O ambiente está algo fúnebre em Alvalade, mas não tanto que não se possa brincar. Depois de Rúben Amorim deixar o palco, dadas as explicações para a saída do Sporting, Frederico Varandas substituiu-o e não há quem não tenha reparado em algumas feridas na cara do presidente leonino.

“É verdade que as negociações com o United foram difíceis, mas não justifica as marcas que eu tenho na cara”, começou por dizer Varandas, tirando desde logo o primeiro elefante da sala. Umas pequenas intervenções cirúrgicas necessárias sim, justificam, e para outras justificações também se apresentou o presidente do Sporting, que começou por confirmar as palavras de Rúben Amorim, que minutos antes havia sublinhado que este seria sempre o seu último ano no banco do Sporting e que a direção já estava a preparar o futuro. Uma preparação que, agora, terá de ser antecipada.

“Considerou que era o momento ideal, com o bicampeonato, terminar um ciclo de cinco anos, um ciclo com muito desgaste. Já estávamos a preparar o futuro. Esta chegada do United não era o que queríamos. A decisão do treinador foi outra, de achar que era o momento de ir. Respeitamos e antecipámos em sete meses o que já estava preparado”, sublinhou Varandas, antes de falar dos méritos do treinador que vai agora deixar o Sporting, pedindo serenidade aos adeptos.

“Quando olho para Amorim vejo o segundo treinador com mais jogos pelo Sporting, um treinador brilhante. O Sporting é nobre em valores, sejamos grandes. Nesta casa trataremos sempre bem quem nos fez bem”, continuou, falando também da “dedicação, trabalho e profissionalismo” do homem que liderou o clube nos últimos quatro anos e meio: “Foi o Sporting que arriscou num jovem treinador com apenas oito jogos no campeonato”.

Sobre o timing de saída do treinador, que ainda se vai manter no banco até dia 10 de novembro, quando Sporting jogar em Braga, Varandas voltou a frisar “o profissionalismo” de Amorim e dos jogadores. “Sei que tanto ele como os meus jogadores querem ser bicampeões”.

João Pereira, confirmado sem ser confirmado

O futuro do Sporting passa por João Pereira? Frederico Varandas não quis responder, remetendo a apresentação do novo treinador do Sporting para “11 de novembro”. Mas ao revelar que o próximo treinador dos leões será “a mesma solução” que começou a ser preparada logo que se soube que Amorim não ia continuar na próxima época, no início desta temporada, Varandas revelou se revelar que será mesmo João Pereira o senhor que se segue.

“O treinador anunciado a 11 de novembro é considerado a peça-chave para o projeto desportivo seguir em frente”, disse ainda, afastando as críticas pela cláusula aparentemente baixa que levará Amorim para Manchester por valores semelhantes ao que o Sporting pagou ao SC Braga para o contratar: “O Sporting coloca pela primeira vez um treinador num dos chamados colossos do futebol europeu. Para mim, o que custava era pagar 10 milhões para mandar um treinador embora”. Amorim, lembrou, “valorizou o plantel em três ou quatro vezes”.

Não seria o único momento de alguma ironia. Os jornalistas insistem mais uma vez com os efeitos que a continuidade de Amorim nos próximos jogos possa ter na equipa. “Eu acho que a equipa esteve muito nervosa hoje”, atirou, minutos depois do Sporting ter marcado cinco golos ao Estrela. “Especialmente o Viktor, o Viktor esteve muito nervoso hoje”, disse sobre o sueco, que fez o primeiro póquer como jogador do Sporting esta noite.