Um clássico é sempre um clássico. Não importam estados de forma. Às vezes ganham quem está pior. Estes jogos decidem-se nos detalhes.

Poderíamos escrever parágrafos e parágrafos com frases feitas e ideias expressas uma e outra vez sobre os clássicos, os jogos grandes, os duelos de máxima tensão. Por poupança dos olhos e da paciência, fiquemo-nos por aquelas.

No 256.º confronto entre Benfica e FC Porto (domingo, 20h45, BTV), a necessidade de reação é o mote que une águias e dragões. A urgência é aguçada pela situação pontual — os lisboetas a oito pontos da liderança, ainda que com menos uma ronda disputa, os portuenses a três pontos —, mas, sobretudo, pelas derrotas recentes: o Benfica vem de cair em Munique, numa exibição que gerou críticas devido à falta de aposta ofensiva de Lage, o FC Porto foi batido pela Lazio.

Com base no passado recente, a partida verbal que antecedeu a partida da Luz foi marcada por promessas. Promessas de ataque, promessas de respostas “à Benfica” ou “à FC Porto”, garantias de compromisso e dedicação.

A “agonia” de Vítor Bruno

O técnico dos dragões foi o primeiro a falar. Questionado sobre a falta de tempo para preparar o clássico, Vítor Bruno admitiu que era um “constrangimento”, mas, numa expressão repetida, disse que não se ia “escudar nisso”.

Danilo Di Giovanni

Não só de calendário se fazem os lamentos azuis e brancos. Vítor Bruno falou de “uma linha defensiva nova” e de “jogares que chegaram no último dia de mercado". “Tudo leva tempo a ser construído”, disse o técnico.

No entanto, a cada frase que poderia soar a queixa, o treinador repetia a frase. “Não nos queremos escudar nas dores de crescimento”, atirava.

Sempre palavroso, Vítor Bruno descreveu a “agonia terrível” de cair em Rona nos descontos, opinando que o desfecho no Olímpico foi “demasiado cruel”. Apelando à reação da equipa, o treinador entrou no capítulo das promessas. “Seremos organizados e intensos, uma equipa à FC Porto”.

Mostrando indiferença para com o momento do Benfica — “o que se passa do outro lado diz-me pouco, não posso controlar” —, o treinador prepara-se para o terceiro clássico do seu curto período no banco azul e branco. Para já, venceu a Supertaça, com uma grande reviravolta contra o Sporting, e perdeu em Alvalade, na última derrota que somou na I Liga.

Lage e o ataque

Em Munique, o Benfica não realizou qualquer remate à baliza do Bayern. Bruno Lage assume que ficou o “sentimento” de que era possível “ter feito melhor principalmente no momento ofensivo".

Gualter Fatia

Confrontando com a postura defensiva das águias na Alemanha, Bruno Lage reagiu: “Olho sempre para o jogo de forma ofensiva. Defino primeiro muito bem estratégia ofensiva e depois como defender”, atirou.

O técnico, campeão nacional na Luz em 2018/19, falou depois de Vítor Bruno. Tal como o colega de profissão, embarcou em promessas relacionadas com identidade, mostrando-se esperançoso num conjunto a “reagir à Benfica”.

Com Bah novamente disponível, o ex-Botafogo disse que o debate em torno dos três centrais é “uma falsa questão”, porque “o que é mais importante são as dinâmicas”. Os pontos, esses, não pressionam as águias, garante Lage: “À décima jornada nenhum jogo é decisivo. É importante, apenas”.