clubes ou procurar uma nova abordagem para a posição?

Uma vez que nunca existiu uma alternativa direta a Bah para a posição de lateral direito no plantel, era inevitável a adaptação de um atleta da equipa principal ou a subida de um jovem da equipa B.

Tomás Araújo acabou por se sobrepor a Leandro Santos na titularidade garantida, mas a verdade é que, aos poucos, o defesa central do Benfica vai perdendo o fôlego para fazer os 90 minutos do corredor e isso pode mudar os papéis nesta reta final de uma temporada atípica.

Com o campeonato, a Taça de Portugal e o Mundial de Clubes, o Benfica poderá ter, pelo menos, nove jogos pela frente esta época ainda. Jogos esses de uma exigência máxima e que requerem a equipa no melhor nível possível.

Nesse sentido, Bruno Lage terá de escolher se quer continuar com Tomás Araújo, ou começar a apostar mais em Tiago Gouveia e Leandro Santos. E qual é a melhor opção neste momento?

Tomás Araújo é aquele que tem dado mais garantias, mas a verdade é que também tem mostrado ser cada vez mais difícil jogar constantemente naquela posição. Não tem as melhores características possíveis para a exercer, nem o estofo físico necessário, algo que o próprio já admitiu. Cumpre os mínimos. Além disso, o rendimento que António Silva tem apresentado como defesa central faz com que seja cada vez mais necessário o regresso de Tomás Araújo à dupla com Otamendi no eixo central.

Depois surge Leandro Santos. Ele que se estreou numa altura em que Bah ainda jogava, e parecia começar a ser aposta como a principal alternativa ao dinamarquês, acabou por ir tendo muito poucos minutos ao serviço da equipa principal das águias, não sendo sequer convocado em grande parte das ocasiões. Apesar disso, na primeira mão da eliminatória frente ao Tirsense, o jovem lateral foi um dos melhores jogadores em campo e mostrou o potencial que pode vir a alcançar. Resta saber se o treinador conta realmente com ele para o futuro da posição ou se ainda não existe confiança nesse sentido.

Por fim, surge Tiago Gouveia. O extremo de raiz, que esteve lesionado grande parte da temporada, regressou aos relvados há poucas semanas e voltou para ser lateral, pelo menos neste momento. Mesmo que não seja a posição original do jovem formado no Benfica, onde já mostrou dar algumas garantias, Gouveia é agora visto como uma possível solução para a ala direita encarnada.

Bruno Lage elogiou inclusivamente a qualidade em cruzar que Gouveia possui, mas, depois dessas declarações, o jogador ainda não teve muitos minutos em jogo. A verdade é que olhando para um jogo em que o Benfica se encontra maioritariamente no meio-campo ofensivo, Tiago Gouveia acaba por ser mesmo a solução ideal para o sistema encarnado. Isto porque tudo aquilo que oferece acaba por se encaixar na perfeição com as necessidades ofensivas da posição.

Por outro lado, as tarefas defensivas são ainda uma incógnita visto que ainda não houve um jogo que Tiago Gouveia estivesse presente onde tenha tido essas responsabilidades.

De qualquer das formas, estas experiências que podem vir a ser feitas na reta final desta temporada surgem também como uma preparação para o futuro da posição na próxima temporada. Com as recorrentes lesões de Bah é extremamente necessário existir uma segunda garantia no plantel, e que não seja apenas uma solução de resgate, como tem acontecido. Tem de ser alguém que realmente se apresente como uma alternativa viável e que se encontre no mesmo nível do suposto titular.

É algo que o Benfica já peca há algum tempo e surge cada vez mais a necessidade de o solucionar. Tiago Gouveia e Leandro Santos apresentam-se como opções internas e não apenas como soluções temporárias.

Caso a estrutura e o treinador não olhem para essa questão da mesma forma, o mais provável é que o mercado de verão traga um novo lateral direito à Luz. Até lá, pede-se a aposta naqueles que podem acrescentar algo até ao fim da temporada.