SandroTonaliesteve suspenso do futebol durante 10 meses, e passou mais oito a fazer reabilitação, por ter apostado em jogos de futebol, inclusive de equipas onde jogava (Milane Brescia). Voltou à competição no ano passado, noNewcastle, e agorao médio italiano deu uma longa entrevista aoLa Repubblica a recordar como foi a difícil recuperação.
«Não é exagerado falar de uma primeira e uma segunda vida. O meu estilo era negativo. Estava fechado para todos e isso fez-me mudar de comportamento, até mesmo com as pessoas que me amavam e que eu amava. Eu era assim no treino e em casa, com amigos e familiares. Hoje, felizmente, sou diferente», reconheceu o internacional italiano, recordando como tudo começou: «Não me lembro da primeira aposta. Tornou-se um hábito quando eu tinha 17 ou 18 anos. E normalizou-se quando começou a ocupar muito do meu tempo. O facto de ser online cegou-me para tudo e fechei-me na minha bolha. Acho que nunca percebi que estava a tornar-se um vício. Quando uma pessoa se encontra numa situação desta é difícil perguntar se ela está doente. A resposta será sempre que não. Mesmo que sinta que não é o caso. Não se pensa que se tem um problema, e tentas escondê-lo.»
Tonali descreveu ainda como foram difíceis os passos para a reabilitação: «Nos meses em que estive longe do campo, passei muito tempo com o psicólogo. O trabalho dele era fazer-me entender como eu tinha caído naquilo. Normalmente entende-se quando perdemos algo: família, emprego ou salário. Em vez disso, no meu caso, a disponibilidade económica não me fez perceber a seriedade da coisa. Foi um trabalho de recuperação difícil. Eu não podia tomar medicamentos específicos, porque com 95% deles eu teria testado positivo para antidoping, então foi tudo uma jornada mental: durou meses, com um psicólogo e um psiquiatra. No último ano, fiquei sem telefone durante 6 meses, senti uma sensação de liberdade.»