O Sporting deu esta quinta-feira de manhã uma conferência de imprensa para anunciar e apresentar Rui Borges como novo treinador.
Rui Borges é oficialmente o novo treinador do Sporting, confirmado esta quinta-feira de manhã em conferência de imprensa. O técnico de 43 anos deixou o Vitória SC e rumou assim a Alvalade, onde assinou um contrato até 2026 numa transferência em que os leões pagam 4,1 milhões de euros. Rui Borges falou enquanto técnico do Sporting:
«Acima de tudo agradecer a Frederico Varandas pelas suas palavras e confiança. Queria deixar uma palavra de enorme apreço a todos do Vitória SC, tudo o que fizeram e acreditaram. Todos, desde rouparia à cantina. Todos foram importantes no nosso trajeto para podermos conseguir realizar um sonho que foi chegar aqui. Um obrigado muito grande a todos do Vitória SC, aos adeptos em especial. Estou muito feliz e orgulhoso. Sinceramente não tenho muitas palavras para descrever aquilo que tenho sentido nos últimos dias. Dias intensos, dias felizes. Resta-me dizer que estou muito feliz e ansioso para trabalhar. Com uma confiança enorme de ser feliz aqui no Sporting, o futuro será risonho».
Rui Borges mantém otimismo:
«Não olho para o momento como um momento delicado. Estamos em todas as frentes. Para mim, não há. Estou é muito feliz por poder representar o campeão nacional. Queremos é trabalhar. Foi isto que nos chegou até aqui. É o respeito e a honestidade».
Rui Borges falou sobre a estreia diante do Benfica:
«O momento, para mim, é o certo, sempre. Sou muito positivo, acredito que as coisas acontecem quando têm de acontecer. É uma oportunidade pela qual todos trabalhámos. Sou o líder do campeão nacional, não podia estar mais feliz».
Rui Borges abordou a questão do modelo tático, recordando que o Sporting tem jogado há anos em 3-4-3 e o novo técnico utiliza mais o 4-3-3:
«É muito subjetivo falar do sistema, porque, se olharem para o que têm sido as nossas equipas, ao longo do tempo, os sistemas têm sofrido mutações, com dinâmicas diferentes. É apenas uma estrutura que, depois, dá azo a muitas coisas. Não deixarei de ser o Rui Borges, sou o líder da equipa técnica que temos sido até hoje».
«Calendário difícil? São grandes jogos, é isso que nós queremos. Olho sempre para o próximo adversário de forma simples, o mais séria possível, independentemente de quem for. (…) Foco-me só no Benfica, é o próximo. Nos outros não vale a pena pensar. Quem pensar muito à frente, não vai estar focado no imediato, no que é importante. O importante é focar ao máximo em passar algumas ideias aos jogadores, conseguir fazê-los acreditar e entender. Passar pouca informação, mas certa. É focar muito nisso, no imediato. E o imediato é o Benfica. É isso que me guia para já», disse, destacando que os próximos jogos são com o Benfica, Vitória (fora de casa) e FC Porto para a Taça da Liga.
Rui Borges foi questionado sobre contratações:
«Olho para o plantel, é o melhor plantel. Não é o melhor momento para falar em contratações ou mercado de janeiro. Feliz com os que estão, vamos ser competentes e competitivos».
«Presente envenenado? Não faz sentido nenhum, na minha cabeça. É o momento certo, feliz. O Sporting está em todas as frentes, estou feliz por poder estar nessa luta. A nossa ambição é acrescentar valor e troféus ao Sporting, é o que todos queremos. É o nosso foco. Para mim, é o melhor presente de Natal que podia ter tido. Não olho de forma tão negativa como, às vezes, vocês fazem. Olho para as coisas de forma positiva, não podia estar mais feliz».
Frederico Varandas disse que João Pereira não conseguiu ser João Pereira e Rui Borges poderá ser Rui Borges. Eis o que disse o técnico sobre essas palavras:
«Não me vou alongar muito, estou focado no momento, no presente e no futuro. Sou o líder, mas todos nós temos responsabilidades enquanto equipa técnica e não sou ninguém sem os meus adjuntos. É o que é. Concordo com o presidente. Quem entrasse, fosse o João ou outro, iria ter aqui algum desconforto. Daquilo que observamos, poderia haver uma quebra emocional nítida. Não me posso alongar porque estava de fora. Uma coisa é estarmos fora, outra é estar cá dentro e perceber as coisas de outra forma. O Ruben passou, um grande treinador que admiro imenso. Tem a sua liderança. A partir de hoje é a do Rui Borges. Não comparável, porque cada um tem a sua forma de ser, de estar, e lutará para ser feliz nesse sentido. Foco-me no que posso controlar, e é isso que posso dar aos jogadores. Sem jogadores, não somos ninguém. O meu foco é o meu plantel e o meu dia-a-dia».
Rui Borges foi questionado sobre as diferenças de treino e comunicação para com João Pereira e Ruben Amorim:
«”É tudo diferente. O Ruben é o Ruben, o João é o João, o Rui Borges é o Rui Borges. Tenho um grande apreço e admiração pelo Ruben, identifico-me com ele, mas não sei como trabalha. Vou percebendo a forma de comunicar dele, que é excelente. Eu não tento imitar ninguém nem nunca irei fazê-lo. Sou mirandelense com muito orgulho e ali trabalha-se. Foi isso que me trouxe até aqui. Focar-me no meu trabalho e nunca duvidar dele, mesmo que as coisas não corram tão bem. Cada um é como é, acho que ninguém se deve comparar a ninguém. Sou o Rui Borges com muito orgulho. À minha maneira, penso que sou um bom líder, e assim continuarei a trabalhar.
«Dérbi? Na minha cabeça está fazer um bom jogo e ganhar (seja o jogo que for). Independentemente de ser o Benfica. A liderança, e a classificação, são sempre consequência do que formos capazes de fazer no jogo. Se formos competentes vamos ganhar, e depois isso dá-nos a liderança. É tudo uma consequência do trabalho e é nisso que me foco».
Rui Borges ressaltou confiança e apoio:
«A maior confiança que me podiam ter dado é estar aqui neste momento. Nesse sentido, o apoio é a 1000%. Não tenho dúvidas de que estamos todos num só caminho, para nos ajudarmos. As vitórias são de todos, não só minhas ou dos jogadores. Toda a gente que trabalha todos os dias na Academia. Todos são importantes, cada um no seu papel, para que sejamos mais fortes e muito positivos, com energia. Queremos ganhar. A confiança penso que é absoluta. Gosto de perceber os jogadores. De os entender.
«Sou uma pessoa muito de sentimento, de observar, sentir e conversar. Conhecer as personalidades, onde os jogadores se sentem mais à vontade. Dentro de uma ideia, quero tirar o melhor rendimento de cada um. Aproveitamos sempre algo [do passado]. Ninguém é melhor do que ninguém e ninguém sabe tudo aqui, aprendemos todos os dias e uns com os outros. O meu foco é nesse sentido. Perceber algumas coisas em pouco tempo, nunca fugindo à nossa liderança e à equipa técnica de Rui Borges», disse também.
Frederico Varandas disse que tanto Ruben Amorim como João Pereira iriam estar num colosso dentro de alguns anos e perguntaram ao mister Rui Borges se olhava para isso. Além disso, foi questionado sobre as lesões no Sporting, sobretudo no meio-campo, onde jogava no Vitória SC com três médios:
«Estou feliz por estar no Sporting, não estou a pensar em gigante nenhum, isso passa-me ao lado. Não poderia estar mais feliz. Três médios? Se forem atrás naquilo que é a minha forma de comunicar, a minha personalidade, vão perceber que digo que sou um treinador que arranja soluções. Não estou aqui para me lamentar. Se olharem para o meu caminho em todos os clubes, vamos perdendo muita gente (ou por lesões, ou por vendas), e nunca me ouviram queixar. Não há tempo para lamentar nada. Há tempo para trabalhar e para nos agarrarmos a soluções. Há sempre soluções, adaptações para tudo. Temos de ser capazes de lidar com alguns desvios no nosso trajeto para continuarmos a ser bastante competentes, competitivos e ganhar muito. É isso que queremos todos».
Rui Borges revelou quando soube pela primeira vez do interesse do Sporting:
«Em relação ao jantar, ainda bem que pergunta. Até brinquei com o Hugo [Viana] e disse-lhe ‘o bacalhau que jantámos estava bom’. Esse jantar jamais existiu, era uma falta de respeito comigo e com o Vitória. A primeira vez que soube do interesse foi mesmo no dia do jogo do Vitória, através do meu representante. Foi muito rápido e intenso. Não posso dizer mais nada porque foi isso que aconteceu. Ri-me um bocadinho com isso do jantar, ainda para mais em Famalicão… As pessoas não têm noção do que dizem, mas ainda bem que perguntou. Como se prepara o dérbi? Em três dias… Olho para as coisas de forma positiva. Podia andar aqui a enrolar um dia ou dois, vir só depois do dérbi, mas a seguir ao dérbi tinha outro jogo difícil. É três dias e é o que é. Focar-me em pequenas coisas que acho importante».
Esta quarta-feira à noite, João Pereira foi demitido do comando técnico do Sporting, após não aguentar a crise de resultados nos últimos tempos. Rui Borges foi assim apontado como o eleito para render o jovem treinador, que veio da equipa B. Podes ler AQUI tudo o que disse o presidente Frederico Varandas na conferência de apresentação.