
O gosto pela tecnologia e pela programação herdou-o do irmão, a quem observava atentamente enquanto fazia os trabalhos de casa para as cadeiras de programação. Ainda estudante na licenciatura de Engenharia de Software, na Universidade do Minho, Ernesto Pedrosa começou a “copiá-lo” e a desenvolver software para as indústrias locais. Mais do que o financiamento que obtinha para os seus gastos pessoais, recorda a experiência acumulada e a satisfação de “ver acontecer”, crítica para alguém que se define como um “fazedor, alguém que gosta mais de construir tecnologia do que de utilizar tecnologia”, aponta.
Ernesto nunca saiu de Braga para dar escala a nenhum dos projetos em que esteve envolvido. Com um percurso de quase três décadas de carreira, é a partir da sua cidade académica, que lidera a Automaise, a tecnológica portuguesa especializada em soluções de inteligência artificial (IA) para automação de operações de apoio ao cliente que cofundou em 2017, com Carlos Oliveira, antigo secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, depois de um percurso construído em startups como a Mobicomp, a CardMobili ou a Angentifai, mas também em gigantes como a Microsoft.
Reconhece que "podemos criar produtos e projetos a partir de Braga, mas do ponto de vista do negócio, para quem quer trabalhar o segmento empresarial, Lisboa acaba por ser o sítio onde tem de se estar". Ainda assim, é em Braga que tem a sua base de trabalho e isso não o impediu de angariar, recentemente, cinco milhões de euros de investimento, numa ronda de série A liderada pela Oxy Capital, com a participação dos fundos Bright Pixel, Armilar e HCapital. Um montante que será usado para alavancar a presença internacional da empresa, reforçar o desenvolvimento de produto e ampliar a equipa.
Tem da liderança uma visão de serviço, que coloca o líder como mais um elemento da equipa: "não sou o líder que manda fazer. Gosto de estar envolvido e ser parte da solução", refere, assumindo-se um adepto da autonomia e responsabilização. "Não quero ter uma estrutura em que as pessoas, para dar um passo tenham de pedir licença. Isso atrasa muito a empresa". E garante que é fundamental “dar as pessoas a confiança para decidir. O pior que podemos fazer é esvaziar a sua confiança”.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: