
O segundo depoimento da 6.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano é de um associado do FC Porto que esteve presente na Assembleia Geral de 13 de novembro, confirmando o ambiente hostil que se viveu no Dragão Arena.
"Era convicção dos adeptos que aquela assembleia podia trazer perigos, uma vez que existiam ameaças nas redes sociais", começou por dizer o sócio, acrescentando: "Logo ali na zona ouvi gritos e quando entrei no pavilhão percebi o motivo. Existiam distúrbios na bancada norte, pessoas a saltar e a fugir. O meu amigo começou a filmar e uma rapariga tirou-lhe o telemóvel. Ainda temos esse vídeo. Fui eu que depois até recuperei o telemóvel. Estava com um senhor que lhe diz: 'Entre marido e mulher não se mete a colher, também filmas quando discutes com a tua mulher?'. Tirou-lhe o telemóvel durante 15 segundos. Sempre que alguém puxava de telemóvel, havia altercações. Se vi a acontecer com mais alguém? Não vi da mesma forma, ouvi pessoa a ameaçar para não filmar, mas não consigo situar. Ouvi sempre 'entre família não se filma, entre sócios não se filma'."
Este associado dos dragões admitiu ainda ter visto Sandra Madureira envolvida em discussões. "Insurgiu-se com um miúdo por ter publicado logo nas redes sociais, isso foi audível. Esse tipo de ambiente é o que se vivia lá dentro", contou, recordando ainda o episódio das agressões a Henrique Ramos, onde também ele se sentiu ameaçado: "Quando estávamos no fim da AG, a bancada norte estava mais vazia. Nessa altura, um rapaz vai falar ao palco, o Henrique Ramos. Fala, depois senta-se ao nosso lado e, nesse momento, há um grupo de pessoas que estava junto aos Super Dragões (estas imagens estão filmadas) e senti-me ameaçado. Vi 20 ou 30 pessoas a dirigirem-se ao rapaz e a mim, senti-me intimidado."
Sobre os órgãos sociais, o sócio do FC Porto recorda a passividade. "Ninguém fez nada na altura. Havia pessoas a pedirem para chamarem a polícia. Todos estiveram sentados sem fazer nada a não ser apelar à calma. Havia adeptos a ir à mesa pedir para chamarem a polícia e não faziam nada", relatou.