
Desde que um navio-tanque com 69.000 toneladas de GNL, oriundo de Corpus Christi, no Texas, chegou à província de Fujian, no sudeste da China, em 6 de fevereiro, não se registaram mais carregamentos entre os dois países, segundo uma análise do jornal Financial Times a dados do transporte marítimo.
Um segundo navio-tanque foi redirecionado para o Bangladesh, depois de não ter chegado ao destino, pouco antes de a China impor uma tarifa de 15% sobre o gás norte-americano, a 10 de fevereiro.
Desde então, as taxas alfandegárias aumentaram para 49%, tornando o GNL dos EUA economicamente inviável para os compradores chineses.
Durante o primeiro mandato do Presidente Donald Trump (2017--2021), as importações de GNL dos EUA pela China já tinham sido suspensas por mais de um ano, num período igualmente marcado por tensões comerciais entre os dois países.
O atual impasse poderá ter implicações de longo alcance, ao reforçar os laços energéticos entre Pequim e Moscovo e levantar dúvidas sobre a viabilidade da vasta expansão de terminais de GNL nos Estados Unidos e no México, projetos avaliados em milhares de milhões de dólares.
Desde a invasão da Ucrânia, a China tem importado apenas uma percentagem relativamente baixa do seu GNL dos EUA, com várias empresas chinesas a optarem por revender o gás para a Europa, aproveitando margens de lucro mais elevadas.
No ano passado, apenas 6% das importações chinesas de GNL tiveram origem nos Estados Unidos, contra um pico de 11% em 2021, segundo o Financial Times.
Empresas como a PetroChina e a Sinopec assinaram anteriormente 13 contratos de longo prazo com terminais norte-americanos, alguns dos quais com validade até 2049. Estes acordos foram fundamentais para viabilizar grandes projetos de GNL nos EUA.
Zhang Hanhui, embaixador da China em Moscovo, afirmou no início da semana que a China deverá aumentar as suas importações de GNL russo.
"Sei com certeza que há muitos compradores. Tantos estão a pedir à embaixada ajuda para estabelecer contactos com fornecedores russos, que penso que haverá definitivamente mais importações", afirmou o diplomata.
A Rússia é atualmente o terceiro maior fornecedor de GNL à China, a seguir à Austrália e ao Qatar. Os dois países estão também a negociar a construção de um novo gasoduto, o Poder da Sibéria 2.
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