O FC Porto concluiu a renegociação da sua dívida, uma das promessas eleitorais do agora presidente André Villas-Boas. A SAD anunciou esta quinta-feira ter celebrado uma emissão de obrigações no valor global de 115 M€, com 5,62% de taxa de juro, e com um pagamento a 25 anos. A operação financeira, trabalhada ao longo dos últimos sete meses, foi concretizada com a USPP (US Private Placement), através da JP Morgan e com a participação de algumas das maiores seguradoras do mercado internacional.

Este empréstimo, com um custo competitivo ao nível dos juros, servirá para reembolsar vários financiamentos que transitavam da anterior gestão da sociedade e cujas taxas de juro eram mais elevadas (a média toca os 7%, mas há dívida contraída a 8, 10 e 12%). A verba será utilizada também para abater o passivo da SAD, assim como pagar dívida a outros clubes e fornecedores.

Com este reforço dos cofres, a SAD do FC Porto também procederá a investimentos que lhe permitirá crescer a nível comercial, operacional e desportivo. No que a este último ponto diz respeito, apurou Record, isso poderá verificar-se ao nível da construção do Centro de Alto Rendimento, no Olival. No entanto, o investimento no crescimento desportivo pode não ser encaminhado por essa via, caso seja encontrado um parceiro para a obra, o que está a ser trabalhado.

A concretização deste financiamento, sabe Record, é vista pela administração liderada por André Villas-Boas como um marco muito importante na recuperação do FC Porto e que atesta a credibilidade da nova administração. A operação contou com o contributo decisivo das equipas financeira, liderada por Pereira da Costa, e de jurídico, sob alçada de José Luís Andrade.

O FC Porto, de resto, já comunicou a operação ao mercado. Leia agora os moldes em que está assente:

"A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD ("FC Porto") vem informar o mercado, os Associados, Adeptos e Simpatizantes do Futebol Clube do Porto e o público em geral que, na presente data, concretizou, através da sua subsidiária integralmente detida Dragon Notes S.A., uma emissão de obrigações no montante de 115 milhões de euros, com um prazo de vencimento de 25 anos e com uma taxa de cupão fixa anual de 5,62%, através de colocação privada junto de investidores institucionais no mercado dos EUA.

As obrigações pagarão durante os primeiros três anos apenas um juro anual em novembro de cada ano e de novembro de 2028 a novembro de 2049 serão reembolsadas por prestações constantes (capital e juros), o que representa uma maturidade média ponderada de 16,5 anos. Sendo a Dragon Notes a subsidiária que detém a totalidade da participação do FC Porto na Porto Stadco correspondente a 70% dos direitos económicos dessa sociedade, as obrigações Dragon Notes serão garantidas em primeira linha pelos dividendos a pagar pela Porto Stadco à Dragon Notes, sendo que o eventual excesso, após serviço da dívida, será distribuído para o FC Porto após cumprimento de determinadas condições. Nesta operação não foram atribuídas aos obrigacionistas garantias reais, nomeadamente a hipoteca sobre o Estádio do Dragão ou passes de jogadores.

A operação Dragon Notes destina-se a refinanciar o passivo existente e a financiar a atividade global do FC Porto e representa um passo decisivo na concretização da estratégia de financiamento do FC Porto, permitindo i) a extensão da maturidade média da dívida; e ii) a redução do custo médio da dívida, em linha com objetivos oportunamente comunicados.

O FC Porto congratula-se com a elevada procura registada nesta emissão (cerca de 170 milhões de euros), bem como com a elevada qualidade dos investidores institucionais que participaram na operação, como resultado da qualidade de crédito da Dragon Notes, evidenciada pela notação de
investment grade atribuída pela agência de rating DBRS (rating de crédito de longo prazo de BBB Low) em resultado de um modelo de negócio resiliente e com perspetivas de crescimento por parte da Porto
Stadco.

Esta operação foi tambem alicerçada na renegociação da parceria com a Ithaka concluída em agosto pelo atual Conselho de Administração para, entre outros aspetos, prever a possibilidade de o FC Porto poder emitir dívida com base nos 70% dos direitos económicos da Porto Stadco que continuará a deter.

Nesta transação o J.P. Morgan atuou como Agente Colocador das obrigações e a Key Capital Partners como advisor financeiro do FC Porto. A Clifford Chance e a PLMJ atuaram como assessores legais do FC Porto. Os custos totais destas entidades, assim como da agência de rating, representam 0,26% por ano do valor total da emissão."