João Pereira conseguiu guiar o Sporting à segunda vitória enquanto seu treinador principal, depois de bater o Boavista por 3-2. O emblema de Alvalade não fez um mau jogo, mas esteve muito longe de convencer, especialmente no aspeto defensivo. Os verde e brancos assumiram o controlo do jogo desde o começo, o que lhes permitiu dominar o adversário com relativa facilidade na primeira meia hora (a turma de Cristiano Bacci tampouco se mostrou ser um problema, encontrando-se maioritariamente num bloco baixo, pouco interessada em ter a bola, esperando pelo erro).
Um dos problemas da ‘era João Pereira’ é a reação ao resultado positivo. Tanto após 1-0, como a seguir ao 2-1, o Sporting relaxou e permitiu ao Boavista criar perigo com o seu futebol direto, acabando por marcar dois golos, quando tinha apenas oito tentos feitos em 15 jornadas de Primeira Liga. A insegurança defensiva do Sporting é por demais evidente e de fácil transmissão para as bancadas. Os adeptos rapidamente se aperceberam o que estava a acontecer e foram alguns momentos de silêncio das bancadas.
A equipa técnica terá que trabalhar este aspeto, já que os elementos não se podem apresentar tão nervosos nos minutos finais de um encontro, nomeadamente quando existia um favoritismo esmagador. Por muito que a formação esteja afinada ofensivamente, é necessário que haja segurança na hora de defender, nem que em certos duelos se coloquem alas com caraterísticas mais defensivas (Iván Fresneda, por exemplo).
O Boavista não tem o futebol mais atrativo de Portugal, mas Cristiano Bacci fez o que podia para causar problemas ao leão. E conseguiu ter esperança por alguns minutos, num encontro que parecia que ia dar goleada, face ao domínio do Sporting nos primeiros minutos. O italiano viu-se obrigado a fazer adaptações desde o primeiro segundo, algo que se tem tornado num (mau) hábito, dadas as condicionantes existentes. Bruno Onyemaechi jogou a extremo quando é lateral. Joel Silva arrancou a partida a médio centro, mas acabou na lateral esquerda. Manuel Namora é ponta de lança, e pisou o relvado para atuar como extremo.
A tarefa dos jogadores do Bessa é tudo menos fácil, mas a equipa mostrou garra e isso no futebol é fundamental para se concluírem objetivos. Os adeptos dos axadrezados manifestaram-se em força durante os 90 minutos, acreditando no seu grupo.
João Pereira com esta vitória seguramente garantiu a manutenção no cargo até ao dérbi contra o Benfica, marcado para o dia 29 de dezembro, mas as desconfianças não desapareceram com os golos de Viktor Gyokeres e Francisco Trincão. Após o jogo não foram lançadas tochas e as bancadas de Alvalade levantaram para aplaudir os jogadores, exibindo que a união entre as duas partes ainda existe, mas que já foi bem mais forte. Ainda assim, as redes sociais espelharam algo distinto, com críticas ao futebol praticado, recordando que o Boavista é uma das equipas mais fracas da Primeira Liga e que não era necessário um ‘treme-treme’ tão grande.
O Sporting terá que apresentar uma exibição mais convincente na próxima ronda (pelo meio há Taça da Liga), frente ao Gil Vicente, de maneira a começar a convencer os aficionados de que o caminho certo é o que está a ser percorrido e que a paciência é uma virtude. João Pereira apresentou-se feliz e aliviado na conferência de imprensa, já que corria o risco de não estar no Auditório Artur Agostinho se a partida tivesse terminado aos 60’, mostrando uma segurança que não tinha sido vista em outros momentos.
Os leões deixaram os cuidados intensivos, acordando de um coma que durava há algum tempo. Ainda assim, continua frágil e com medo. Qual é a cura? Vitórias, de preferência em sequência e de maneira bastante mais convincente da que marcou a noite de sábado.
Bola na Rede na Conferência de Imprensa
Bola na Rede: Geovany Quenda foi a aposta inicial para avançado interior esquerdo, depois de terem passado por lá o Daniel Bragança e o Marcus Edwards nos últimos jogos. Sente que foi uma aposta que deu frutos?
João Pereira: Eu conheço bem o Quenda, esteve comigo nos Sub-23 e a sua posição é aquela que é ocupada pelo Francisco Trincão. jogava sempre mais à frente, mais interior, nunca como ala, apenas como recurso. Sei que ele tem caraterísticas para jogar ali.Experimentámos agora do lado esquerdo, é um jogador que tem último passe, boa definição, falta-lhe um pouco de golo. É um jovem e vai ganhar isso. Está a corresponder ao que lhe foi pedido.
BnR: Voltou a utilizar Augusto Dabó e Bruno Onyeamaechi ao mesmo tempo no 11, sendo dois laterais esquerdos de raiz. Acredita que era a melhor forma de travar a ala direita do Sporting e pergunto-lhe se é algo para manter?
Cristiano Bacci: Nos próximos jogos vamos ver. O Bruno ajuda mais na frente, como se viu, com o golo. Se tu pensas em apenas defender, não vais conseguir chegar a nada. por isso a minha ideia passou por aí.