Pedro Ruiz Delgado, considerada uma das pérolas da academia do Real Madrid, foi obrigado a terminar a carreira bastante jovem, após rasgar o ligamento cruzado e os dois meniscos do joelho esquerdo numa partida pelo Castilla diante do Penya Deportiva, a 26 de janeiro de 2020.

Desde então, o espanhol de (atualmente) 24 anos tentou de tudo para regressar aos relvados, mas não foi possível e recordou a situação, em entrevista ao Diario As: «Tinha acabado de marcar dois golos contra o PSG na Youth League, estava a sentir-me muito bem, e aconteceu-me no Castilla. Num livre do meu central, saltei com o Copete, que agora está no Mallorca, ele meteu um pouco o corpo para fora, eu saltei com o joelho em cãibra e, quando o estiquei, parti tudo. Cruciforme, menisco interno e menisco externo.»

«Mesmo assim, o Raúl [treinador] disse-me para continuar a jogar que não tinha nada, apesar de eu estar a chorar, mas lembro-me que marcaram um golo e quando eu ia fazer o passe do meio-campo, o meu joelho saiu completamente. Quando saí, disse-lhe: ‘Estás a ver que tenho alguma coisa?’», relembrou, sendo que o processo de recuperação demorou muito mais do que o esperado, sem razão aparente.

«Os médicos a quem mostrámos o vídeo não conseguiam explicar como é que, com uma ação em que aparentemente nada aconteceu, parti o joelho daquela maneira. O Dr. Leyes, o cirurgião de Madrid, disse-me que era a pior lesão de joelho que tinha visto na sua vida... O prognóstico era de nove meses, mas no sexto mês tive de ser operado de novo ao menisco interno porque me doía imenso. Quando estava prestes a voltar a treinar, podia ter uma picada e voltava a andar a coxear... Estava a passar de 100 para zero. Aconteceu-me sete ou oito vezes. Isso acrescentou mais quatro ou cinco meses à recuperação...», explicou, sendo que acabou por sair do Real para rumar ao Marselha, no qual foi emprestado ao NEC Nijmegen.

«Psicologicamente foi difícil. Porque, nessas pausas, podia estar duas semanas de baixa e perder o músculo da perna... era frustrante. Por isso, a minha família foi muito importante e também me senti muito apoiado pelo meu agente. Sempre tive a mentalidade de um tigre, mas tantos meses passaram e tantas coisas foram tentadas sem resultados? Tentei tudo. Fui ao Vitória para fazer mais duas operações. Precisava de sair de Madrid, precisava de mudar de ares, estava a fazer a mesma coisa há demasiados meses...», atirou, recordando o momento em que se apercebeu a situação era irreversível.

«O Marselha emprestou-me nesse primeiro ano ao NEC Nijmegen dos Países Baixos e foi como voltar à vida. Estreei-me num amigável contra uma equipa da Bundesliga e marquei um golo. Tive problemas, mas ia jogar um amigável. Tinha dores, mas ia treinar na minha bicicleta, era um paraíso para mim. Até que numa sessão de treino, numa curva, reparei no estalido… e os pesadelos voltaram. Em Marselha, viram que eu tinha um tendão cruzado, não estava partido, mas não estava a fazer o seu trabalho. O médico-chefe do clube disse-me que ia ser operado de novo e que ia ficar bem, mas passei mais um ano parado. Não posso fazer três corridas... é impossível. Só no último minuto é que perdi a ilusão de voltar a jogar futebol», atirou, garantindo que já fez as pazes com a situação e que tem planos concretos para o futuro, ainda no mundo do futebol.

«Sempre quis manter a calma, que não havia mais nada a fazer. Fui consultar um médico especializado em fisioterapia científica avançada, que tem as melhores máquinas que existem. Estive lá durante um mês, das oito da manhã às doze da noite. Depois, mais duas semanas. Ele disse-me: ‘Pedro, se eu não consigo regenerar a tua cartilagem, ninguém consegue’. E não foi possível. Gastámos muito dinheiro, mas nada resultou. O meu problema não é não poder jogar a um nível elevado, é não poder correr daqui para ali (aponta para a parede). No meu joelho, osso choca com osso, pimba, pimba, fico com nódoas negras. Nem sequer consigo matar o inseto. Dava o meu braço para jogar cinco minutos num jogo. O que é o futebol para mim, se é o que fiz toda a minha vida? Mas não faz mal. Agora é altura de ter sucesso a partir de outro lugar (sorri)», finalizou.

Atualmente está a fazer um Mestrado em Gestão de Futebol na Universidade Europeia, tem planos para continuar envolvido com os jovens da academia do Real Madrid, e, quem sabe, tornar-se num treinador no futuro.