Os rendimentos operacionais dos CTT aumentaram 12,4% para 1,1 mil milhões de euros em 2024 face a 2023, mas o resultado líquido caiu 24% para 45,5 milhões de euros, menos 15 milhões de euros em termos homólogos, anunciaram esta quinta-feira os Correios de Portugal. Um recuo explicado em parte pela redução da subscrição da dívida pública, nomeadamente certificados de aforro e títulos de tesouro, que tinham batido recordes em 2023 e viram as regras mudar no ano passado, fazendo cair a procura a pique. Houve uma recuperação no quarto trimestre, mas não suficiente para repor a quebra inicial.

O ano de 2024, que a administração dos Correios, liderada por João Bento, consideram muito positivo, fica marcado por uma nova fase do negócio, com o segmento do Expresso e Encomendas a ultrapassar pela primeira vez o segmento postal na história de mais de 500 dos CTT. Um desempenho recorde, com o segmento do Expresso e Encomendas a gerar receitas de 479 milhões de euros (mais 40,6%), contra 453,5 milhões de euros dos correios e outros (3,9%).


Em 2026, a administração dos CTT admite que a maior parte da receita já não tenha origem em Portugal, mas em Espanha.

Os CTT vão distribuir em dividendos aos acionistas 17 cêntimos por ação relativo ao exercício de 2024, em linha com os valores de 2023. Os Correios tiveram no ano passado o segundo melhor desempenho da Euronext de Lisboa, atrás do BCP.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os CTT justificam "a evolução do resultado líquido consolidado foi influenciada pelo decréscimo do EBIT recorrente (-2,4 milhões de euros face a 2023) assim como pela evolução do imposto sobre o rendimento do período (+8,2 milhões de euros face a 2023)".

O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) subiu 5,5% para 160,3 milhões de euros.

Liderar a Península Ibérica

Em rota de crescimento, os CTT salienta o crescimento do segmento do Expresso e Encomendas, assumindo-se como um dos maiores operadores logísticos de comércio eletrónico na Península Ibérica, mercado que querem liderar e continuar a crescer em 2025 e 2025. A aquisição da espanhola Casesa e a parceria com a DHL fazem parte da estratégia de crescimento e liderança da empresa nos próximos anos.


A Cacesa, empresa cuja compra foi concluída este ano, dá aos CTT uma presença forte dento do mercado asiático, player relevante nos negócios de logística eletrónica. Os Correios têm 57 centros de disrbuição em Espanha. E a parceria estratégia com a DHL reforça a presença dos Correios na Península Ibérica. Focada em aumentar as sinergias da recente compra, os CTT estão também à procura de consolidação na área da logística. Têm músculo financeiro e estão pouco alavancados em dívida. Mas neste momento não há nenhum negócio em curso.


A administração dos CTT não espera um impacto significativo da crise política e das novas eleições na atividade da empresa. E também não antevê uma alteração dos hábitos de consumo dos clientes dos serviços de logística com a incerteza geoestratégica que assola o mundo.


Banco CTT em crescimento

Os rendimentos operacionais do Banco CTT subiram 1,1% em 2024, em termos homólogos, para 129,9 milhões de euros, um aumento de 1,4 milhões de euros. A margem financeira cifrou-se nos 98 milhões de euros, menos 0,8% homólogos.

O banco CTT tem estado a a crescer em ofertas e criar mais serviços para os clientes e é o banco retalho que mais cresce. E a administração considera que a parceria com a seguradora Generali está a ser muito produtiva.

"Excluindo o impacto do final da parceria do cartão Universo, o crescimento dos rendimentos operacionais teria sido 11,8%, com uma expansão da margem financeira de 13,3%", adiantam os CTT.

Os juros recebidos "aumentaram 44,3 milhões de euros face a igual período do ano anterior, beneficiando do crescimento dos volumes de negócio" e os "pagos aumentaram 45,1 milhões de euros face a igual período de 2023, devido ao aumento dos depósitos de clientes".