Não interessa de que lado é, contra quem é, o que é certo é que, no quotidiano do futebol, é difícil encontrar arma mais perigosa que os cantos do Arsenal. À partida para este duelo frente ao Manchester United, eram 20 golos de canto marcados. Depois do duelo, foram 22.

Dito isto, o jogo do Arsenal foi muito mais que a bola parada e, por outro lado, o do Manchester United.., não mostrou assim tanto. Ruben Amorim fez seis alterações no onze que goleou o Everton por 4-0. Maguire foi titular e liderou uma linha defensiva que foi, porventura, o melhor aspeto que o Man. United teve para mostrar. Mazraoui mostra-se cada vez mais adaptado à posição no eixo e combinou com Malacia para, na primeira parte, anular as iniciativas de Bukayo Saka, que foi, estranhamente, um dos mais apagados.

Bruno Fernandes jogou no meio-campo, o que trouxe várias dificuldades mais à frente, com Mason Mount pouco envolvido. Do outro lado, a máquina está totalmente oleada e, quando não era através de combinações rápidas, era... de canto.

Foi na bola parada que os gunners começaram a criar perigo, com Thomas Partey a falhar o cabeceamento a cruzamento de Rice. 15 minutos depois, foi Martinelli que, na área, rematou por cima. Ainda houve tempo para, no meio de tanto controlo anfitrião, Diogo Dalot rematar cruzado, mas sem perigo. Poucas oportunidades antes do descanso, mas o segundo chegou mais animado.

Declan Rice, que voltou a ser dominante no meio-campo, está a começar a mostrar grande nível em termos ofensivos. É ele o responsável por bater cantos do lado esquerdo e, pelo terceiro jogo consecutivo, o Arsenal tirou frutos: o inglês cruzou, muitos bloqueios na área e Timber, ao primeiro poste, encostou para o inaugurar o marcador, ao minuto 54.

O golo acabou por premiar a boa exibição que o Arsenal vinha a fazer e que, depois do intervalo, ainda melhorou. O jogo abriu, o Manchester United até podia ter empatado, mas David Raya, pouco chamado a intervir, voou para parar cabeceamento de De Ligt.

19 minutos depois do primeiro golo, eis que surge outro canto. Agora pela direita, Saka bateu, Thomas apareceu ao segundo poste e Saliba capitalizou mais uma exibição digna de destaque (sobretudo sem o parceiro Gabriel, de fora por lesão) com o 2-0.

O United criou pouco, fez o que pôde para não sofrer, mas, com esta afinação na bola parada, o Arsenal conseguiu aquilo que merecia no jogo corrido. Ao fim de quatro jogos, eis a primeira derrota do novo Manchester United de Ruben Amorim.