
Não, caro leitor. Este título nada tem a ver com a falta de atitude ou entrega do Sporting. As garras que mencionamos são os jogadores que Rui Borges tem, ou melhor, não tem ao seu dispor. No final da eliminatória fica a ideia de que, noutras condições, os leões discutiriam a mesma até ao fim.
Signal Iduna Park foi o palco onde os verde e brancos tiveram - na teoria - a oportunidade de mostrar uma cara diferente face àquela que deixaram nos segundos 45 minutos em Alvalade. O empate a zeros aquando do do final da partida, acabou por ser bem melhor que a exibição.
Entre bolas ao poste, golos anulados, lesões e umas quantas paradas de Rui Silva - defendeu o penálti de Guirassy -, o Sporting pode dar-se por satisfeito ao sair de Dortmund com algo que ainda não tinha conseguido: sem uma derrota.
Até começou bem
O Leão entrou desconfiado - e desfalcado -, mas com intenção de marcar presença. A primeira situação de perigo até pertenceu aos Borussen, mas os verde e brancos rapidamente perceberam que também podiam ferir o adversário. Isto é, caso tivessem jogadores.
Sabitzer ameaçou em dose dupla. Atirou ao lado do poste direito da baliza de Rui Silva aos 9' e, aos 28', obrigou o guardião português a aplicar-se para defender o remate de fora da área.
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O Sporting ia variando - conforme os momentos de jogo - entre o 3-4-3 a atacar e o 5-4-1 a defender. A turma de Rui Borges conseguiu sair com perigo em algumas situações, ora por Harder, ora por Quenda, mas na hora de defender as coisas não estavam a sair.
Raras foram as vezes em que a pressão leonina deu frutos. A formação de Alvalade tentou asfixiar os alemães em diversas ocasiões, mas pecou sempre na hora de o fazer. A equipa estava demasiado partida e tornou-se fácil para Sabitzer, Gross e Brandt encontrarem o espaço livre dentro do miolo verde e branco.
Hercúlea era a missão que os leões tinham na chegada a um dos mais imponentes anfiteatros do futebol europeu: 0-3 na eliminatória, sem Gyokeres, sem Trincão, sem Pote - nunca mais saíamos daqui. Mas mesmo assim. Sim, mesmo assim, a missão complicou ainda mais para Rui Borges, quando João Simões - um dos melhores até então - saiu do retângulo verde (40') com muitas queixas no pé direito. Antes disso já Hjulmand tinha ameaçado precisar de ir descansar. Fica tudo mais difícil assim.
Sem jogadores = sem esperança
A segunda metade começou da pior forma, sem o capitão nórdico. Depois do aviso do primeiro tempo, hjulmand não conseguiu mesmo voltar ao terreno de jogo. Mais uma boa notícia para Rui Borges.
O Dortmund entrou mais audaz, intenso e atrevido. Empurrados pelos milhares de amarelo, em especial por aqueles quase 25 mil atrás da baliza sul do antigo Westfalenstadion, que durante 90 minutos não pararam de cantar pelo seu Borussia.
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Svensson ameaçou aos 52' (Rui Silva aplicou-se), aos 59' Guirrassy falhou da marca dos onze metros (Rui Silva esticou-se todo e defendeu), aos 69' Reyna atirou ao poste e aos 74' Emre Can viu o VAR anular-lhe o golo. Ufa.
O leão estava ferido e Rui Borges fazia descansar algumas peças-chave. Gonçalo Inácio, Biel e Quenda saíram e o técnico de 43 anos fez entrar os meninos Afonso Moreira, Alexandre Brito e Lucas Anjos.
No final da segunda mão dos playoffs de acesso aos oitavos, o Sporting acabou a partida com um onze em que a médias de idades fica pouco acima dos 23 anos. Dores de crescimento.