A Caixa Geral de Depósitos acaba de anunciar que entregou ao Estado mais 300 milhões de dividendos, um extra que deixa fechada a dívida que o banco público tinha contraído em 2017 quando precisou de se capitalizar.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta quarta-feira, dia 21 de agosto, o banco público afirma que o pagamento irá ocorrer dia 28 de agosto.

"Nos termos legais, avisa-se que de acordo com a Deliberação Social Unânime por Escrito de 20 de agosto de 2024, no próximo dia 28 de agosto, irá ocorrer o pagamento do
dividendo, sendo o valor unitário de 0,331439378612 por ação, totalizando 300.000.000,00 euros".

No comunicado enviado à CMVM, a CGD sublinha que o pagamento sucedeu “ao reembolso de 100% dos €1.000 milhões de euros da componente de dívida privada, que ocorreu em 2023, na primeira data contratualmente prevista”.

No mesmo documento lê-se ainda que "deste modo, a Caixa entrega ao seu acionista em 2024 um montante total de €825 milhões,
o maior pagamento de dividendos realizado pela Caixa ao seu acionista". E informa que “procedeu já ao pagamento de €562 milhões em sede de IRC, perfazendo um total de €1.387 milhões de pagamentos ao Estado”.

Para que a Caixa saldasse a dívida foi preciso “capacidade para gerar resultados” e “melhorar a sua rentabilidade de maneira consistente conforme atestado pelos resultados apresentados referentes ao primeiro semestre do exercício em curso", assim como “a não oposição por parte do Banco Central Europeu”.

Sete anos e meio depois com excesso de capital

Sete anos e meio depois foi devolvido o dinheiro aos contribuintes. Para isso contribuiu o aumento do capital próprio gerado. Com excesso de capital, Paulo Macedo concretizou agora a entrega do já anunciado dividendo extra que põe fim à ajuda pública.

A CGD deu nota, na apresentação de resultados em julho, que o capital gerado entre 2017 e o primeiro semestre de 2024 superou 1,3 vezes o investimento do Plano de Recapitalização.

O capital próprio gerado organicamente, diz o banco público liderado por Paulo Macedo, ascendeu a 5203 milhões de euros, dois quais foram retidos 3003 milhões.

A CGD registou, no primeiro semestre do corrente ano, um lucro consolidado 889 milhões de euros, mais 46% face aos 608 milhões registados em igual período de 2023.

Só em Portugal os lucros ascenderam a 791 milhões de euros, o que representou mais 56% relativamente a junho de 2023.

Na conferência de apresentação de resultados no passado mês de julho, a CGD já avançava pagar um dividendo extra para fechar a dívida com o Estado, depois dos lucros obtidos no semestre.

Aos 525 milhões de euros por conta do exercício de 2023, pagos em junho, soma-se um dividendo adicional de 300 milhões de euros, o qual reembolsa integralmente a recapitalização de 2500 milhões de euros em dinheiro.

Em junho a CGD apresentava “um rácio de CET 1 de 20,36% e um rácio de capital total de 20,62%”.

Depois desta distribuição, “o rácio de MREL apurado a 30 de junho de 2024 foi de 27,07% do total de ativos ponderados pelo risco e de 10,01% da exposição total do rácio de alavancagem, excedendo os requisitos fixados”, refere a CGD no comunicado enviado.