A presidente do Conselho de Supervisão do Banco Central Europeu, Claudia Buch, alerta para os riscos da fragmentação do sistema bancário europeu e volta a reforçar a necessidade de tomar medidas para fortalecer a união bancária.

Num cenário geopolítico global de competitividade em que a Europa se vê forçada a unir-se em várias frentes, Buch sublinha que a persistência de diferentes quadros legais e regulamentares entre Estados-membros “torna o sistema financeiro mais vulnerável a choques e limita a partilha de riscos por via privada”, comprometendo a estabilidade e a eficiência do setor.

A supervisora falava na Escola de Economia de Varsóvia, Polónia, nesta quinta-feira, reforçando que deve ser uma prioridade a remoção dos obstáculos à consolidação bancária transfronteiriça, medida que permitiria criar instituições mais robustas e eficientes. “Sem isso, continuaremos com estruturas ineficientes que não refletem um verdadeiro mercado único bancário”, afirmou.

Passado mais de dez anos desde a criação da união bancária, Buch referiu que esta deu frutos em termos de uma supervisão melhor e mais harmonizada. “Os bancos europeus provaram ser resistentes aos recentes choques, incluindo a pandemia de COVID-19, a crise energética e a turbulência no mercado bancário de março de 2023. Uma melhor regulamentação e supervisão contribuíram significativamente para este facto, tal como o apoio político à economia real”. Porém, destacou que esta união não conduziu a uma maior integração dos mercados bancários em toda a Europa como esperado, referindo que “as fusões transfronteiriças continuaram a ser relativamente raras, cerca de 75% das carteiras de empréstimos dos bancos são investidas nos seus mercados nacionais e poucos bancos têm modelos de negócio verdadeiramente europeus”.

No seu discurso defendeu que a promoção do mercado único dos serviços bancários através da eliminação dos obstáculos à integração “traria muitos benefícios”, nomeadamente na diversificação dos riscos e na economia de escala. “Os bancos poderiam desenvolver estratégias europeias em resposta à digitalização dos serviços financeiros”.

A presidente sublinhou ainda a necessidade de uniformização da supervisão bancária, defendendo que “as expetativas de supervisão devem ser aplicadas de forma consistente em todos os países”, para garantir equidade e confiança no sistema europeu.

Por fim, voltou a apelar à criação de um sistema europeu comum de garantia de depósitos, uma peça que considera “essencial para completar a união bancária”. Segundo Buch, esta medida “reforçaria a confiança dos depositantes e a resiliência do sistema como um todo”.