O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, alertou hoje para a fragilidade que enfrentam atualmente os valores olímpicos, no seu discurso na abertura da 144.ª Sessão do organismo, na qual será eleito o seu sucessor.

"Os Jogos Olímpicos e os seus valores ultrapassaram milénios, mas a história recorda-nos da sua fragilidade", disse o alemão, num discurso na antiga Olímpia, local onde se realizaram os primeiros Jogos.

Bach, de 71 anos, lembrou que os antigos Jogos acabaram no século VI, "quando os interesses políticos e comerciais tomaram conta e deixaram de lado os valores do desporto", considerando que há um paralelo entre "o ambiente geopolítico hostil" de 1896, quando se realizaram os primeiros Jogos da Era Moderna, e o atual.

Contudo, Bach recordou que, apesar do "crescente nacionalismo e militarismo da época", Pierre de Coubertin conseguiu "juntar atletas vindos de nações que eram politicamente inimigas".

"Na época, como hoje em dia, os atletas são embaixadores da paz. Na época, como hoje em dia, a ideia de promover a paz através do desporto contrasta fortemente com o espírito da época", referiu.

Campeão olímpico de florete por equipas em Montreal1976, o alemão não pode defender o título quatro anos depois, devido ao boicote a Moscovo1980 por parte dos Estados Unidos e de alguns aliados, defendendo que "não se devem punir os atletas pelas ações dos seus governos", uma justificação para a presença de atletas russos, sob bandeira neutra, em Paris'2024.

A 144.ª Sessão do COI realiza-se entre hoje e sexta-feira, em Costa Navarino, na Grécia, com a eleição do novo presidente a estar marcada para quinta-feira.

Na corrida à sucessão de Bach estão a zimbabueana Kristy Coventry, que tenta ser a primeira mulher eleita presidente do COI, o jordano Feisal Al Hussein, o francês David Lappartient, o sueco Johan Eliasch, o espanhol Juan Antonio Samaranch Jr., o britânico Sebastian Coe e o japonês Morinari Watanabe.