Declarações de Vítor Bruno na sala de imprensa do estádio Aspmyra, no rescaldo da derrota do FC Porto frente ao Bodo/Glimt (2-3), na 1.ª jornada da Liga Europa:

- Uma análise ao jogo e também uma observação: o Porto só fez uma falta na primeira parte, foi uma equipa demasiado macia apesar da boa entrada nesse período?

- Uma análise muito objetiva, uma entrada boa no jogo, a tentar ir pelos caminhos que o adversário nos dava, sobretudo por fora, com 2 ou 3, muitos desenvolvimentos por fora. Chegámos ao golo a partir de uma abordagem desse tipo, depois pareceu que o jogo estava controlado. Se calhar caímos no erro de controlar em demasia e deixar de fazer aquilo que temos de fazer e que faz parte daquilo que é a nossa mentalidade. Pouco agressivos, pouco contundentes, a chegar atrasados aos duelos, uma falta cometida. E estes jogos requerem outro tipo de argumentos, não se joga só no talento, não se ganha no talento, ganha-se muito mais do que isso, naquilo que é compromisso, que é entrega, que é mentalidade, sobretudo mentalidade.

Na segunda parte, obviamente depois o adversário foi num jogo muito direto, em transições, faz o golo do empate, faz o 2-1. A equipa sempre que partiu um pouco deu-me a ideia de ter dificuldade em chegar para ajudar a nossa última linha, o adversário foi forte a finalizar e fez dois golos. Na segunda parte, ao intervalo falámos muito disso, uma abordagem mais contundente, mais enérgica, mais ousada, mais à FC Porto. Quando lançámos dois homens no jogo para tentar ir à procura do empate, no minuto a seguir levamos o 3-1. Depois foi tentado de todas as formas, injetando gente para a frente, gente que pudesse alimentar quem estava na frente. Fazemos o 3-2, temos uma outra abordagem também ali a rondar a baliza do adversário, o adversário também tem a verdadeira capacidade para fazer o golo.

Tentámos tudo, não diria que foi muito com o coração, porque até trabalhámos bem lá até chegar aos últimos 20 metros, depois faltou a conclusão. Vitória do adversário, ganhou, ganhou bem, fechamos este capítulo, não interessa agora chorar em cima daquilo que aconteceu, interessa reagir, interessa levantar, olhar muito para o jogo de domingo e depois na semana seguinte olhar para o jogo da competição. É aquilo que temos de fazer, é aquilo que quem joga no FC Porto tem de estar habituado a fazer. Não queremos cair, mas quando cair temos que rapidamente levantar.

- Como explica as três mudanças que fez no onze?

- Arrependimento zero, de quem entrou, zero, zero porque sou eu que trabalho diariamente, com aquilo que eles me dão. Entendi que era a melhor abordagem para atacar o jogo, quer o Grujic, quer o Iván Jaime, quer o Gonçalo Borges, diariamente dão-me muito daquilo que eu achei que era importante levar ao jogo e eles deram. Não penso que tenha sido por aí, penso que coletivamente é que pecámos. Pecámos naquilo que era a abordagem, sobretudo no momento defensivo. Não quisemos abandonar aquilo que era o nosso traço identitário a partir do momento em que fizemos o primeiro golo. Era fácil para nós fazer o golo, recolher, estacionar e aproveitar tudo o que é transição e seria uma abordagem inteligente se calhar. Se calhar o treinador fá-lo-ia e fá-lo-ia bem.

Em relação à derrota em si, é o que é. Há mais sete jogos para fazer. Temos rapidamente de atalhar caminho. E atalhar é pensar principalmente agora no jogo de domingo, esquecer a competição, fechá-la, analisar muito, analisar muito, analisar muito com olhos de ver. E perceber que os campeões têm de dar passo em frente. E quem veste a camisola do FC Porto não tem tempo para ficar a chorar em cima do molhado. Acabou, fechar o capítulo, analisar bem, atacar o jogo de domingo e depois o segundo jogo da competição. Levamos muito tempo ainda de conseguir aquilo que queremos que é passar à fase seguinte. Mas temos obrigatoriamente de olhar para o jogo de outra forma.

 - Na falta do coletivo, apostou no individual com as substituições?

- Não, porque eles não jogam sozinhos. [Deniz Gul e Rodrigo Mora] Foram dois que entraram na base coletiva da organização. Foi no contexto de dois contra dez, e depois mais tarde alguém como o [André] Franco para ter mais presença na área, com Samu e Gul na área com dez, foi mais nesse sentido e não tanto por eles. Aqui ninguém resolve problemas sozinho, é tudo numa base coletiva. Assumo completamente a derrota e estou aqui para dar a cara. No final todos somos magros, todos tiramos a cartola da cabeça e percebemos o que todos dão. No fim do jogo é fácil falar, depois analisaremos tudo de forma microscópica para todos percebermos o que há a alterar. Nem tudo estava bem e nem tudo está mal agora, foi um jogo que perdemos. No FC Porto já é difícil empatar, quanto mais perder.