
Jogador da NBA ao longo de 12 épocas, 11 das quais nos Spurs, clube que o escolheu na 3.ª posição do draft de 1989 e o foi buscar, novamente, em 1994/95 após o ter enviado para os Pistons em 1993/94, por troca com Dennis Rodman, Sean Elliott, de 57 anos, é uma das estrelas da história dos texanos, que lhe retiraram o número 32.
Em 1999, depois de ter os ajudado na conquista do primeiro título, fez um transplante de rim, regressando à ação em 2000, sete meses depois, como o primeiro profissional a voltar a jogar, na sua modalidade, após transplante.
Era um dos triplistas de Gregg Popovich, mas, noutra era, nunca lançou mais do que 392 triplos numa época (marcou 161, 41,1%) e 12 numa partida (marcou 8). Stephen Curry, por exemplo, registou 357/876 em 2023/24 (40,8%) e incríveis 402/886 em 2015/16 (45,4%).
— Um triplo seu na final da Conferência Oeste de 1999, que ficou conhecido como O Milagre do Memorial Day, ajudou a marcar a sua carreira e a história dos Spurs no caminho para o primeiro título. Hoje em dia todos lançam de três pontos, desde os bases aos postes…
— Sim, agora toda a gente lança.
Para mim, como sempre disse nas nossas transmissões televisivas, o jogo sempre foi de dentro para fora. E será sempre de dentro para fora.
— Acha que estão a fazer-se demasiados lançamentos de três pontos e as equipas estão a apostar mais do que deviam nisso? O jogo mudou mesmo ou vai haver um retrocesso nessa opção?
— Para ser sincero, penso que tem de existir mais equilíbrio no jogo. Gosto que os rapazes sejam capazes de fazer lançamentos de três pontos e isso alarga o campo e cria mais espaços, mas não se pode simplesmente lançar de três e fugir da estratégia básica do basquetebol. Essa estratégia básica exige que se realizem lançamentos de alta percentagem e também lançamentos fáceis. Que se lance perto do aro. Para mim, como sempre disse nas nossas transmissões televisivas, o jogo sempre foi de dentro para fora. E será sempre de dentro para fora. As melhores equipas da liga não são apenas lançadoras de triplos, também sabem como obter pontos indo para o cesto.
Não sei se a liga terá de intervir. Talvez tenha de o fazer em dado momento, mas como é que se faz isso? Essa é a grande questão.
— Então as equipas, por si só, irão adaptar-se, porque nem todas serão capazes de atingir o elevado nível de percentagem de triplos, ou pensa que a liga necessitará de fazer alguma coisa para as obrigar a mudar?
— Essa é uma ótima pergunta. Se calhar teremos de ver como é que as coisas correm. Porque a NBA sempre foi uma espécie de liga imitadora das melhores equipas. Os Warriors ganharam campeonatos com muitos lançamentos de três pontos, mas também jogavam bem a nível defensivo. Os Celtics também venceram na época passada com muitos triplos, mas esses são dois casos isolados. Por isso, se os Spurs forem uma grande equipa com o Victor Wembanyama — e iremos ganhar títulos com ele —, ele será capaz de fazer um bom trabalho nos lançamentos de três, mas também a marcar muitos pontos no interior. E é bem provável que veremos as equipas a tentarem contrariar isso. Os triplos na NBA estão na moda há já algum tempo, vamos esperar para ver o que acontece. Não sei se a liga terá de intervir. Talvez tenha de o fazer em dado momento, mas como é que se faz isso? Essa é a grande questão.
Se há um jogador que se consegue adaptar e conseguir jogar em qualquer lado, esse é o Victor. Só o facto de atuar nas cinco posições e ser capaz de se adaptar em todas, é preciso ser mais do que um bom controlador da bola. É preciso ser inteligente, muito cerebral.
No entanto, se há um jogador que se consegue adaptar e conseguir jogar em qualquer lado, esse é o Victor. Só o facto de atuar nas cinco posições e ser capaz de se adaptar em todas, é preciso ser mais do que um bom controlador da bola. É preciso ser inteligente, muito cerebral. E ele tem isso. Reage muito rapidamente ao jogo. Tem uma grande visão e consciência do campo. Mais do que muitos bases desta liga. Possui a capacidade de fazer o que quiser.
— Esteve na NBA mais de dez anos, jogou ao lado de David Robinson e ainda com Tim Duncan, foi campeão e continua ligado ao Spurs. Durante esse tempo viu muitas superestrelas chegarem e terminarem as carreiras. Será que a liga vai ser afetada, como foi um pouco com Michael Jordan, quando LeBron James, Stephen Curry e Kevin Durant se retirarem?
— Como costumamos dizer, vai haver uma passagem do testemunho, e ele está para chegar muito em breve. Existem muitos jogadores jovens e bons, como o Shai Gilgeous-Alexander [Thunder], tem uma grande hipótese de ganhar o prémio de MVP esta época, assim como Nikola Jokic [Nuggets] é um outro grande nome e candidato. E, claro, Victor está a chegar. Por isso, há muitos jovens que estão prontos para agarrar o manto ou na tocha do LeBron, do KD e do Steph. Por isso, sinto que a liga está em muito boas mãos.