Jogou-se com três semanas de atraso, deixou a classificação em modo provisório, mas terminou da forma como certamente Bruno Lage e os adeptos encarnados pretendiam. Com tiques de autoritarismo, o Benfica impôs-se sobre o Gil Vicente na deslocação ao Estádio Cidade de Barcelos e confirmou a reposição em tons de encarnado (0-3). Com os mesmos 26 jogos que o Sporting, as águias encostaram à liderança com os mesmos pontos dos leões, enquanto que os galos prolongam a depressão de resultados.

Com apenas uma mexida em relação ao apertado triunfo diante do Rio Ave, Bruno Lage voltou a apostar na inclusão de Belotti no lugar de Pavlidis - somou mais de 100' pela Grécia na paragem de seleções - e viu César Peixoto agitar mais peças no xadrez gilista. Tidjany Touré e Pablo saltaram para a titularidade, ao passo que Rúben Fernandes foi preterido por Buatu no eixo defensivo. Por ventura, a maior surpresa a par da ausência do playmaker, Fujimoto.

Entre duas equipas a atravessar momentos distintos, o Benfica abriu a partida a todo o vapor e, logo nos primeiros cinco minutos, contabilizava já duas boas situações para marcar. Zeki Amdouni - quinto jogo consecutivo a titular para a I Liga - surgiu em zona interior e tocou para o remate de Aursnes mesmo nas barbas de Andrew. Ainda a frio, o guardião brasileiro do Gil Vicente cedo se habituou a sujar o equipamento.

Aursnes encheu o campo @Catarina Morais / Kapta +

De seguida, coube ao internacional suíço testar uma meia distância descalibrada por pouco, seguindo-se a reação instantânea dos gilistas, quase que a ameaçar um equilíbrio na discussão dos acontecimentos que não se confirmou. Pablo cabeceou para bela defesa de Trubin e, por alguns minutos, o Gil foi-se mostrando descomplexado ofensivamente, sobretudo quando João Teixeira descaía para a meia direita.

No entanto, tais sintomas foram sol de pouca dura. O Benfica continuou autoritário e a vantagem surgiu, já depois de Kökçü ter deixado as luvas de Andrew a arder. Desdobramento perfeito do ataque encarnado pela esquerda, onde Bruma serpenteou sobre Zé Carlos e serviu Aursnes para um remate irrepreensível. 0-1 para os encarnados, num lance sem mácula.

Na frente do resultado, o Benfica manteve o ascendente, instalou-se no meio-campo ofensivo e não permitiu saídas rápidas ao Gil, que se foi limitando a fechar os espaços através de uma cortina defensiva onde Bamba foi o quinto elemento. Com tudo controlado até ao descanso, Belotti e Bruma - de forma acrobática - cheiraram o 0-2, mas a margem mínima manteve-se para a segunda parte.

Manter a postura e levar o ouro

Sem alterações nas duas equipas no reatar, o Benfica manteve o mesmo registo com que deixou o primeiro tempo e elevou a contagem sem forçar muito.

Na cobrança exemplar de um livre, Kökçü encontrou António Silva com um à vontade tremendo na área gilista, cabendo ao jovem encarnado servir Belotti que, no poste mais distante, cabeceou para mais um golo. Consumava-se a erupção sonora do mar vermelho presente para apoiar a equipa de Bruno Lage!

Com o controlo da partida do lado encarnado e sem grandes argumentos do Gil para contrariar ou incomodar a baliza de Trubin, a partida desenrolou-se mais perto da área anfitriã, numa reta final que ficou marcada pelo regresso de Di María à competição, mês e meio depois da última partida efetuada.

Pavlidis, Akturkoglu, Renato Sanches também conferiram sangue novo aos forasteiros, enquanto César Peixoto apostou - sem grande sucesso - nas entradas de Fujimoto, Carlos Eduardo, Bermejo, Kazu ou Cáseres. Com tudo resolvido, ainda houve tempo para a pincelada final da marca dos onze metros, que Di María se encarregou de rubricar. O ouro ficou entregue aos encarnados, na primeira vez que um grande saiu com o V de vitória do anfiteatro gilista.