A reunião da Comissão Nacional do PS terá dois pontos: a análise da situação política, em que António Costa fará uma intervenção aberta à presença dos jornalistas e a apresentação das linhas gerais do programa de comemorações dos 50 anos da fundação PS, aniversário que se assinala em abril.

No PS e no Governo, após meses de turbulência com substituições sucessivas no executivo, o objetivo político cimeiro é agora "virar a página e concentração nos desafios da governação".

Nesse sentido, na quinta-feira, o Governo fez aprovar uma resolução que institui um questionário de 36 perguntas a ser preenchido por quem estiver em vias de ser indigitado secretário de Estado ou ministro. Um questionário acompanhado da assinatura de um compromisso de honra que se destina (como salientou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva) a prevenir riscos, numa alusão a recentes nomeações de pessoas ou com casos judiciais, ou com um percurso profissional considerado incompatível com o exercício de funções governativas.

Em setembro, António Costa escolheu Miguel Alves para secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, mas o ex-presidente da Câmara de Caminha foi forçado a demitir-se em novembro, depois de confrontado publicamente com processos judiciais resultantes das suas atividades enquanto autarca.

Na última semana de dezembro, o Correio da Manhã noticiou que Alexandra Reis, então secretária de Estado do Tesouro, tinha recebido da TAP uma indemnização de meio milhão de euros para cessar as suas funções de administradora na empresa. Alexandra Reis demitiu-se e arrastou consigo o ministro Pedro Nuno Santos, que é considerado um dos potenciais candidatos à sucessão de António Costa na liderança do PS.

Várias vozes no Grupo Parlamentar do PS, como Alexandra Leitão, Marcos Perestrello ou Sérgio Sousa Pinto, criticaram a gestão que o Governo fez destes casos.

Hoje, o líder da corrente minoritária nos órgãos nacionais do PS, Daniel Adrião, vai criticar o secretário-geral do PS por ter transportado para o seu Governo a luta entre os seus potenciais sucessores. ~

Daniel Adrião considera também que há uma divergência de fundo entre Pedro Nuno Santos e António Costa desde 2019, quando o PS não renovou a assinatura de um acordo escrito com o Bloco de Esquerda, e que se tem acentuado "a governamentalização do partido".

A reunião da Comissão Nacional do PS vai realizar-se em Coimbra, num momento em que esta estrutura socialista atravessa uma crise de liderança, depois de esta semana o presidente da Federação, Nuno Moita, se ter demitido do cargo.

No passado dia 5, a revista Sábado avançou que Nuno Moita tinha sido condenado a quatro anos de cadeia (pena suspensa) por participação económica em negócio, mas não ficou impedido de continuar a exercer o cargo de presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova.

Já esta quarta-feira, Nuno Moita apresentou a demissão do lugar de líder da Federação de Coimbra do PS, alegando estar por esta via a "proteger, defender e salvaguardar a imagem do partido", após uma condenação judicial.

 

PMF // JPS

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