Carlos Martins, que discursava durante a cerimónia de batismo do Navio Patrulha Oceânico (NPO) Setúbal, o segundo construído pela West Sea para a Marinha portuguesa, sublinhou que aquele contrato, assinado em 2015, dotou a empresa de "experiência e conhecimento necessários para já estar a apresentar propostas comerciais para a construção de navios semelhantes para outros países".
"Queremos continuar a criar riqueza para quem aqui trabalha, para a região e para o país. Este estaleiro voltou a ser uma referência mundial nesta indústria", referiu Carlos Martins durante a cerimónia presidida pelo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.
Carlos Martins adiantou que a construção dos dois NPO "ajudou a fazer nascer a capacidade de construir navios em Portugal".
"Fomos competentes pela qualidade do projeto e da construção, pelo cumprimento de todos os prazos, do orçamento contratualizado e de todos os requisitos e especificações da Marinha. A construção naval aqui representada neste estaleiro está viva, forte e capaz. Por isso, estamos a trabalhar para podermos ser contemplados com mais contratos como este", referiu.
Dirigindo-se ao ministro da Defesa, Carlos Martins disse que a West Sea "está pronta para aceitar novos desafios que entendam confiar-lhe", referindo-se à nova Lei de Programação Militar, atualmente em discussão na Assembleia da República. Em novembro de 2018, o Conselho de Ministros aprovou a proposta de Lei de Programação Militar (LPM) para o período 2019/2030, que prevê um investimento de 4,74 mil milhões de euros.
"Este consórcio está preparado para assumir compromissos e estar à altura de tão grandes desafios", apontou.
Carlos Martins realçou que desde 2014, ano em que o grupo Martifer assumiu a subconcessão daqueles estaleiros navais, "já foram reparados mais de 200 navios, construídos 16, estando outros seis em construção".
"Mais importante que isso estes estaleiros têm hoje cerca de 1.200 trabalhadores", frisou.
No final da cerimónia, questionado pelos jornalistas, o ministro da Defesa disse poder "adivinhar" que os seis novos Navio Patrulha Oceânico (NPO), previstos na Lei de Programação Militar, serão construídos nos estaleiros de Viana do Castelo, num investimento de 360 milhões de euros.
"Ainda não se sabe, mas podemos adivinhar. Ainda estamos, primeiro, no processo de aprovação da Lei de Programação Militar. Uma vez tendo essa aprovação na Assembleia da República, será o momento de falarmos com os estaleiros, mas é evidente que Viana do Castelo oferece condições excecionais. É evidente que queremos que sejam feitos em Portugal e, portanto, como digo, podemos adivinhar", afirmou João Gomes Cravinho.
O ministro referiu que o Governo "não permitirá que esta oportunidade e este investimento saiam de Portugal".
"Primeiro, haverá negociações com os estaleiros. Obviamente temos de acautelar seja os interesses da economia nacional, seja as disponibilidades financeiras da Marinha. Há sempre aqui um trabalho a fazer e, portanto, não me posso comprometer até termos contratos assinados. Agora não vamos permitir, espero bem, que esta oportunidade e este investimento saiam de Portugal. Será, com certeza, um investimento feito em Portugal, para Portugal", reforçou.
Segundo João Gomes Cravinho o período temporal de construção dos navios será de seis anos, "a uma cadência de um por ano", num investimento 360 milhões de euros.
O governante disse ainda esperar que o Navio Polivalente Logístico, também previsto na nova Lei de Programação Militar, também venha a ser construído pelos estaleiros da West Sea, em Viana do Castelo, apesar de considerar tratar-se de uma "matéria mais complexa".
"É uma experiência que ainda não existe em Portugal e vai depender das especificações que foram feitas para o Navio Polivalente Logístico. Mas, a minha esperança é que toda a Lei de Programação Militar incluindo, obviamente, esse investimento tenha uma grande repercussão positiva para a economia nacional", referiu.
O NPO Setúbal, hoje batizado, é o quarto da classe [do navio] Viana do Castelo, todos construídos em Portugal, juntando-se assim ao Viana do Castelo, Figueira da Foz e Sines. Estes navios vêm substituir as corvetas da Marinha com mais de 45 anos.
O navio é comandado pelo comandante Rui Zambujo Madeira, mergulhador de especialização, com 42 anos e natural de Lisboa, que ingressou na Marinha em 1994.
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