O presidente do Sporting, Frederico Varandas, afirmou na sexta-feira que a equipa pode vir a conquistar o “campeonato mais saboroso de todos” caso resista às próximas semanas e deixou reparos aos critérios assumidos pela arbitragem. As declarações surgiram numa entrevista ao canal de televisão do próprio clube e, começando pelo final, houve uma referência à espécie de ‘polémica’ mais recente.

Por vias oficiais e enquanto instituição, o Sporting não teve qualquer reação à morte de Jorge Nuno Pinto da Costa e o presidente dos leões não fugiu ao assunto: “Fiquei surpreendido pelo barulho do assunto. Se há pessoa que ultrapassa as questões pessoais sou eu. Falo com tantas pessoas que quando deixar de ser presidente do Sporting não vão voltar a ouvir a minha voz. Foi uma decisão institucional, que nada teve a ver com o presidente.”

E Varandas explicou a postura do clube: “Se a instituição Sporting não se revê em quem prejudicou o clube, a indústria do futebol e os nossos valores, seria uma hipocrisia mudar por essa pessoa ter morrido. Há pessoas com a coluna vertebral flexível, mas eu não a tenho e vou estar sempre do lado dos meus valores e princípios”, disse o presidente no desfecho de uma intervenção à Sporting TV em que explanou a sua crença na conquista do título nacional.

“Olho para o que aí vem nas próximas três a quatro semanas e são semanas que vamos ter de lutar e resistir (…). Eu tenho a certeza que resistindo aquele grupo vai festejar o campeonato mais saboroso de todos por tudo o que lhe tem acontecido”, declarou.

A propósito do momento da equipa, o presidente dos ‘leões’, que falava em entrevista à Sporting TV, avançou que o clube arrecadou 50 milhões de euros devido à prestação na Liga dos Campeões e lembrou que o objetivo passava por atingir o play-off.

“Defrontámos uma equipa forte, o atual vice-campeão europeu. Fica um sentimento amargo. Se tivéssemos outras condições de competir, certamente iríamos discutir a passagem”, afirmou, referindo-se ao Borussia Dortmund.

Varandas reconheceu que o plantel foi “construído” para o sistema do anterior técnico Rúben Amorim e elogiou o atual treinador, Rui Borges, que quando confrontando com um problema, “só pensa em arranjar uma solução”.

“Os jogadores acreditam no Rui Borges porque veem um treinador calmo e sereno, apesar de não conseguir ter tempo para treinar e não ter um plantel construído para o seu sistema. Há os que se lamentam e os que lutam e o Rui Borges é um lutador. Casou muito bem naquele grupo”, afirmou.

João Pereira e os árbitros

Questionado pela contratação de João Pereira para treinador principal (que foi despedido após oito jogos), o presidente leonino afirmou que “seria muito, muito, muito difícil tomar uma decisão diferente”.

“Qualquer que fosse o treinador a vir depois do Rúben Amorim, seria muito difícil. Os jogadores não estavam recetivos a mudar. E o João Pereira teve de treinar a fazer de Rúben Amorim e as coisas não correram bem”, admitiu.

Sobre arbitragem, Varandas disse que o Sporting “não se revê” na “intoxicação” do ambiente mediático levada a cabo por outros clubes, mas deixou reparos aos critérios adotados pelos árbitros nos jogos dos ‘leões’.

“O critério de arbitragem que o Sporting é alvo nos seus jogos depois é diferente para os nossos rivais que lutam pelos mesmos objetivos”, declarou, apelando aos árbitros para não se deixarem “intimidar” pelas críticas.

O presidente do Sporting deu o exemplo de Tiago Martins, que, na sua opinião, tomou decisões “condicionado” durante o jogo entre o Nacional e o FC Porto, devido às críticas lançadas pelos ‘dragões’ na sequência do encontro com o Famalicão. E deixou uma garantia: “Em Alvalade o árbitro é bem tratado, porque deve ser assim. Enquanto estivermos no Sporting, os árbitros serão bem tratados, ninguém desce para os intimidar. Os árbitros têm todas as condições para trabalhar lá e terão sempre.”

Varandas também justificou o apoio a Pedro Proença para a liderança da Federação Portuguesa de Futebol, elogiando as propostas relacionadas com a publicação das notas dos árbitros, a especialização da carreira de videoárbitro ou a criação de uma entidade externa para a gestão da arbitragem.

“A principal razão que o Sporting apoiou Pedro Proença publicamente foi a visão que o Sporting hoje tem para melhorar a transparência e a qualidade da arbitragem”, sublinhou.