De acordo com o ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Dias Monteiro, interpelado hoje no parlamento pela oposição, Cabo Verde assume a meta de atingir já em 2025 a fasquia de 30% de produção de energia por fontes renováveis, no âmbito do plano para reduzir também a dependência do arquipélago dos combustíveis fosseis, "e exceder os 50% em 2030".
"Até 2030, o país terá 250 MW de capacidade instalada de energias renováveis, cerca de sete vezes superior à capacidade renovável instalada atualmente, dos quais 64% solar e 36% eólicas, e ainda cerca de 600 MWh [megawatt-hora] de capacidade de armazenagem de energia", disse o ministro, durante a interpelação ao Governo sobre Política Energética, promovida pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
"O plano para o setor elétrico está a ser executado conforme estabelecido. Está em curso o processo de instalação de cinco parques renováveis com capacidade global de 35 MW, sendo três com investidores já selecionados de forma competitiva e mais dois parques em fase de concurso. De igual forma, encontra-se em fase de preparação para lançamento de concurso de mais 40 MW de capacidade de produção renovável", anunciou.
O governante acrescentou que nas ilhas do Fogo, Brava, Maio, São Nicolau e Santo Antão vão ser instalados parques solares e eólicas, com capacidade global de 6,4 MW e infraestruturas de armazenagem de energia, "através de concursos direcionados às empresas nacionais".
Por outro lado, Alexandre Dias Monteiro revelou no parlamento que a componente de microgeração "avançou de forma dinâmica e com perspetivas de crescimento que vão permitir ultrapassar largamente a meta fixada para 2021".
"A capacidade de microprodução renovável no país, hoje estimada em cerca de 7 MW, duplicou nestes últimos três anos. Assim, perante esta dinâmica, e tendo em conta os projetos em curso, a capacidade de 12 MW prevista no plano, como objetivo de microprodução em 2030 deverá ser alcançada já em 2026", disse ainda.
O ministro explicou que está em fase final de conclusão o projeto com vista à instalação na ilha de Santiago de uma bateria hidráulica com capacidade para 20 MW -- para armazenar a energia produzida por fontes renováveis -, num investimento estimado de 5.000 milhões de escudos (45,3 milhões de euros).
"Para acelerar a transição energética, o país precisa mobilizar no horizonte 2019/2030 cerca de 50 milhões de contos [50 mil milhões de escudos, 453,5 milhões de euros], mais de dois terços deste montante deverá ser assegurado via participação privada, com projetos a serem implementados por produtores independentes, selecionados através de concurso", avançou o governante.
Ainda de acordo com a explicação dada pelo ministro Alexandre Dias Monteiro, a reforma da organização do setor energético vai igualmente representar ganhos para Cabo Verde.
"O setor energético vai ter um novo figurino, com a separação vertical e a criação da figura do operador nacional do sistema e comprador universal de energia produzida por produtores independentes. Esta nova entidade, o coração do sistema elétrico, vai garantir uma operação transparente", concluiu.
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