
Na véspera de ser eleita pela quarta vez o prémio Laureus para atleta feminina do ano, Simone Biles deu uma entrevista ao L'Équipe, onde abriu a porta à participação nos Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles.... mediante certas condições. Para já, a ginasta americana frisou necessidade de parar: «O desporto tem sido o meu trabalho. Apesar da ginástica não gerar tanto dinheiro, sempre fui apaixonada. Para já, estou a tentar aproveitar a vida, a passar tempo com o meu marido e apoiá-lo nos jogos dele.»
11 medalhas olímpicas e 23 vitórias em campeonatos do mundo depois, Simone Biles, considerada por muitos a melhor ginasta de sempre, frisou o desejo de acompanhar a carreira do marido Jonathan Owens, jogador dos Chicago Bears da NFL. Para a também atleta, o sucesso que já alcançou também explica a reticência em regressar à competição: «Já conquistei tanto. Para voltar tinha mesmo de me fazer vibrar. Se me disserem que os Jogos em Los Angeles vão ser emocionante, vou estar lá. Nos aparelhos ou nas bancadas. Ainda não sei.»
Simone Biles admitiu com humor que não percebe a importância atribuída pelo público a uma possível despedida da ginástica aos 28 anos: «É mesmo louco que as pessoas sejam tão apaixonadas por essa questão. Tal como outras, sonhei com o momento em que raparigas do mundo inteiro me iriam admirar. Mas quando isso acontece é um choque. Demorei algum tempo a perceber que nos amam pelo que fazemos e por quem somos.»
Após ter feito uma pausa sabática após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e não ter disputado as finais quatro anos depois em Tóquio para tratar da saúde mental, a atleta frisou ainda que o bem-estar psicológico é essencial para uma carreira ao mais alto nível.
«Não estou a interpretar um papel, estou apenas a ser fiel a mim mesmo. O meu sucesso em Paris funcionou como uma terapia. Agora que já não treino, praticamente não há stress na minha vida», completou Biles, que após a campanha vitoriosa em França, rumou a um ambiente mais tranquilo e continuou a fazer terapia.
Questionada sobre o ponto mais positivo da participação em Paris, outrora considerada quase impossível pela própria, Simone Biles surpreende na resposta: « Continuar a dar prioridade à minha terapia, porque é realmente essencial na minha vida diária e permitiu-me manter o foco e a confiança. Há as medalhas, claro, e o orgulho pelo trabalho desenvolvido pelos meus colegas de equipa americanos. Todos queríamos apagar um pouco do que aconteceu no Japão.»
Simones Biles fala abertamente dos tormentos mentais que atravessou e incentiva outros atletas a fazer o mesmo: «Conseguir verbalizar os meus problemas e aceitar ajuda mudou a minha vida. Tenho orgulho no trabalho que fiz para chegar até aqui e continuarei a partilhar a minha história para inspirar outros.»