
O FC Porto é uma das equipas que já nos habituou a ter sempre grandes equipas e grandes planteis ao longo dos anos, fruto de uma gestão desportiva assertiva na maior parte das ocasiões.
Recentemente, foi oficializada a saída de Vítor Bruno do comando técnico dos dragões, sendo que a “cadeira de sonho” está agora por ocupar. Ora depois deste anúncio, André Villas-Boas aproveitou também para esclarecer que o novo treinador dos dragões não vai ter reforços no mercado de janeiro e que, por isso, vai ter de trabalhar com a prata da casa até ao fim desta época desportiva.
Mas se analisarmos bem e ao detalhe o plantel azul e branco, faltam assim tantas opções para que possa existir uma onda maior de sucessos? Há uns dias sentei-me e observei ao detalhe aquele que é o plantel atual do FC Porto. Concluí que não é assim tão limitado como toda a gente fala, se bem que admito que poderiam existir alguns retoques a dar no esquema dos azuis e brancos, mas não se observam lacunas assim tão críticas como muitas vezes se especula.
Começando na baliza, e tendo em conta que o FC Porto é uma equipa grande, Diogo Costa é logicamente intocável, tendo como alternativas Samuel Portugal e Cláudio Ramos, por isso esta posição está, na minha opinião, bem entregue. Segue-se a defesa, setor onde o FC Porto tem disponíveis neste momento vários nomes, quer nas faixas laterais, quer no eixo central.
A faixa direita está entregue a Martim Fernandes e João Mário, sendo que Tiago Djaló e o próprio Pepê podem fazer este lugar quando necessário. No eixo central, o FC Porto tem nas suas fileiras, para além do já referido Tiago Djaló, Otávio, Nehuén Pérez, Marcano e Zé Pedro. Fechando o quarteto defensivo com a lateral esquerda, para além de Francisco Moura, existem também Wendell e Zaidu, sendo que o titular nesta posição até tem sido Galeno.

O internacional brasileiro foi uma das adaptações que Vítor Bruno que até registou bastante sucesso, mas que retira claramente a criatividade que a equipa necessita no último terço do terreno.
A meu ver, estas opções são mais que suficientes para que o FC Porto possa trabalhar durante o resto da época, admitindo até a possível saída de alguns jogadores, como Wendell, por exemplo, que tem sido constantemente apontado à equipa do São Paulo.
Passamos para o meio-campo, e aqui sim acredito que o FC Porto poderia acrescentar alguma qualidade nas suas opções, desde logo começando por arrumar a casa ainda antes de se movimentar no mercado.
Sempre acreditei que Grujic não tem o que é necessário para representar o gigante azul e branco, pelo que a sua saída seria um dado muito positivo. Existe apenas um grande problema nesta equação, que é o alto salário que o médio aufere atualmente nos dragões e que dificulta uma possível mudança.
Assumindo que o meio-campo do FC Porto vai continuar a dois, a que se junta depois um médio mais ofensivo, as soluções atuais, para além de Grujic, são Alan Varela, Nico González e Eustáquio, que fecham o lote de médios mais “recuados”. A estes, juntam-se André Franco, Fábio Vieira, Vasco Sousa e Rodrigo Mora, jogadores que se posicionam mais no último terço do terreno.

Nesta posição também aconselharia a saída de André Franco, porque acredito que também não enche as medidas a uma equipa como o FC Porto. Acredito, sim, que os dragões poderiam tentar encaixar algumas verbas como vendas nestas duas posições, para depois atacar o concurso de um médio centro de qualidade inegável, que possa ajudar a elevar os patamares competitivos quer de Nico, quer de Alan Varela, ainda que acredite que esta posição não é uma urgência, e sabendo, sim, que o FC Porto tem de ser obrigatoriamente cirúrgico nas suas movimentações.
Se eventualmente o FC Porto quisesse mexer no setor mais central no seu meio-campo, existem no mercado algumas opções bastantes apetecíveis, nomeadamente pelos contornos de um possível negócio, duas delas em final de contrato com as suas equipas.
Oussama Targhalline, jovem de 22 anos que termina contrato com o Le Havre no final da presente temporada e que leva até ao momento 13 jogos na Ligue 1, é praticamente um clone de Adrien Rabiot. É um médio elegante que sabe ter a bola no pé e que define sempre com grande critério. Também Francho Serrano poderia ser opção, jovem espanhol que milita no segundo escalão da La Liga, e que é um titular indiscutível do Saragoça, tendo o seu passe avaliado em três milhões e meio de euros, mas termina contrato em junho, portanto é uma grande oportunidade de negócio. É um jogador muito parecido com João Moutinho na forma de jogar, por isso, estas são duas soluções “low cost” e com características diferentes que poderiam encaixar bem nas pretensões do FC Porto.
Analisando agora as faixas do ataque azul e branco, estão no plantel nomes como Pepê, Galeno, Gonçalo Borges e Iván Jaime. Este último já se percebeu que não conta para as opções dos azuis e brancos, e até transparece a ideia que o próprio não se mostra disponível para contar. Assim, o primeiro passo é resolver esta situação do extremo espanhol, e eventualmente pensar em colocar Gonçalo Borges, o que pelas recentes exibições e até pelo seu conhecimento profundo daquilo que é “ser Porto”, pode reverter a seu favor e justificar a permanência na Invicta. Para mim, esta é uma das grandes lacunas deste plantel, porque faltam aqui opções, isso é claro.
Quando analisamos as faixas do ataque do FC Porto, sabemos à partida que, reunindo as melhores condições físicas e mentais, Galeno e Pepê têm de ser os titulares. É preciso ter a coragem para dar a Fábio Vieira apenas um papel central, porque é um criativo, um jogador de último passe, e não um jogador vertical e de pulmão inesgotável que possa mexer com o jogo nas faixas.
Para além dos dois brasileiros, o FC Porto tem de ter mais opções, e tendo em conta que não há muito dinheiro para atacar o mercado, admito a permanência de Gonçalo, mas é necessário entrar mais um extremo. Neste sentido, sugiro aqui o nome de Thiago Fernández, extremo que pertence ao Vélez da Argentina e que termina contrato no final do ano, motivando mais uma vez uma proposta efetiva que o pudesse trazer já para o Dragão, ele que se caracteriza pela sua capacidade técnica e qualidade com bola, e que tem um valor de mercado situado nos sete milhões de euros.
Já no ataque, a posição de principal referência dos azuis e brancos está bem ocupada, isto porque Samu é o principal artilheiro da equipa, e tem como alternativas Danny Namaso e Deniz Gul, mas na minha opinião é também aqui que está uma lacuna que poderia ser colmatada de forma imediata.
A meu ver, Deniz Gul ainda não está preparado para ser opção válida numa equipa com a dimensão do FC Porto, ainda que ultimamente se ouça falar muito deste jogador porque se diz que o FC Porto tem de aproveitar os jogadores que tem porque a capacidade financeira não é a melhor, no entanto, lembro que Gul custou aos cofres dos dragões cinco milhões de euros, verba esta que poderia ter sido utilizada num jogador que desse garantias imediatas, mas compreendo a aposta no médio/longo prazo.
Namaso, por outro lado, é um jogador que pode ser útil ao plantel, mas não é um finalizador, é mais um “falso nove”, que neste esquema pode encaixar na posição de número dez e alternar ocasionalmente com os seus colegas no onze inicial, promovendo até dinâmicas bastante diferentes que podem ser interessantes em alguns contextos.
É aqui que o FC Porto deveria procurar mais uma solução que possa render por vezes Samu, e assumindo que Gul poderia rodar na equipa B ou mesmo ser emprestado, e nada melhor que analisar um nome como Dejan Joveljic, que para além de terminar contrato no fim do ano, tem experiência de jogo na Europa, ele que agora joga nos LA Galaxy, onde na época passada apontou 21 golos e sete assistências, números estes que deixam água na boca a qualquer um.
No final de contas, não acho que o plantel do FC Porto seja assim tão “pobre” como muitos dizem, porque identifico nesta equipa muitas valências e opções de qualidade que garantem uma boa prestação desportiva.
No entanto, há sempre espaço para melhorar, mas tem de existir investimento, e a situação dos dragões não é claramente a melhor para que este investimento possa aparecer assim caído do céu.
É por isto que a abordagem ao mercado tem de ser gerida com pinças por André Villas-Boas e companhia, e é precisamente por isto que, na minha opinião, a direção azul e branca deve ter em conta a análise a jogadores que possam acrescentar qualidade a um preço baixo, apostando em jogadores mais jovens e que procurem ainda ganhar o seu espaço no futebol europeu e em jogadores que estejam em final de contrato e que não impliquem um grande custo na compra do seu passe.
Pela experiência que tenho, acredito que o FC Porto se vai reerguer, mas tudo leva o seu tempo, por isso esta evolução é um processo que vai demorar, mas que vai chegar a bom porto, com toda a certeza, e bem que pode começar já esta época, porque os dragões estão na luta pelo campeonato, numa disputa acesa com Sporting e Benfica, apesar dos desaires mais recentes.